No caminho já escrito de sua historia Arien encontra um ser de pura luz e chamas tão perdido na dor como si própria.
Será a hora de escrever seu próprio caminho?
Como lutar por alguém que nunca poderá ser seu?
Já estava amanhecendo, conseguia ouvir o canto dos pássaros juntamente com o som da cachoeira de um rio não muito longe da minha cabana, uma bela sinfonia da própria natureza. Abri os olhos calmamente e respirei fundo, ainda me lembrava de como era acordar com o cheiro de sua torta de frutas.
* flashback * Arien havia acabado de acordar e adentrava a pequena cozinha de sua casa ainda esfregando suas mãozinhas pelos olhos, estava seguindo o cheiro mais delicioso que já sentira.
- Porque não me esperou para fazer a torta mamãe? - perguntou a pequena formando um beicinho e se aproximando de sua mãe.
- Bom dia Arien! - disse a mais velha com um sorriso radiante em seu rosto - Desculpe querida, prometo que da próxima vez eu espero esta bem.
Arien assentiu com um sorriso encantador no rosto.
Já se passaram séculos e a dor e a culpa ainda me consomem dia após dia, as vezes me pergunto se um dia esses sentimentos me deixaram, certamente não. Puxei o fôlego e me levantei da cama, Éolo chegaria a qualquer momento para avisar se é seguro sair hoje.
Quando era pequena minha mãe havia me dito que eu poderia ter um companheiro da natureza, que estaria comigo todas as horas, que um dia um animal que refletisse minha alma iria ficar ao meu lado e um laço seria formando, assim ele viveria enquanto eu viver. Éolo é meu companheiro e único amigo, uma águia com penas brancas e negras misturadas, olhos verdes profundos, com uma espiral no peito, que eu também tenho.. nosso laço.
Enquanto esperava meu amigo parti para o banheiro afim de tomar um banho para começar o dia. Deixei a banheira enchendo e fui procurar uma roupa.. quando ouço um bater de asas em minha janela, Éolo estava de volta e pelo visto a floresta estava tranquila o suficiente para não correr nenhum risco. Peguei um conjunto discreto de roupas e voltei para o banheiro. A água não estava muito quente, mais não me importava tanto, não me importava com várias coisas desde a morte dela. Dispensei tais pensamentos e sai da banheira. Depois de me vestir sequei e penteei meus cabelos que ficavam um pouco abaixo dos ombros, amassando um pouco para definir melhor os cachos.
Quando sai do quarto Éolo estava me esperando na cozinha apoiado em uma cadeira, esperando algo para comer com certeza, sorri com a situação e coloquei a água no fogo para preparar um café. Fui até as prateleiras e peguei um pote com biscoitos de amêndoas que tinha feito no dia anterior, peguei também uma jarra de leite da geladeira e coloquei a mesa. Dei alguns biscoitos para a águia e terminei de fazer o café.
- Quando estiver na aldeia comprarei gotas de chocolate para por nos biscoitos Éolo - a fêmea disse antes de tomar um gole do café com leite que tinha servido, a águia abriu as asas e fez um som que indicava satisfação, Arien gargalhou com a reação de seu companheiro de vida.
Depois de comer, lavei e guardei a louça. Abri uma comoda que ficava na sala e peguei um coldre junto com minha adaga e coloquei em minha perna de modo que ficasse escondido pela barra do vestido.
Já presisava ir se quisesse chegar a aldeia mais próxima antes do anoitecer, peguei uma bolsa e coloquei comida, água, alguns tônicos essenciais, um manto quente e algum dinheiro.. com isso segui adentrando a vasta floresta que rodeava minha cabana.
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