Conto - O Bombeiro - Parte 3

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1

Fui a agência de emprego, eles têm muitas colocações, mas assim que menciono que não tenho total disponibilidade de horário sou descartada. Não vou mentir e assumir algo que não posso cumprir. Peter precisa de pais presentes, pelo menos um deles. Desistir não é uma opção. Preciso encontrar um novo trabalho ou vou pedir ajuda a Barry. Na verdade, eu tenho a minha parcela na partilha dos bens, mas ele continua enrolando para finalizar o divórcio.

Passei na confeitaria, para comprar a torta preferida do meu garoto. Achei estranho as pessoas paradas na porta.

- O que aconteceu? – Perguntei a um senhor.

- Eles estão fechando, o dono decidiu colocar o negócio à venda.

- Poxa, mas é um sucesso.

- Pois é, ninguém entendeu. – Ele comentou.

Me afastei, Peter terá que escolher um novo prato favorito.

2

Descendo a rua, passei diante da quadra de basquete do bairro. Têm um grupo jogando, entre eles um conhecido. O bombeiro Ryan, meu vizinho. Desacelerei o passo para olhar com mais detalhes, ele está em forma. Corre e salta com muita facilidade, a camisa regata revela os braços fortes. Homens como ele são do tipo que mulheres como eu só vê nas séries e filmes. Barry foi meu único por anos, digamos que manter a boa forma não é do interesse dele. Mas tudo isso é superficial, o que importa mesmo é ser um cara do bem.

No entanto, se vier com um tanquinho e braços fortes, eu não sou tola para recusar.

- Nossa! – Gritei, quando a bola atingiu a grade.

Que vergonha, fui flagrada olhando por todos eles.

- Está bem moça? – Questionou o homem que estava mais perto.

- Sim, eu estava passando e foi um susto. – Lá vem Ryan.

- Viola, você se machucou? – Seu tom gentil.

- Foi só o susto. – Senti vontade de correr. – Eu estou bem e vou indo, bom jogo para vocês.

Continue a andar. Ouvi alguém vindo atrás de mim.

- Espere, vizinha! – Ryan me alcançou.

- O jogo acabou? – Ele está me acompanhando.

- Para mim, com certeza. – Falou alegre. – Gosta de basquete?

- Se gosto? Eu adoro o meu Celtics. – Falei.

- Tenho ingressos, para a próxima partida. – O fitei surpresa. – Quer ir comigo?

Sempre conversamos quando nos cruzamos pelo corredor, sei que ele me olha de maneira diferente, contudo eu não esperava por isso. O homem é rápido e sem rodeios.

- Eu adoraria, mas sabe que tenho um pequeno colega de apartamento. – Não é mentira, senti vontade de aceitar.

- Sim, o que gosta de sirenes. – Ryan sorriu. – Ouça, o convite fica feito, sem forçar. Mas seria um prazer tê-la comigo.

- Se eu conseguir uma companhia para ele, que não seja bicho de pelúcia, aceito seu convite. – Garanti.

- Combinado, Viola. – Ele deu um breve sorriso ao dizer meu nome.

Fiquei um pouco embaraçada, até parece que sou uma garota diante do atleta do time do colégio, credo!

- Ei, você perdeu aquela jogada antes do ponto adversário. – Comentei, para disfarçar o clima.

Coletânea Fardados - ContosOnde histórias criam vida. Descubra agora