- Argh, que merda. Esqueci de pôr o wifi daqui - Reclamei alto quando vi na barra de notificações os dados móveis ligado. - Vou ter que pedir para algum daqueles idiotas me dar a senha.
Levantei da minha cama e fui em direção à porta. Destranquei com a chave embutida na maçaneta e sai do quarto. Bati na porta do quarto ao lado do meu. Eu não sabia de quem era, mas espero que não seja daquela quatro-olhos.
- Um segundo! - Uma voz do outro lado do quarto falou. - Ehh.. Oi?
Halk abriu a porta do quarto. Ele estava sem a blusa, com uma toalha sobre os ombros e os cabelos molhados, deve ter acabado de sair do banho. Eu me perdi por alguns segundos com aquela visão, mas logo voltei ao presente. Estranhei o que havia acontecido, e afastei o pensamento rapidamente.
- Pode me passar a senha do wi-fi? Esqueci de perguntar quando cheguei. – Desviei o olhar e mostrei meu celular para mostrar que estava sem internet e percebi que Halk levantou as sobrancelhas.
- Claro que esqueceu. Você nem nos deu "Oi" direito. - retrucou com uma voz debochada.
- Você vai me passar ou não? – Voltei a atenção ao garoto. Estava começando a perder a paciência.
- Claro. A rede é "Quarto 48" e a senha é "MMBH".
- Ok. - Halk estava fechando a porta quando eu me lembrei. - Ei! Espera!
- Mhm? - O garoto me olhou levemente confuso.
- Eh.. Me passe o seu número. – Hesitei um pouco antes de falar. - Nós moramos na "mesma casa", afinal.
- Oh. - O moreno levantou uma sobrancelha achando aquilo divertido e eu senti vontade de dar um soco na cara dele. - Ok, então. Anota ai.
Salvei o contato dele como "Halk Neens" e mandei um oi para ver se a internet já estava funcionando. Voltei para o meu quarto e pensei em terminar de tirar algumas coisas da mala, mas ainda tinha esperanças de poder mudar de quarto. Só tirei alguns livros que iria precisar no dia seguinte.
Estava prestes a dormir quando ouvi meu telefone tocar.
Meu pai estava ligando por chamada de vídeo, e por um momento passou pela minha cabeça fingir que estava dormindo para não atender.
- Oi pai. – Falei secamente
- Olá Nicholas. Pensei que já estaria arrumado para seu primeiro dia de aula. - Meu pai respondeu com uma cara de poucos amigos.
- É uma da manhã.
- Ah, sim. - Ele colocou a mão na testa - Sempre esqueço que nosso fuso horário tem 6 horas de diferença.
- Claro. Por que ligou para mim?
- Sua madrasta me obrigou a ligar para saber as novidades. - Ele fez uma cara de puro tédio, claramente não querendo saber do meu dia. - Sinceramente, não sei o porquê de ela gostar tanto de você. Já que estou aqui... Fale-me logo, tenho uma reunião às oito.
- Ótimo. As novidades são que você me colocou numa escola totalmente desestruturada e agora eu sou obrigado a morar com quatro idiotas completos. - Me descontrolei. Algo na frase do meu pai me deixava extremamente furioso. Ele não deveria ter o mínimo de interesse no próprio filho? - Na verdade, nem sei por que estou reclamando. Em toda a minha vida morei com os idiotas dos seus mordomos-marionetes. Agora que a mamãe morreu, estou praticamente largado no mundo. Já deveria estar acostumado a morar com esse tipo de gente, pensando bem. Meu querido pai viaja pelo mundo fodendo uma vadia diferente a cada semana.
- Nicholas Hoover. Retire o que disse agora. - Meu pai já estava vermelho de raiva.
- Vai se foder! - Desliguei a chamada antes que ele pudesse me falar mais alguma coisa, e em seguida soquei a parede para descontar a raiva.