Conto - O Policial - Parte 4

952 112 12
                                    

15

Temos nos falado diariamente, um hábito que cresceu aos poucos. É muito bom ter alguém para conversar sobre qualquer coisa, Ben não coloca limites nos assuntos. Vamos de falar sobre o tempo até com quantos anos demos o primeiro beijo. Ele é precoce, beijou com 13 anos, eu aos 16 anos. Minha mãe sempre foi muito rígida, a frase favorita dela era: "Eu não vou criar netos". E até hoje não criou, minha irmã tem dois filhos e meu irmão ainda não deu esse passo. Foi a maneira dela de nos fazer manter o foco na construção de um futuro.

O Sr. Moretti ainda não respondeu meu pedido de reunião. Estou trabalhando na próxima edição, mas quero resposta. Soube que Val voltou a LA, porém não deu as caras na redação.

Tivemos a audiência de Gina, acho que fui bem. Não falei nada que possa comprometer a estadia dela. A última coisa que quero é prejudicar minha amiga. Hoje vou sair com o policial novamente, vamos ao local que escolhi.

- Como estou? – Questionou.

A camisa ficou perfeita, a estampa floral com misturas de tons alaranjados suaves e verde com fundo off-white se assentou com a pele bronzeada dele.

- Lindo. – Meu tom verdadeiro.

- Obrigado, mas linda é você. – Ben se aproximou, sua mão foi parar na minha. – Tão graciosa e delicada.

Meu vestido é azul, também com estampa floral.

A festa é em um bar à beira da praia. Uma espécie de luau elaborado. O fim de tarde proporciona uma iluminação natural incrível. O evento está animado, pessoas dançando, brindando e se divertindo. As inúmeras camisas floridas tão o toque tropical, em combinação com os coloridos drinks de frutas.

- Chegaram! – Gina se animou.

- Oi! Se lembra de Ben, não é?

Que pergunta tola.

- Sim! Olá, capitão Porter. – Disse ela, disfarçando o que me mandou fazer com ele ainda essa manhã.

- Olá, por favor, me chame Ben. – Ele estendeu a mão para ela.

- Muito bem, me chame de Gina. – Seu tom alegre, alguém a chamou. – Preciso ir, mas espero que aproveitem.

Assenti. Gina trabalha como organizadora de eventos, uma jornada dupla, para conseguir arcar com os custos do advogado.

Fomos até o bar, para pedir algumas bebidas. Ben preferiu tequila, eu optei por um coquetel suave. Não quero exagerar. Encontramos um espaço mais calma, longe da pista de dança e do bar. Nos sentamos de frente para praia, é possível ouvir o som das ondas e meio a música.

- Vocês aparentam ser boas amigas. – Ele comentou, vendo Gina andar receber mais um grupo de convidados.

- Sim há cincos anos, nos conhecemos na redação da revista. – Respondi, provando a bebida. – Nos demos bem logo de cara, conviver com Gina é uma festa.

- Ela parece ser bastante espirituosa. – Ele bebericou a tequila. – Diga-me, você sabe dançar salsa?

Seu olhar intrigado.

- Não! Sou uma péssima dançarina. – Olhei para ele. – Você sabe?

- Um pouquinho, tenho amigos na comunidade latina. – Impressionante.

- Alguma namorada, talvez? – Tentei soar divertida.

- Sim, eu namorei uma mulher latina. – Ben respondeu tranquilo. – Ainda somos amigos.

- Que bom. – Bebi.

- Nos separamos, mas não há razão para inimizade.

- Com nenhuma de suas ex-namoradas?

Coletânea Fardados - ContosOnde histórias criam vida. Descubra agora