𝐌𝐀𝐃𝐄 𝐓𝐎 𝐁𝐄 𝐌𝐈𝐍𝐄; 𝗃𝖾𝗈𝗇 𝗃𝗎𝗇𝗀𝗄𝗈𝗈𝗄

020. flowers

━━━━ ❛MIA LEBLANC
terça-feira, 03 de maio
london, england

FOI BOM ENCONTRAR KIM TAEHYUNG NO MESMO VOO QUE EU. Sua presença fizera com que as intermináveis horas de voo passassem mais rápido e, por um pequeno momento, pude me distrair um pouco. Embora eu tenha omitido a razão por estar naquele avião, Kim acabou me contando o motivo de sua viagem. Taehyung me dissera que seus avós moram na Inglaterra e por ser muito próximo deles, Kim costuma visitá-los sempre que possível. Durante a sua infância, foram eles que cuidaram de Kim para que os seus pais pudessem trabalhar. De acordo com Tae, era o sonho de seus avós se mudarem para Inglaterra, então, após obter boas condições financeiras provindas de seu sucesso em sua profissão como autor, há alguns anos, Kim comprara uma bela casa para os seus avós em Londres. Kim Taehyung e eu pudemos conversar bastante sobre nossos interesses em comum, além de nos conhecermos um pouquinho mais e fiquei contente quando Kim não poupara elogios para agência quanto ao trabalho prestado.

Após assistir a um filme juntos durante a viagem, acabamos dormindo um pouco e quando acordamos, felizmente já estávamos pousando em Londres. Já com as nossas bagagens em mãos, saímos do aeroporto juntos e meu pai já havia me avisado que estaria me esperando. Ao atravessar os portões eu abro um pequeno sorriso ao encontrar o par de olhos âmbar do meu pai. Meu pai é tão alto quanto Nam-joon, e com suas longas pernas, ele caminha tão rápido em minha direção que em um piscar de olhos sou envolvida por seus braços fortes e calorosos. Ele não diz sequer uma palavra ou cumprimento conforme me abraça demoradamente e sinto um misto doloroso de emoções como saudade e tristeza. Queria que nosso reencontro fosse por um motivo melhor do que o problema que me fizera voltar. Não posso negar que me ressinto por não ter sido avisada antes, por esconderem de mim algo tão grande quanto o martírio que minha mãe está enfrentando, mas não seria inteligente gastar tempo em uma discussão sobre isso uma vez que temos tão pouco tempo disponível para ficarmos juntos.

Quando meu pai me solta, eu me afasto dele devagar e encaro seu rosto que se assemelha tanto ao meu. Ao analisar seus olhos redondos, emoldurados por volumosos cílios castanhos, fico preocupada ao notar olheiras, que evidenciam o quanto suas noites tem sido mal dormidas. Seu rosto está mais alvo e mais magro do que eu me lembrava, os cabelos mais compridos e penteados para trás e sua barba que costumeiramente estava sempre feita, hoje está por fazer. Vendo o cansaço estampado em suas feições, posso sentir lágrimas arderem de novo aos meus olhos, ameaçando escorrerem e deixarem um rastro de rímel preto pelo meu rosto, mas afasto a vontade de chorar para longe, prometendo a mim mesma que não vou mais derramar lágrimas. Não perto do meu pai ou da minha mãe. Engulo em seco, forçando o nó que se formara em minha garganta e volto-me para Taehyung, que está de pé, parado ao meu lado. Resolvo apresentá-los, mas antes que eu o faça, meu pai dispara: