Capítulo 08

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boa leitura ;)

Felix estava atrasado. Deixou a biblioteca carregando três livros grossos um em cima do outro, se focando em não derrubar a mochila que se pendurava em um único ombro enquanto ele tentava equilibrar o peso para chamar o elevador com a mão que acabara de libertar. Ele secou o suor da testa e se apoiou na parede para descansar um pouco os braços cansados enquanto aguardava.

Muito embora o aparelho não estivesse muito além de seu andar, o fato de estar atrasado fez com que cada segundo parecessem minutos longos e arrastados até que o elevador finalmente parou. O garoto adentrou o ambiente e selecionou o andar que desejava, mas quando a porta começou a se fechar uma mão tatuada a parou no meio do caminho.

 Felix a reconheceria de qualquer lugar, mesmo que jamais admitisse.

Hyunjin adentrou o espaço acionando o andar desejado e Felix observou cada movimento, mesmo que seu íntimo o obrigasse a desviar os olhos. Ele abraçou os livros grossos e encarou a porta que fechou lentamente antes de focar os olhos nos botões como se sua vida dependesse disso.

— Ah... — Hyunjin suspirou. — Eu sempre tenho essa impressão quando você está por perto.

Felix ficou confuso e inconscientemente levantou o olhar, buscando respostas e encontrando apenas o sorriso ladino que não lhe poupava de nenhum pensamento imoral. Ele apertou mais os livros até sentir o crucifixo contra a pele sensível do peito e armou sua melhor pose indiferente.

— Qual impressão?

— De que já te vi antes. — A voz de Hyunjin é baixa, muito embora o tom ainda seja grave, então ele retira um cigarro da caixa para pendurá-lo atrás da orelha sob o olhar atento do mais velho. — E de que você sempre está tentando fugir de mim.

O calouro arregala minimamente os olhos, mas sua cabeça o força a dar seu melhor sorriso.

— Por que eu fugiria de voc-

A frase óbvia teria sido completa se o elevador tivesse seguido seu curso natural, entretanto ele parou de andar em um tranco, todas as luzes se apagaram e o ar condicionado foi desligado, apenas para que Felix vivesse segundos de pânico antes que a luz vermelha de emergência se acendesse e o pequeno ventilador passasse à circular o ar dentro do pequeno cubículo de ferro.

— Mas que porra... — Hyunjin se preparou para xingar, mas se lembrou. — Merda! — Estalou a língua — Acho que era esse elevador que estava quebrado dias atrás...

— Como assim? — Felix finalmente foi capaz de voltar à se mover depois do susto, se aproximando dos botões dos andares e ativando o de emergência. — Não tinha aviso nenhum...

— Talvez alguém tenha retirado por pura sacanagem. — Hyunjin pegou o telefone do bolso, checando o que queria e bufando logo em seguida. — Estou sem sinal. O seu telefone tem?

Felix deixou os livros pesados no chão e retirou o telefone do bolso, constatando que também não possuía sinal. Aos poucos o susto deu lugar ao leve desespero com a constatação de que estava trancado dentro de um elevador...

Com Hyunjin.

— O que a gente faz agora? — Alcançar o crucifixo que parecia queimar contra o peito foi, mais uma vez, um movimento automático. Parecia que seu corpo era treinado para pedir perdão todas as vezes que seu verdadeiro eu forçasse a saída.

O tatuado suspirou e deixou que o corpo magro alcançasse o chão, cruzando as pernas como as de um índio.

— Agora a gente espera.

𝐁𝐑𝐈𝐍𝐆 𝐓𝐇𝐄 𝐇𝐄𝐀𝐕𝐄𝐍| 𝐇𝐲𝐮𝐧𝐥𝐢𝐱Onde histórias criam vida. Descubra agora