⌜ 𝗺𝗮𝗱𝗲 𝘁𝗼 𝗯𝗲 𝗺𝗶𝗻𝗲 ⌟
𝖻𝗍𝗌 𝖿𝖺𝗇𝖿𝗂𝖼𝗍𝗂𝗈𝗇 | 𝗲𝘀𝘁𝗼́𝗿𝗶𝗮 𝗰𝗼𝗻𝗰𝗹𝘂𝗶́𝗱𝗮
𝗢𝗡𝗗𝗘 Mia Leblanc retorna para a Coreia
alguns anos depois de ter concluído seu
ensino médio em Seul. Mia é amiga de
Hoseok, e acabara de ser...
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━━━━❛MIA LEBLANC domingo, 01 de maio seoul, south korea
REPETIR PARA JEONGGUK A NOTÍCIA QUE EU HAVIA RECEBIDO POR TELEFONE POUCO ANTES DE CHEGAR A FESTA FOI DIFÍCIL, MUITO DIFÍCIL. É inacreditável. Nem sequer consegui chorar quando a recebi, pois estou em negação, em choque, entorpecida e paralisada desde então. Eu não consigo digeri-la, por mais que me esforce para isso. Eu só queria que fosse mentira. Só queria que fosse um pesadelo horrível onde eu acordaria e retornaria para a realidade quando o meu despertador tocasse. Por mais que desejasse, por mais que eu esperasse por isso com cada pedacinho do meu ser, tudo era verdade. Uma verdade esmagadora: minha mãe está doente. O tumor fora descoberto antes mesmo de ter me mudado para Seul, entretanto, para me proteger, meus pais e meu irmão esconderam a doença de minha mãe durante todo esse tempo, o que fez com que eu me sentisse ainda pior no instante em que descobri. Minha família tinha a esperança que tudo daria certo e ela fosse curada. Minha mãe começou a se tratar imediatamente após o diagnóstico, mas ao invés de melhorar ela acabou piorando e piorando. Mesmo com todos os esforços, ela infelizmente não respondeu aos tratamentos e os médicos constataram não haver mais recursos. É irremediável, vamos perdê-la.
Desorientada por todas as emoções que me invadem, com o peito cheio e com o coração partido, mal consigo processar o que está havendo ao meu redor durante a festa. Sem dizer sequer uma palavra, Jeon desfaz o laço da minha máscara, retirando-a e descobrindo a minha face. Puxando-me para ele, o moreno me abraça por um longo momento. Encolhendo-me, eu me aninho em seu peitoral e choro com meu rosto apoiado contra o seu peito. Choro de uma forma quase silenciosa que parece não ter fim. Um choro que deixa meu corpo exausto, exaurido a cada soluço que me escapa e a cada lágrima que transborda os meus olhos e escorre, molhando o meu rosto e umedecendo o sofisticado paletó preto de Jeongguk. No entanto, um choro que não ameniza nem um pouco da dor excruciante que agora preenche o meu peito.
Tão pouco falamos sobre a morte, por mais inevitável que ela seja. Uma das poucas certezas que temos na vida é que vamos morrer um dia e mesmo assim, por receio, por medo, ignoramo-as durante boa parte do tempo e fingimos que ela não existe. Como qualquer pessoa, estou ciente que qualquer um pode morrer a qualquer momento, mesmo que estiver completamente saudável e bem. Além de enfermidades, na vida há imprevistos e acidentes, coisas que não estão sob o nosso controle e dói, dói muito admitirmos que não temos como evitá-los, ainda que nos precavamos o máximo possível. Me sinto tão inútil e impotente diante desse futuro. Um futuro onde não há o que eu possa fazer. A perda é iminente e agora, a única coisa que está ao meu alcance é voar de volta para Londres. Ir ao encontro da minha mãe e me agarrar a cada segundo que ainda me resta com ela.
