Ainda não superei o ocorrido na casa do Heitor, mesmo depois deuma semana. O Leandro já está a recuperar. O Sr. e a Sra. Rildom o obrigaram a ir a um médico para ver se estava tudo bem, mesmo ele a relutar.
A mãe e o pai da Cecília abriram um processo contra a mãe da Soraya. Tínhamos fotos que serviam como prova. Os pais da Soraya afirmaram que com isso é impossível o juiz dar a custódia a mãe da Soraya, o que nos alegrou a todos. Todos nós amamos muito ela.
Eles cuidaram dela esse tempo todo, não seria justo darem a guarda nela. Como uma mãe pode abandonar a filha? Como ela pode viver esse tempo todo como se não tivesse filha?
Espero que ela pare de atormentar-los. Graças a Deus os pais da Cecília conseguiram arranjar um trabalho para o pai do Heitor. Ainda bem. O Heitor já estava a ter problemas com o pai, por querer arranjar um trabalho de meio período para ajudar em casa. O pai dele não gostou, disse que ele tinha que focar apenas nos estudos.
Agora parece que tudo está a entrar nos eixos, apenas falta mesmo a Cecília parar de ter medo e alinhar numa relação com o Heitor, aí tudo estará perfeito.
Estou sozinha em casa a preparar-me para sair com o Leandro.
Olhei para o meu reflexo no espelho. Estava com uma calça branca e uma blusa de linha rosa de mangas compridas. Um salto raso rosa. Prendi o meu cabelo numa trança, deixei duas mechas soltas em frente, de cada lado. Passei um gloss labial de leve e estava pronta.
Escutei a campainha tocar.
Deve ser o Leandro.
Antes de sair do quarto peguei a minha bolsa pequena branca. Desci as escada as pressas.
Tentei ser pontual mais ele me passou.
Abri a porta e não pude acreditar.
—Breno... — olhei para ele em choque. Ele estava diante de mim, com as mãos no bolso da calça. Era ele. Não era uma alucinação, ou será que era?
—Eh... Oi... — balbuciou. Fechei a porta na cara dele.
Era uma alucinação.
Colei as costas na parede ao lado da porta.
— Bia... Bia! — ouvi-o gritar.
Era mesmo ele? Ah, não...
O que ele quer? O que ele faz aqui?
— Bia! Bia! Abre a porta, quero conversar contigo — pediu.
Eu não tinha nada para falar com ele, jamais cogitei vê-lo novamente.
— Bia... Acho que tenho o direito de me redimir, sei o quanto te magoei, eu... peço perdão. Podes abrir a porta? Por favor, precisamos conversar. Eu preciso do teu perdão.
— Perdão? — ri sarcástica — não mereces nada de mim! Não temos nada para falar.
— Temos sim, por favor, Bia.
— Não me chama assim! — abri a porta para gritar na cara dele e eu precisava disso. Senti algo a se libertar dentro de mim — eu não quero ter que ouvir a tua voz e nem sequer te olhar nunca mais, me deixa em paz! — esbravejei com raiva e com os olhos húmidos.
E aí eu me dei conta. Eu ainda tinha uma raiva grande dele, não existia mais amor. Tudo era ódio.
Tentei fechar a porta mas ele me impediu.
— Sai da minha casa, agora! — vesuferei. Sentia a raiva me queimar.
— Não! — Adentrou e fechou a porta atrás de si. Aproximou-se de mim — desculpa por tudo — pediu. Ele já não mexia comigo.
—Ok, agora podes ir.
— Eu estou mesmo arrependido . Não sabes tudo o que eu passei, Bia — Ele estava diferente. Não tinha mais aquele ar de bad boy, os cabelos curtos agora estavam compridos, até o ombro. Um olhar apagado, triste — eu mudei e eu amo-te. Eu sempre te amei, só não havia percebido isso.
Olhei para ele. Fiquei em silêncio por alguns segundos. Ele parecia estar a ser verdadeiro, todavia que diferença faz, já não sinto nada por ele além de raiva.
— Não me importa se é verdade ou mentira, eu já estou em outra. Alguém que vale a pena, que me ama, que me ajudou a voltar a ser feliz.
Seu semblante mudou.
Ele achou que eu iria estar a espera dele?
— Isso é sério? — indagou com um ar de " isso não é só por estares com raiva, não é?".
Suspirei. Olhei para às horas no relógio de parede da sala.
Daqui a pouco o Leandro está aqui.
— Eu já te ouvi, já falámos, agora podes ir.
Andei em direção a porta, mas ele segurou o meu braço e puxou-me para si.
Diferente do que era antes, o meu coração não reagiu ao tê-lo tão perto, ao seu olhar, foi frio a tudo isso.
Afastei-me.
— Eu tenho namorado, eu amo ele e eu quero ficar com ele mais do que tudo nessa vida. Ele é perfeito. Espero que seja verdade que mudaste e espero que um dia encontres alguém que te faça feliz. Vendo bem agora, eu não te odeio, pelo contrário, te agradeço por teres me traído. Sei que irás ter também a tua felicidade, no entanto eu não sou ela — falei com sinceridade.
— Ele pelo menos te trata bem?
— Muito.
— Que bom — disse com tristeza na voz.
E eu senti pena dele. Desejava mesmo que ele encontrasse alguém, do fundo do meu coração.
— Eu posso te abraçar? — olhei-o. Não queria mais ele implorou com o olhar — só um abraço.
Abracei-o.
— Podemos ser amigos?
— Aí já é demais, Breno — soltamos uma risadinha. Acho que agora a raiva foi.
— Vais sair?
— Vou, o meu namorado vem me buscar.
— Ele é um sortudo e eu fui um idiota. Nunca vou me perdoar por isso.
Foi mesmo, fazer o quê. Mas ele estava na fossa, não iria empurra-lo mais no fundo.
— Não era para ser — dei de ombros — é a vida. Nem todos que entram na nossa vida têm que ficar.
Escutamos a campainha e os dois olhamos para a porta.
— Deve ser ele — falei.
E era.
— Sol, estás pronta? — perguntou entrando — Breno?! — exclamou, olhando-o.
— Leandro?! — balbuciou o Breno.
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Um coração com feridas
Lãng mạnO amor é um sentimento tão lindo e puro, pena que nem todos acham isso e brincam com os sentimentos dos outros sem medir as consequências. O que para ti parece bobagem é a razão de destruição para outra pessoa. Bianca estava ferida, não confiava ma...