No caminho já escrito de sua historia Arien encontra um ser de pura luz e chamas tão perdido na dor como si própria.
Será a hora de escrever seu próprio caminho?
Como lutar por alguém que nunca poderá ser seu?
Me arrumando para a reunião em Velaris senti arrepios pela pele, teria que calcular cada palavra, casa gesto e expressão. Teria que ser a tão conhecida raposa, não que fosse algo realmente difícil já que passei a vida inteira sempre alerta, quando se vive rodeado de almas podres e gananciosas você precisa ser mais inteligente, mais esperto e sorrateiro que todos.. para poder sobreviver.
Ainda criança tive que aprender a andar tão silenciosamente que nem ouvidos feéricos poderiam capitar, lembro-me como se fosse ontem todos os esconderijos que tive de encontrar afim de me esconder dos meus irmãos, tão mais velhos que eu. As vezes passava horas escondido, não consigo me lembra quando comecei a andar sempre com uma bolsa preenchida de comida e água caso precisasse ficar muito tempo escondido. Eris era um pouco melhor.. me tratava com indiferença, pelo menos não ficava sempre me perseguindo.
Estaria mentindo se dissesse que não dói mais, que não sinto meu peito apertar, minha boca secar e meu olhar ser atraído para o chão como um ímã toda vez que sou tratado como nada mais que um lixo feérico, toda vez que sou resumido aos erros dos outros, toda vez que sou culpado por ter estado ao lado de quem estive - mesmo que eu não tivesse outra escolha - toda vez que sou taxado de insuficiente, traidor e fraco. Ainda dói toda vez, mesmo que eu me esforçe para simplesmente ignorar, eu simplesmente não consigo não sentir toda essa dor.. como se esse fosse o meu cruel destino. O meu eu de antes usaria o sarcasmo e o humor para encobrir toda minha angústia, mas o eu de agora está cansado, tão cansado.. eu não tenho mais força para continuar tentando, já é demais simplesmente tentar sobreviver. O que me mantém de pé são as pessoas que eu decepcionaria se desistisse, minha mãe ainda precisa sentir a liberdade e ser feliz, Feyre não merece ter mais uma decepção comigo, Vassa ainda precisa de ajuda, Jurian ainda precisa de um amigo e Jesminda nunca me perdoaria, ela sempre me disse para viver com toda a intensidade, para procurar a felicidade quando tudo parecesse cinza.. ela sempre me disse para amar por toda a eternidade.
E agora, não posso decepcionar Arien, ela foi muito gentil, mais do que qualquer um já tenha sido. E por isso vou usar minha máscara hoje, qualquer coisa para ajudá-la.
...
Descendo as escadas pude ouvir os rumores de onde identifiquei estar vindo da cozinha. Continuei meu caminho até a sala deixando minha bolsa em umas das poltronas e seguir para um cômodo onde guardavamos nossas armas e equipamentos, a casa era muito grande e tinha muitos cômodos, Jurian insistiu em um deles ficar para acomodar um arsenal, de fato um guerreiro apaixonado por armas, não que eu não apreciasse uma boa espada e adaga, e seja muito bom no arco e flecha, mas o trabalho de emissário consiste na maior parte do tempo o carisma, resolver as coisas pacificamente é o meu trabalho. Decide por pegar duas adagas, as colocando em um coldre onde cada uma delas ficava posicionada de um lado das minhas coxas. Não saia desarmado nunca, seria um ato estúpido sendo quem eu sou.
Estava com uma camisa social azul acinzentado, um colete adornado em dourado, calça cinza escuro quase chegando ao preto e um sobretudo preto, que escondia minhas adagas. Optei por deixar meu cabelo meio preso com algumas trancinhas laterais.
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