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     Arien..

Correr, adorava correr, não importa o motivo, mesmo que agora esteja correndo para minha própria segurança estou fazendo com um grande sorriso no rosto.
O vento batendo em meu rosto, meus cabelos voando atrás de mim, o som da noite na sagrada floresta.. livre, me sentia livre e nunca me cansaria disso, cada obstáculo e movimento que preciso fazer para desviar é como estar em uma dança com a própria natureza, amava isso, fazia parte de mim.

* Flashback *
- Mamãe, mamãe - a pequena Arien corria enquanto entrava em casa.
Arien estava ofegante, tinha corrido muito. Sua mãe então encheu um copo com água e lhe entregou.

- Calma florzinha, o que aconteceu para estar tão agitada em? - sua mãe perguntava enquanto se agachava para ficar da mesma altura que a pequena e colocar uma mecha de cabelo atrás de sua orelha.
Arien bebeu a água e respirou fundo antes de começar.

- Eu fiz uma coisa incrível mamãe, quero te mostrar - Arien estava com um sorriso enorme e quase pulava de animação.

- Tudo bem, me mostre filha - sua mãe se pôs de pé para seguir a filha que agora corria para fora.
Assim que pôs os pés para fora de casaa mais velha arregalou os olhos e parou ali mesmo.

Era inverno, aquilo era impossível. 
Arien corria de um lado para o outro e flores e grama verdinha cresciam ande a criança pisava e tocava, junto com luzinhas coloridas que pareciam mais vagalumes brilhando ao seu redor.
Sua mãe deu mais um passo, era lindo, mágico. Um pequeno sorriso cresceu em seus lábios e ela riu, a mais nova agora voava com suas asinhas de penas negras espalhando a mais linda primavera ainda mais.

- Venha mamãe, não é incrível? - Arien ria e sua mãe abriu suas asas de penas brancas e a encontrou no ar, a abraçando.

- É sim minha florzinha, é lindo.

    Arien..

Minha mãe dizia que nunca havia visto tal poder, ela acreditava que eu tinha sido abençoada, não pela Mãe ou pelo Caldeirão, mas por algo mais antigo, pela natureza, era parte dela, sentia ela.
Mas ao mesmo tempo que minhas habilidades eram uma bênção eram também um imã de almas gananciosas que faziam de tudo para obter poder. Então nunca as uso, pelo menos não na frente de alguém. Mantinha minhas asas escondidas também, eram incomuns e chamavam atenção, tinha que tomar cuidado em quem confiava para mostrar, poque poderiam tentar tira-las de mim. Perder minhas asas era algo que nem podia imaginar, seria como perder um pedaço da minha alma.

...
Ainda estava correndo, agora olhando para a brilhante lua no céu, a única luz que iluminava a floresta. Tão grande, tão lind..
Meus olhos agora encaravam o chão, pequenas plantinhas, pedras, galhos e até algumas formigas, havia caído, sorte que ninguém está aqui para ver esse mico, deveria ter prestado mais atenç.. paralisei no lugar, sangue, cheiro de sangue.
Me levantei devagar e ousei olhar para trás, no que eu havia tropeçado antes de cair. Um feérico, sentado no pé de uma árvore, desacordado e ferido.

- Só pode tá de brincadeira - sussurei para mim mesma, deveria ter ficado em casa, e agora? Vou embora e faço de conta que nada aconteceu ou arrisco minha vida para tentar ajudar um completo desconhecido que nem sei se merece ser salvo?

Acho que a primeira opção é melhor, o macho a minha frente soltou um grunhido de dor e fiquei paralisada olhando para ele, estava sendo iluminado pela luz da lua.

Era lindo, um grão-feérico, tinha longos cabelos ruivos e seu rosto parecia esculpido pela própria Mãe, mesmo com a cicatriz que marcava um lado de seu rosto, então um pensamento tomou conta de minha mente, não seria diferente daqueles miseráveis de mais cedo se deixasse ele aqui.

- Que o Caldeirão nos ajude - disse me aproximando do macho para ver melhor seu estado. Só um dos ferimentos era realmente grave e daria um verdadeiro trabalho, uma flecha de freixo em sua barriga, não parecia ter perfurado nenhum órgão, mss havia perdido uma boa quantidade de sangue. Ok, eu posso fazer isso, só preciso da minha bolsa, olhei para os lados e a vi algumas palmos de distância, comecei a me levantar para ir buscá-la mas fui impedida por um apertar em meu pulso, me virei com os olhos alertas , o macho estava segurando meu pulso mas não apertava tanto.  Seus olhos, aqueles olhos que realmente fizeram meu coração erar uma batida e me deixar sem reação.

- Não vá - foi tudo que ele disse antes de soltar meu pulso devagar e desmaiar novamente.
Seus olhos brilhavam, não conseguia ver a cor deles pela pouca luz mas conseguia ver o brilo deles, um brilhavam mais, não consegui distinguir o que era. Tinha dor em seu olhar, mas não era por seus ferimentos, pude ver que não, era por ter aceitado a morte e estaria sozinho quando a hora chegasse, como se não tivesse ninguém, como se sabia que ninguém viria. Uma lágrima silenciosa desceu minha bochecha, deixei que caísse.

- Estou aqui, você não vai morrer.

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Espero que tenham gostado do capítulo e desculpe qualquer erro😊

Amor entre ChamasOnde histórias criam vida. Descubra agora