VII

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Embora fosse obrigado a acreditar em magia por viver com ela e toda sua grandiosidade cruel e bela, Sasuke não estendia essa crença quando o assunto eram milagres. Milagres eram diferentes de mágica. Milagres eram lenda: tinham caráter maravilhoso e disseminavam mentiras doces de ouvir, doces como o mel dourado que as fadas faziam em seus ninhos no alto das árvores durante a primavera, doces como poemas cantados por bruxas gregas.

Doces do jeito que Sakura havia o beijado na noite anterior.

Doces como sua boca respondona o incitava e o instigava.

Por isso, por culpa da falta de crença a milagres, ele, como Sonserino cético que sempre fora, não acreditou no que seus próprios olhos captaram após sair sorridente de sua sala comunal: Sakura esperando-o com uma expressão ansiosa e envergonhada, escorada numa parede úmida manchada de mofo próxima ao topo, aparentemente entediada enquanto encarava o teto alto das masmorras.

Quase pensou que fosse uma miragem; uma peça pregada por sua mente apaixonada e pouco inteligente, mas não era. Não era! Sakura sorriu quando o viu apontar no corredor.

Não foi um sorriso grande, cheio de dentes e expectativas, mas algo contido, malicioso, desafiador tanto quanto seu olhar felino e sua postura soberana, quase real, tão digna quanto seu próprio sobrenome grandioso e seu sangue mágico importante.

Não conseguiu controlar sua pulsação ou as reações humanas do seu corpo que reagiu nervosamente por ser avaliado por ela. Não encontrou forças para velar sua euforia, sua surpresa e realização por vê-la ali.

Parte de Sasuke ainda dizia-o que a noite anterior foi um delírio seu. Que os beijos trocados com Sakura naquela madrugada serena não passou de um sonho tolo.

Sem conseguir conter suas reações quando próximo dela, sorriu, e em meio ao sorriso, quando chegou bem perto, disse:

- Não sei se mereço tanto.

Sakura mordeu o lábio inferior, divertida, diferente de sua pose de sempre. Sasuke não pôde resistir a deslizar suas mãos direto para a cintura dela, esgueirando-se por dentro da capa que sempre usava, descendo a palma até o quadril e trazendo-a mais em sua direção.

- Acho que merece - ela deixou-se ser apertada contra o corpo do bruxo, que não impediu a si mesmo de sorrir quando Sakura contornou seu maxilar com a ponta do nariz apenas para senti-lo arrepiar. - Só não tenho aqui comigo nenhum tipo de presente feito por duendes. Sabe, dizem que dá sorte.

- Sabe o que mais dá sorte?

- Hum? - Ronronou, acariciando com as unhas a nuca de Sasuke, que respirou mais profundamente, esfregando sua bochecha contra a dela só para apreciar mais do aconchego macio que ela trazia.

- Beijos quentes de bom dia. - Sussurrou ao mesmo tempo em que enterrava os dedos naqueles cabelos selvagens e ondulados, avançando contra a pequena boca macia e desejável de Sakura que, diante de toda necessidade do bruxo, pôde apenas correspondê-lo.

Sasuke mal encostou seus lábios nos dela. Ele usou a língua; aquela língua suave e molhada e safada, aquela língua perversa que irritava a jovem bruxa corvina e ao mesmo tempo a fascinava.

Ainda era cedo, muito cedo. A maioria dos alunos estava no grande salão, comendo alguma coisa para se prepararem para as aulas, ansiosos por culpa do jogo de quadribol que aconteceria próximo ao crepúsculo. Sasuke não se sentia tão diferente, estava cheio de expectativas. A diferença, é que ele tinha algo capaz de acalmá-lo, algo que quando próximo, proibia-o de pensar em qualquer outra coisa que não fosse ela: Sakura. Por esse motivo, a fim de afogar-se naquele beijo sufocante, prensou-a na parede pouco atrás dela, descendo suas mãos espertas pelo corpo quente, bem menor que o seu. Por cima da saia, desejando estar dentro, encheu suas mãos com a carne firme da bunda de Sakura, como se descontasse nela todo o tempo que passou sem poder fazer nada daquilo.

Corvus l SASUSAKUOnde histórias criam vida. Descubra agora