Capítulo 12

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boa leitura ;)

Lee Yongbok fez o em-nome-do-pai assim que atingiu o interior da paróquia. Ele cumprimentou uma freira que limpava a imagem de nossa senhora e se ajoelhou de frente a imagem de Cristo crucificado, repetindo o gesto antes de escolher uma das fileiras longas de bancos e se ajoelhar para fazer uma prece silenciosa, segurando o terço entre os dedos pequenos.

Ele pediu que Deus o livrasse do mal e o desse forças para fugir do pecado. Aquela sempre era sua oração e parecia que vinha sendo provado, por que todos os dias ele se perguntava se o Criador o achava de fato tão forte à ponto de o colocar no mundo com uma provação tão grande.

Por que ele sabia que nunca teria feito aquela escolha se a tivesse.

Ele beijou a cruz do terço e se curvou à imagem mais uma vez antes de caminhar até a sala do padre Dong. Há muito ele não se confessava como os outros fiéis, pois o homem considerava seu caso especial, preferindo atende-lo diretamente no escritório, olhos nos olhos, os pecados escancarados e às claras.

Ele bateu duas vezes e o padre permitiu que ele entrasse. Dong era um homem de meia idade que possuía face e comportamento rigorosos demais para um serviço onde a gentileza deveria ser a principal conduta, e no início do tratamento Yongbok sentia muito medo dele. Havia sido levado até lá aos dezesseis anos de idade quando tudo aconteceu, chorando enquanto implorava por um perdão sincero, com o rosto marcado por um tapa e o coração partido em mil pedaços por um pecado que ele sabia que não poderia controlar sozinho.

Desde então, estar naquela sala fez parte de sua rotina.

— Confessai seus pecados uns aos outros... — o padre iniciou.

— Para que sejais também perdoados pelo pai. — Felix completou. — Sua bênção, padre.

— Deus te abençoe, filho. Sente-se. — O homem sorriu do mesmo jeito engessado e cruzou os dedos em frente ao corpo. O terço pesado de madeira pesava sob o terno preto, desenhando um caminho pela gola branca que marcava o serviço prestado à Deus e à comunidade de Sunsuhan. Ele olhou Felix profundamente. — Como andam as coisas?

— Bem, Padre. — O mais novo prendeu os olhos no pote de canetas que sempre estava sobre a mesa escura. — A faculdade anda cansativa, mas recompensadora.

— Nenhuma novidade sobre suas relações?

Felix odiava aquela pergunta. Ele sabia muito bem o que ela implicava e apenas não se sentia confortável para falar sobre isso. Nunca se sentia confortável para falar sobre qualquer coisa com aquele homem, mas ele lhe prometera uma cura e o Lee se agarrava à essa esperança ainda que ela parecesse vir à passos lentos demais.

— Fiz boas amizades.

— É mesmo? — O sorriso engessado lhe deixava ansioso. — Além do garoto da sua sala?

— Os veteranos têm sido gentis. Eu me sinto grato. — A resposta polida demais chamou atenção de Dong.

— Existem homens? — Felix assentiu devagar. Estava ficando ansioso e sabia que o outro homem notaria. — E você conhece a conduta deles?

— Não falo sobre isso com eles.

"Não falo sobre isso com ninguém".

— Eles têm algo a ver com a sua falta na última sessão? — Questionou.

Sentia-se como um réu sentado de frente ao júri de acusação, sentindo o peito apertado por estar sendo colocado como culpado de um crime que não cometeu e sem ter resposta alguma para as inúmeras perguntas sempre diretas que precisavam ser rapidamente respondidas para não gerar qualquer dúvida.

𝐁𝐑𝐈𝐍𝐆 𝐓𝐇𝐄 𝐇𝐄𝐀𝐕𝐄𝐍| 𝐇𝐲𝐮𝐧𝐥𝐢𝐱Onde histórias criam vida. Descubra agora