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Lucifer aproximou-se dela assim que ouviu o seu nome, mas tão depressa quanto falou ela caiu inconsciente sobre as almofadas de linho limpas.

Ele suspirou e acomodou-se ao lado dela, ele não sairia a não ser que Maze ficasse de plantão e ele está ansioso que ela chegue com os sequestradores. Ele cobre Chloe com a sua asa e canta mais um pouco em enoquiano. Ele já não usa essa linguagem, mas sente que será a única coisa que pode ajudar nesse momento. Ela estava frágil e tinha de recuperar rapidamente, era a única forma de resolver a questão com eficácia. Ele odeia tudo o que restou da sua antiga vida, as asas e as memórias. Para Chloe ele fazia um esforço, ela era especial, um ser abençoado pelo divino. Algo que o cativou desde o primeiro instante e que o faz pensar em coisas que ele nunca pensou imaginar. Será que ela pode querer ficar? Será que ela quer mesmo ir para o Céu? Será que...? ... eles ainda podem ser amigos?

Lucifer engoliu em seco e sorriu perante a suposição ridícula de uma amizade com uma alma humana. Ela não ficará nem mais uma segundo assim que souber que pode deixar o inferno.

Os olhos dela piscam depois de um ronco suave. Ela encara as penas brancas de Lucifer e olha para ele. "Lucifer." Ela parece vulnerável, muito frágil para manter uma conversa por muito tempo. Ela olha em volta.

"Detetive! Eu prometo que estás segura agora. O que sentes?" Ele inclinou a cabeça para ela.

"Lucifer..." A voz dela um pouco rouca. "Estou com frio." Ela treme.

Ele puxa outra coberta sobre ela e volta a usar a sua asa. "Melhor? Alguma dor?"

"Melhor agora, não sinto mais nada." Ela boceja. "Nunca desistes de tentar dormir comigo?" Ela diz piscando um pouco para ele.

Ele sorri. "Não imaginei que fosse nestas circunstâncias querida."

Ela olhou para um ponto distante. "Por favor, não os deixes voltar." Ela implorou para ele, mas não quebrou. Não havia lágrimas nem outro sentimento no seu olhar. Parecia apenas perdida por alguns segundos.

"Eles não vão, eu vou punir todos eles eu juro. E eu..."

"És um Diabo de palavra, eu sei." Ela diz. Ela parecia preocupada com algo.

"Não vou sair do teu lado detetive, quando eu não estiver será a Maze. Ninguém tocará em ti novamente."

"Obrigado." Ela diz respirando fundo mais calma. Mesmo assim ela ficou parada.

"Talvez não fiques por muito tempo." Ele diz.

Ela olhou para ele. "Como?"

"Um irmão visitou-me."

"Um irmão? Um anjo?"

"Sim. Ele vinha à tua procura."

"Porquê?" Ela ajustou-se na cama e olhou para ele de frente.

"Bem Chloe Decker, ao que parece és um milagre de Deus."

"Eu? Um milagre?" Ela riu incrédula. Quando ela não viu sinais de animação no diabo ficou séria. "A sério?" Ela ficou um pouco assustada ao fazer conexões.

"Eu não minto." Ele olhou para ela. "Eles querem-te no céu. Ele ia te levar, mas eu não deixei."

"Isso quer dizer que não me deixarás ir?" Ela pergunta.

"Quer dizer que tens a escolha. Não tens de ir, só se quiseres." Ele diz.

Ela abriu a boca e fechou-a. Ela sorriu para ele no fim lembrando-se do que ele lhe tinha dito, a vida dela era um jogo já traçado. Ela era uma marioneta e agora pela primeira vez ela tinha uma escolha. Ela deu-lhe um sorriso triste. "Eu acho que o inferno não é o lugar certo para mim." Ela sussurra.

"Ele voltará para te levar. Eu pedi algum tempo para te recuperar." Ele diz.

Chloe concorda.

Maze entra no quarto de rompante. "Estão à tua espera." Diz Maze, sinais claros de luta, sangue e gosma por algumas partes do seu corpo (nenhum dos fluidos era dela).

"Espero que eles ainda estejam vivos." Diz Lucifer levantando-se e guardando as asas. "Estás de vigia até eu voltar." Ele voltou-se para a Chloe. "Tenho contas a ajustar detetive. Eu volto num instante." Lucifer sai pronto para matar.

~oOo~

Algumas horas mais tarde Lucifer volta ajustando os pulsos de uma nova camisa. Ele tinha torturado e morto os demónios responsáveis e cooperantes no sequestro de Chloe e fez deles um exemplo para qualquer desobediência demoníaca. Os demónios estavam controlados novamente. Agora todos sabiam sobre Chloe e os demónios irão se curvar perante ela a partir deste momento. Candy e Delilah foram devolvidas aos seus loops... ele não tinha mais disposição para brincadeiras. Mesmo sem uma única palavra tinha deixado claro que Chloe era dele e que o seu vínculo era forte. Ele proclamou-a sua sem qualquer palavra, mas no fundo ele sabia que ela é a rainha que ele precisava.

Chloe estava adormecida quando ele dispensou Maze. Mais uma vez o demónio cai em pensamentos mais profundos sobre os seus sentimentos. Será que ele poderia pedir que ela fique? Os pensamentos não duraram muito pois Chloe acordou.

Ele sorri para ela. "Detetive. De volta!?"

"Pelo que parece." Ela senta-se na cama cobrindo-se, pois estava nua.

"Será que as marcas já desapareceram?" Lucifer pergunta.

"Vistes?" Ela parecia envergonhada e triste.

"Sim, eu acelerei a cura. Não há nada que te deva envergonhar querida." Ele diz. A tua alma e o teu corpo são perfeitos. Ele queria acrescentar.

"Hum..." Ela espreitou, abre a boca, mas fecha e tapa-se num instante.

"Posso ver?" Ele pergunta.

Ela olha furtivamente para ele. Ela não diz nada, apenas o parecia estudar. "Ok." Ela diz por fim. O rubor no seu rosto podia dizer tudo, mas ela ficou em silêncio.

Ele levantou-se do assento que ocupava e aproxima-se da cama. "Vamos ver detetive." Ele descobre o seu corpo e olha atentamente. Alguma da sua pele já perfeitamente curada. Os ferimentos mais profundos já numa cura bastante avançada e as escoriações já quase impercetíveis em alguns pontos. Ele olha melhor para a parte externa da coxa onde os demónios tiveram a audácia de a marcar. Ele suspira ao ver a forma, mas agora quase desaparecida. Quando ele ia tocar nesse ponto específico ela encolheu-se. "Tudo bem detetive." Ele afastou-se e voltou a cobri-la. "Muito melhor sem dúvida, mais algumas horas e foi apenas um curto pesadelo."

Ela olhou para ele inquieta. "Eles não vão voltar?"

"Eles estão mortos agora e mais nenhum te tocará." Ele diz como uma promessa.

A RainhaOnde histórias criam vida. Descubra agora