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Não preciso dizer que passei um final de semana inteiro me corroendo de ansiedade, graças ao nervosismo quase tive uma crise de ansiedade mas Demetria conseguiu intervir antes que tudo piorasse. A garota me ajudou a treinar bastante para minha entrevista de emprego, ela também avaliou todos os looks que montei e contrariou todos as minhas reclamações para as roupas escolhidas.

Hoje ela acordou primeiro que eu, preparou um café especial e o levou na cama para mim, ela também acordou as meninas e as arrumou para que fossem pra casa de Dianna. As aulas das garotas ainda não tinham retornado, então estavam passando o dia todo comigo e como eu tenho a entrevista, minha namorada decidiu deixá-las com minha sogra.

Arrumo pela quinta vez a blusa de cetim em meu corpo, verificando se as mangas estão devidamente abotoadas e se o decote não está tão grande assim. Após eu mesma menosprezar todos os looks que montei, Demetria decidiu que escolheria a minha roupa para hoje e que não pediria minha opinião para nada, já que eu tinha a irritado levemente com o meu nervosismo e com as minhas reclamações.

— Essa roupa ficou perfeita em você, pensei que a minha blusa ia ficar muito larga mas está ótima. — Olho para menina sorrindo. — Venha, deixe eu dobrar um pouco as mangas.

— Acha que vou conseguir?

— Eu tenho certeza de que sim, você é ótima no que faz e sei que vai se sair muito bem na entrevista.

— Jura?

— Juro amor. Vou te deixar na entrevista e ir para o trabalho, qualquer coisa pode me ligar. Estarei com o celular por perto e irei atender qualquer ligação sua.

— Obrigada amor.

Demétria deixou um demorado selinho em meus lábios para não borrar a leve maquiagem que eu estava usando, observo uma última vez o meu reflexo no espelho e admiro a calça de alfaiataria preta que Demi tinha me dado de presente, pego a bolsa preta da minha namorada e a acompanho até o carro. Sinto-me levemente envergonhada ao receber os elogios das meninas, durante todo o caminho tentei relaxar para que a entrevista fosse um sucesso, ao chegar recebi palavras positivas das meninas e de minha namorada.

Ao entrar no prédio a recepcionista fez um passe para que eu pudesse passar pela catraca, senti o nervosismo me domar até o andar onde aconteceria a minha entrevista. A secretária me informou que quem iria me entrevistar seria a dona do escritório, a chefe, e eu senti meu nervosismo piorar ao saber disso. Assim que meu nome foi chamado, eu adentrei a sala sentindo meu sangue gelar e toda coragem que eu tinha ir embora.

— Bom dia, Srta... — Ela olhou o meu currículo. — Srta Gomez. — Observo a mulher baixinha de olhos castanhos.

— Bom dia. — Ela sorriu e me indicou o local onde eu deveria me sentar.

— Vamos começar? — Afirmo.

A mulher me fez algumas perguntas que respondi o mais natural que minha ansiedade permitiu, em minha cabeça eu estava me saindo muito bem, em minha percepção está tudo indo bem até a pergunta que me pegou de surpresa e com isso engatilhou a minha ansiedade.

— A Srta está bem? — Afirmo nervosamente a cabeça e acabo apertando uma mão na outro. — Certo, por que deixou o seu último emprego? Vejo que trabalhava em outra empresa.

Engulo a seco ao me recordar do real motivo de ter deixado o meu emprego, de repente respirar se tornou uma tarefa difícil, como se o ar fosse rarefeito e complicasse o ato simples. Eu estava preparada para todas as perguntas que pudessem ser feitas, menos para essa. Guio o meu olhar para minhas mãos, as unhas estavam cravadas rudemente em minha pele deixando marcas e até alguns pontinhos pequenos de sangue, vejo a primeira lágrima pingar em minha mão e me sinto impotente, incapaz de conseguir prosseguir com a entrevista.

Ballerina - SemiOnde histórias criam vida. Descubra agora