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Os últimos dias tem sido uma loucura, Demi tem vivido no hospital e só sai de lá quando sua mãe a obriga, então ela vem correndo para minha casa e desaba. Depois que Íris acordou notamos que ela estava bem dispersa, a médica achou que era normal por causa da anestesia, mas a falta de concentração da menina continuou e aí foi listada a primeira sequela do rompimento do aneurisma.

Mas para nossa preocupação não parou aí, alguns dias após a cirurgia a menina voltou a ter muita dor de cabeça, a vomitar e dessa vez teve uma convulsão. A médica nos contou que Íris teve um ressangramento e teve que ser levada para cirurgia outra vez. Dianna cancelou a viagem para França, não queríamos correr o risco de viajar com Íris agora e a família de Demi compreendeu a decisão da mulher.

Hoje é mais um daqueles dias em que minha namorada fica afundada na minha cama, chorando e questionando o motivo de tudo isso estar acontecendo. Acaricio os fios escuros atraindo o olhar triste dela para mim, deixo um carinhoso beijo em seus lábios e abro um pequeno sorriso.

— As vezes passamos por provas para que nos tornemos fortes, a sua prova chegou e você precisa ser forte, assim como a nossa filha está sendo. — Ela formou um bico com os lábios. — Vocês não estão sozinhas, nunca estarão, vamos todas lutar juntas.

— Eu não sei o que seria de mim sem você, sem a Erin. — Murmurou com a voz embargada.

— Descansa um pouco, amor. Eu vou fazer o nosso almoço e pedir para Erin ficar com você.

— Não demora, por favor.

Deixei um demorado beijo na cabeça da minha namorada manhosa, fui para sala encontrando minha filha vendo desenho, ela estava abraçada ao elefante de pelúcia da Íris. Pedi para Erin ir para o quarto ficar com a Demi, fui para cozinha e comecei a preparar uma lasanha, era o que animava um pouco a minha namorada. Estava colocando a lasanha no forno quando ouvi a campainha tocar, amarrei o robe de seda e fui atender a porta, me surpreendi ao encontrar dois homens parados a minha porta.

— Pois não?

— Selena? — O sotaque francês foi forte.

— Sim, quem são? — Perguntei suspeitando.

— Me chamo Patrick Lovato, esse é o meu pai Frank, Dianna disse que Dev estaria aqui. — Sorrio sem graça por atender meu sogro e o avô da minha namorada de robe. Mas antes de robe do que só de blusa e calcinha.

— Ah sim, entrem. Ela está deitada com Erin, vou chamá-la.

Deixei os dois homens entrar e fechei a porta, após pedir para os dois se sentirem a vontade, fui para o meu quarto e sorri com a cena que vi. Demetria estava deitada com a cabeça nas coxas de Erin, minha filha fazia carinho nos cabelos da mãe e cantava uma música para mesma, Demi tinha um sorriso bobo nos lábios.

— Querida, você tem visita. — Ela me olhou confusa, enquanto eu colocava um short.

— Não estou esperando ninguém, aliás ninguém tem o seu endereço. Só a minha mãe. — Sorri.

— Aconselho você a colocar um short também.

Demetria se levantou ainda confusa, seguindo a minha sugestão a garota colocou um short, também lavou o rosto para tentar limpar os vestígios de seu choro e juntas fomos para sala. A garota parou de andar assim que identificou as pessoas paradas na minha sala.

— Papai! — A garota correu para o braço dos pais e pulou no colo do mesmo, Erin segurou na minha blusa e eu a peguei no colo. — Papai, eu...

— Eu sei, querida. — A voz terna do homem me fez sorrir, dava para ver que ele amava Demi. Patrick colocou a filha no chão e segurou o rosto dela com as duas mãos. — Sua mãe nos contou tudo, todos os dias ela nos mandava notícias e quando falou da segunda cirurgia, decidi que viria ficar com a minha filha.

— Eu estou com tanto medo... — A voz de choro me causou um aperto no peito. — Se ela não...

— Ela vai conseguir. Íris é forte, ela é uma Lovato! — Disse fazendo minha namorada sorrir, Demi olhou para o avô.

— Oi vovô! — Murmurou se agarrando ao homem mais velho. Para avô de Demi, até que Frank estava em boa forma. Acredito que tenha sido pai jovem demais e Patrick também.

— Oi ma petite! — A garota se afundou no abraço do avô. — Nossa garotinha é forte como a mãe. — Garantiu.

— Eu quero apresentar vocês a mon trésor. — Ela me olhou, me aproximei junto com Erin. — Essa é Selena, minha namorada.

— Olá. — Saudei envergonhada.

— Olá Selena. É um prazer finalmente te conhecer. — Patrick disse simpático, fiquei ainda mais envergonhada.

— Uma bela jovem, querida. Você tirou a sorte grande, ma petite. — Frank falou sorrindo.

— Essa é Erin, ma princesse. — Demi apresentou nossa filha.

Deixei Erin no chão para que cumprimentasse o pai de Demi e o avô, pedi licença a todos para ir verificar a comida no forno, aproveitei para colocar a mesa e preparar um suco natural. Quando o almoço foi servido, corar foi inevitável já que recebi elogios a respeito da minha comida e também da educação da minha filha. Demi tinha contado que Erin era minha filha biológica, mas que a garotinha tinha a adotado como mãe assim como Íris fez comigo.

— Nos conte sobre como conheceu a petite. — Minha namorada sorriu contente pela primeira vez em dias.

— C'était un coup de foudre. Quando eu vi Íris soube que era pra ela ser minha filha.

Demetria contou sobre o dia em que conheceu Íris, Erin ficou a todo momento em seu colo, era onde minha filha mais estava ficando desde a internação de Íris. A morena tentou colocar em palavras todo sentimento que tinha pela filha, tudo o que sentiu quando a conheceu e quando conseguiu a guarda da menina. Por insistência da garota fomos todos para casa de sua mãe, Demi acomodou seu pai e seu avô nos quartos e fomos para o que usávamos.

Os dois homens demonstravam ansiedade para conhecer Íris, mas optaram por deixar para o dia seguinte porque estavam cansados da viagem. Minha namorada estava mais animada por causa da chegada de seu pai e avó, seus sorrisos eram sinceros. Observo a garota dançando no quarto sem sapatilha, sem roupa de ballet, ela só estava dançando livremente e dando piruetas. Há dias eu não vejo Demi assim, não a vejo tão feliz com algo e positiva.

— Acho que devo agradecer ao meu sogro por ter vindo. — Ela me olhou e sorriu, Demi rapidamente se aproximou.

— Eu gosto disso, desse efeito que a presença do meu pai me causa quando estamos longe dos meus irmãos. — Sorriu. — Ele tem liberdade para me tratar do jeito que gosta, eu também tenho liberdade para ser a garotinha dele.

— Fico feliz por está bem agora, amor. — Falei sincera. — Essa visita repentina lhe fez muito bem.

— Não foi só a visita que me fez bem, mas os seus cuidados também. — Sorri. — Obrigada por não soltar a minha mão em nenhum momento.

— Eu jamais soltaria a sua mão, meu amor. E nem vou soltar, estamos juntas e vamos enfrentar tudo juntas.

Ballerina - SemiOnde histórias criam vida. Descubra agora