Vocês juntos de novo

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— O que foi agora? — perguntei sem o convidar a entrar, com uma das mãos apoiada na porta.

— Desculpa, eu acabei por contar ao meu pai que vocês andam.

— Ele comentou, é só isso?—  questinoei sem paciência para continuar a conversa. Não fechei a porta na cara dele por educação.

— Bia, sabes se o Leandro algum dia me perdoara?

— Talvez.

— Poderias me ajudar com isso.

— Tudo bem, mas apenas porque ele precisa enfrentar tudo para conseguir seguir em frente. 

— mesmo assim obrigada.

—  Isso tudo é culpa tua.

— Estás a ser muito dura comigo.

— Estou a ser verdadeira, esse é o problema. Você e o teu pai têm destruído o meu namorado.

— Dá para ver que o amas muito.

— Muito mesmo. Ele é uma pessoa maravilhosa.

— Ao contrário de mim.

— Para de se dar de coitadinho, Breno, não te enfeita. Aprontaste, apenas estás a colher. Muda a plantação, que a colheita mudará.

— Cometi um grande erro ao te trair, és fantástica. Ele tem tanta sorte.

— Não, erraste, eu é que tenho sorte.

— Que seja. Eu ainda amo-te muito.

— É tarde agora para eu saber disso, lembras das tuas últimas palavras no dia que eu te confrontei, tenho boa memória e tenho a Kailane para não esquecer.

— Ela sempre foi muito boa em deitar veneno nos outros.

— Principalmente em mim e ainda contou-me algo interessante que contaste para ela, que não terminaste comigo porque tinhas pena de mim, prefiriste que a otária aqui descobrisse isso sozinha, enquanto todos riam de mim.

— Isso é mentira.

— Não me importa mais.

— Para mim importa muito saber se acreditas. És namorada do meu irmão, devemos poder nos olhar como pessoas normais.

— Ou tentar.

— Obrigada.

— vocês de novo juntos — escutei a voz do Leandro. Suspirei.

— Eu já vou, ela é toda tua — disse e despidiu-se com um aceno.

— Já vais tarde. Agora vai ser assim? — indagou.

— Como?

— Vou sempre chegar aqui e encontrar ele.

— Não, claro que não, quanto mais longe dele para mim melhor.

— Não me parece isso.

— Para de bobagem.

— Bobagem? Nem sei como falas com ele depois de tudo,  ele sabe dobrar as pessoas, é incrível isso.

— O que estás a insinuar?

— Perdoaste-o muito rápido, ainda sentes algo por ele?

— Sabes bem a resposta.

Ele ficou em silêncio por alguns segundos, sem fitar os meus olhos. Parecia estar em dúvida.

— Eu tenho que ir à feira, a tua mãe deixou alguns doces aqui — dei-lhe passagem para passar.

Um coração com feridasOnde histórias criam vida. Descubra agora