II

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Só passando pra dizer que estou morrendo de sdd de quem me lia no Spirit :(

Boa leitura!

***

Pela primeira vez dentre todas as reuniões secretas que já haviam feito, tinham música.

O lugar que antes escolhiam para que acontecessem as boas vindas sempre era exposto e silencioso demais para tal. Contentavam-se com bem menos que isso, colocando uma antiga – e nada potente – vitrola disfarçada de maleta para rodar um disco qualquer em baixa altura. Tinham que manter a descrição se quisessem continuar com as escapadas furtivas na primeira madrugada do ano letivo.

Um rock cru e potente, semelhante ao de garagem, energético e bruto, tocava alto, com luzes cintilantes em volta das caixas de som na exata cor das quatro casas, imitando a frequência, estourando entre maior e menor quantidade conforme a música soava.

Não havia bancos; a sala não julgou necessário. Sasuke estava encostado em uma das paredes revestidas por espelhos manchados que cobriam todo cômodo. Em uma das mãos, segurava um copo vistoso, largo e baixo de cristal, com uma serpente enfeitiçada que se remexia no material, expondo com orgulho o símbolo de sua casa, que casava com seu porte soberbo e imodesto. Os olhos negros avaliavam de cima o local. Ele girava o recipiente entre os dedos, sentindo o tilintar das pedras de gelo.

Sasuke estava aguardando; o motivo para tal se encontrava profundamente trancafiado em seu ser, longe de qualquer pessoa que o questionasse o porquê de esperar plantado em frente a porta de entrada como um guarda-fantasma enquanto a festa acontecia. Consistia em um desejo profundo, intenso, arrebatador e proibido a ele. Não que fosse errado, mas ambicionar algo como ela, lhe feria o orgulho de forma exagerada, e orgulho era uma virtude para Sasuke, se exibia a partir dele, se sentia realizado em tê-lo. Não abriria mão de sua opinião sobre si mesmo, não abriria mão dessa satisfação, e, infelizmente, tê-la exigia que o fizesse.

Não havia como se dar bem com seu ego e com a bruxa irritante que se alastrava como erva-daninha em seus pensamentos. Ela gostava de estar por cima, como manteria seu orgulho estando por baixo?

Ainda que ansiasse pela Corvina metida como se anseia um presente de Natal aos seis anos de idade ou a compra de sua primeira varinha aos onze, Sasuke encontrava-se incapaz de realizar esse furioso desejo que crescia latente em seu interior, sendo contido por um terço "sensato" seu, que negava de todo modo a submissão e aceitação de derrota que teria de ser capaz de engolir caso escolhesse ela.

Maldita! Pensava. Sakura era uma maldita.

Não verbalizou tal palavra; ela estava em cárcere assim como sua vontade errada, insana e crescente que tomava proporções assustadoras a cada dia, contaminando com obsessão sua alma – que já era suficientemente escura.

Ridiculamente sorriu quando a porta para sala vai-e-vem se abriu, e graciosamente desfilou a dona dos seus pensamentos.

Sim, dona. É isso que Sakura era. Não havia espaço para qualquer outra coisa que não fosse ela. Ainda que negasse, era um adestrado, um elfo doméstico que servia de entretenimento para o sadismo dela. O pior, é que ele gostava. Não só era conivente com cada uma de suas atitudes, como também a procurava para que a mesma pudesse destilar seu veneno doce sobre ele. Fodido masoquista. Embora vestisse uma firme armadura em volta de si mesmo e de seus sentimentos – atitude esta que Sakura também tinha –, sua essência mágica sabia que ele fervia em êxtase quando a tinha por perto. Observa-la chegar tão plena e tão Sakura, sem dúvidas, poderia se classificar como o auge de sua noite.

Corvus l SASUSAKUOnde histórias criam vida. Descubra agora