O teto encantado brilhava, transparente, mostrando o céu salpicado de estrelas pela pouca poluição luminosa do local.Centenas de velas acesas em chamas alaranjadas enfeitavam o grande salão, flutuando sobre as quatro mesas longas que haviam ali, dando um ar mágico aos rostos excitados dos alunos eufóricos com a volta às aulas. Todo dia primeiro de Setembro era assim. Fazia parte de Hogwarts. As vozes animadas atropelando umas às outras; os professores bebendo cerveja amanteigada enquanto insistiam em dizer que era suco de abóbora; os candelabros encantados enfeitando o cômodo enorme, atraindo a atenção dos jovens que ainda estavam em seu segundo ano... certas coisas eram imutáveis. Mesmo que os anos passassem, haviam hábitos que não se substituíam. Jamais. Embora o tempo corresse, ainda sim, os fantasmas permaneceriam, a ansiedade dos primeiranistas permaneceria, a rixa entre as casas em busca da taça ao final do trimestre permaneceria.
O banquete ainda não havia sido iniciado. Havia uma ansiedade latente em cada aluno, que aguardava desinquieto a apresentação da nova "demanda" de diabretes - como a diretora apelidava os primeiranistas excitados com o mundo novo que a escola de magia apresentava. A maioria, se remexia no próprio lugar, mudando constantemente de posição nos bancos longos de madeira; a conversa paralela se estendia, e o sorriso pela felicidade intensa de reverem os antigos amigos eram inspiradores. Isso, exceto por duas pessoas.
Ah... Eles não se abalavam - pelo menos não com o jantar e toda comoção de boas vindas ao ano letivo. Eram inalcançáveis demais para isso. Impermeáveis ao exterior. A única coisa que podia penetrar nos muros altos que eles mesmos construíram em volta de si, era um ao outro.
Sasuke tinha o tronco curvo para frente; entrelaçava os próprios dedos em frente ao rosto, tapando sua boca que ocultava um riso torto de lado. Vestia-se impecavelmente; a capa caía esticada pelo corpo grande, sem um mínimo amarrotar, ostentando orgulhosamente as cores verde e prata de sua casa, juntamente com o negro do manto de Hogwarts. Ainda que falassem com ele, e tentassem roubar sua atenção, o Sonserino não seria capaz de concedê-la a qualquer outra pessoa. Estava jogando. E ah... jogar com ela era muito mais interessante do que ouvir qualquer coisa dos prepotentes metidos de sua própria casa - não que ele fosse diferente. Assumia sua hipocrisia.
Os olhos negros estavam mirados na íris verde-esmeralda que o encarava fixamente, deixando explícito para quem quer que fosse, que ele era o dono de sua atenção. Diferente de Sasuke, ela se sentava ereta, e suas pernas se cruzavam como uma lady pela fenda da capa do uniforme. Ele apreciava o quanto ela exalava poder; ainda se lembrava como a rixa entre os dois havia começado quando disse, com todas as palavras, que ela deveria ter sido escolhida para Sonserina por ser tão incrível.
Sakura ignorou a parte do elogio.
Sasuke ainda se recordava do modo que ela o encarou indignada, e profundamente ofendida, com sua insinuação de que não houvesse de fato, caído na casa certa.
Eles haviam se dado bem no começo. O expresso de Hogwarts partiu lotado da estação de King's Cross, e como os primeiros vagões foram ocupados com os veteranos, os dois se viram obrigados a seguirem até o fim do trem antigo, se apertando em uma cabine menor comparada às outras. Tudo que tiveram até chegarem as propriedades do castelo, foi a companhia um do outro.
Não trocaram sobrenomes. Este havia sido o erro da prematura amizade, e por isso, fora facilmente quebrada - se é que poderia ser definido deste modo. Certamente, se Sasuke soubesse que depois do nome "Sakura" havia um pomposo Haruno, ele jamais teria dito algo como aquilo. Ela era uma descendente de Rowena; ofendeu - ainda que sem querer -, alguém que tinha o sangue da própria Corvinal nas veias.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Corvus l SASUSAKU
FanfictionA rivalidade entre Sonserina e Corvinal era antiga; Sasuke e Sakura sabiam disso, e abraçavam suas linhagens, continuando os desentendimentos de seus antepassados. Em Hogwarts, todos sabiam que eles não se davam bem. Tinham uma implicância genuína...