Conto - Soldado - Parte 2

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LARA

Chegamos ao povoado. Muita destruição, casas foram abandonadas e vidas inteiras deixadas para trás em busca de se salvar. O que restou do complexo médico, é um amontoado de objetos quebrados e queimados, rodeado por marcas de tiro e sangue. Uma cena chocante, entristecedora e revoltante.

- Chris e Harry, mantenha vigilância na via de acesso. – O capitão instruiu seus companheiros de equipe. – Pope e Grant, vasculhem esse local, alguma informação pode ter sido deixada para trás. Tyler, comunique a base sobre nosso status.

- Sim, senhor. – Disse soldado.

Cada um deles partiu para cumprir sua tarefa.

- Doutora, vou acompanhá-la até o ambulatório. – Falou, se colocando à minha frente e caminhando.

O segui sem dizer nada, é padrão que lidere.

Sam, nos anunciou e entrou primeiro na sala que o médico improvisou como ambulatório.

- Dr. Roy, sou o cap. Miller, e esta é a dra. Miller. – Saí de trás do Sam. – Viemos com a missão de resgatá-los.

- Finalmente, estamos em péssimas condições aqui. – Falou ele agitado.

- Dr. Roy, viemos o mais rápido possível. – Disse eu.

- A ajuda de vocês é essencial. – Assim que concluiu a frase, o médico ficando pálido.

- Hora de sentar doutor, deixe-me examinar você. – Sam, puxou a cadeira e ajudou o médico a se sentar. – Tem esse ferimento na cabeça e quantos outros?

Ele está muito machucado, pequenos cortes espalhados pelo rosto e braços. Sinal de que foi atingido por estilhaços de algo, vidro ou detritos de explosivo.

Calcei as luvas e abri minha maleta do kit médico, apanhando meu estetoscópio.

- Um corte na perna e sinto muita dor abaixo dos rins. Houve uma explosão, fui arremessado contra a parede. – Disse dolorido.

Acertei, o que me leva ao diagnóstico que o exame clínico ajudará a ter uma melhor visão.

- Doutor, sabe algo sobre os homens que o atacaram? – Sam, o questionou.

Continuei o exame, levantando a camiseta do médico. Droga, aquela contusão está com um aspecto terrível.

- São de uma milícia local, eles não querem tropas estrangeiras no país. – Ele retesou o corpo, assim que toquei na lesão próxima aos rins. – Soube que os ataques são uma tentativa de retirar vocês daqui.

Auscultei os batimentos dele, segurando o pulso para acompanhar o ritmo. Está fraco, o que pode ser sinal para diversas complicações. Os cortes na cabeça e perna não são profundos. Mas o hematoma em tom vermelho escuro, abaixo dos rins preocupa, pode haver uma pequena hemorragia. Precisaria de um exame de imagem, um simples ultrassom poderia ajudar a comprovar, porém vi o aparelho destruído no corredor. Chegando ao hospital, vou solicitar uma tomografia computadorizada ou ressonância magnética.

- Vamos lá doutor, eu preciso de mais que isso. – O capitão está sério. – Entre os pacientes, há alguém com quem possamos conversar?

- Não! Eles são vítimas. – O homem se exaltou. – Não tente interrogá-los, estão aterrorizados!

Os pacientes estão atrás da cortina, onde ele improvisou camas, equipo para soro e medicação. Pelo olhar de Sam, sei que ele irá pressionar outra vez, melhor intervir.

- Capitão, por favor, pode nos dê licença. – Usei um tom polido. – Vou finalizar com o doutor e depois os pacientes.

Ele olhou para mim com aquela ruga no meio da testa, que é habitual de quando está cheio de suspeitas.

Coletânea Fardados - ContosOnde histórias criam vida. Descubra agora