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KAT'S POV

Minhas pálpebras se abriram enquanto minhas pupilas lutavam para se ajustar à luz. Eu levantei minha mão e esfreguei meus olhos. Tive um pesadelo terrível, mas tudo parecia tão vívido. Sentei-me na cama e coloquei minha mão no topo da minha cabeça dolorida.

- Você está acordada?

Uma voz suave e melódica falou, o que me assustou. Eu olhei para cima, e vi um rosto familiar.

- Me desculpe, eu não queria te assustar. Eu não vou te machucar Katrina. - Ele rapidamente se desculpou. Seus olhos pareciam tristes. Seu rosto estava quase em branco.

Abri a boca para falar, mas não saiu nada. Eu fiquei sem palavras. A noite passada não tinha sido um sonho. As imagens começaram a piscar diante dos meus olhos. Meu corpo ficou tenso com a memória horrível.

- Você está bem? - Ele perguntou com uma voz arrulhada, então deu um passo à frente e colocou a mão no meu ombro. Incapaz de falar, eu puxei sua mão. Eu olhei para ele com amargura.

- V-você o matou. - Eu engasguei.

Sua mandíbula cerrou e seus olhos brilharam de dor.

- Foi um acidente.

Incapaz de reprimir minha raiva, comecei a gritar com ele.

- Não, não foi. Você atirou nele!

Ele agarrou meu braço com força.

- Isso não era pra ter acontecido!

Eu engasguei de dor quando senti sua mão agarrar meu braço com força. Eu o encarei com horror. Lágrimas começaram a se juntar em meus olhos.

JOE'S POV

Meus olhos se suavizaram assim que vi as lágrimas escorrendo em seu lindo rosto. Ela estava com medo. Ela estava com medo por minha causa. Soltei seu braço e me sentei no chão frio e duro. Eu enterrei meu rosto em minhas mãos. Eu não sabia mais quem eu era naquele momento.

Eu a senti sentando ao meu lado. Sua presença era muito forte para não ser capaz de notar. Eu olhei pra ela. Ela me observava com atenção. Seus olhos castanhos estavam fixos nos meus. Era quase inebriante. Eles estavam procurando por respostas. Eu desviei o olhar.

- Pode ir. - Sussurrei baixinho, mas foi o suficiente para ela me ouvir claramente.

- Não...

Sua voz angelical, mas naquele momento não muito suave, finalmente falou. Eu lentamente balancei a cabeça. Não me preocupei em perguntar por quê. Nós apenas ficamos sentados em silêncio, mas de alguma forma isso me deixou mais em paz.

KAT'S POV

O silêncio encheu toda a sala por um bom tempo. Muitos pensamentos estavam passando pela minha cabeça, incluindo o fato de que estava sentada com um cara que matou alguém e eu nem sabia o por quê. Também não sabia por que tinha escolhido ficar.

- Ele era meu melhor amigo. - Ele finalmente quebrou o silêncio. Ele engoliu um nó na garganta. – Nós sempre costumávamos nos encontrar naquele lugar, naquela mata... Nosso pequeno grupo, toda sexta à noite. Éramos amigos desde o ensino médio. Éramos 5. – Ele lembrou com um olhar triste e distante – Ontem a noite, não era para a gente se encontrar, por causa da chuva, mas fomos mesmo assim. Ele chegou tarde, e chegou armado. Disse que precisava, por precaução. Os caras começaram a beber, se divertir, e logo começou uma discussão disfarçada de brincadeira... Ele apontou a arma pra um dos nossos amigos, a confusão se instalou rápido, e eu só me lembro te tentar desarma-lo... – Ele balançou a cabeça em agonia – A arma disparou, e estava na minha mão. Tudo que consigo me lembrar é do corpo dele caído no chão com uma poça de sangue em volta dele, e todos desapareceram. – Ele fechou os olhos.

Eu coloquei a mão na boca. Fiquei muito chocada para dizer algo. Meus olhos o estudaram. Tristeza e dor estavam escritas no seu rosto. Eu não sabia se acreditava nele.

- Foi minha culpa, mas não foi minha intenção! Eu não queria matá-lo. Ele era meu melhor amigo, por que eu faria isso?

Ele olhou para mim, pude ver as lágrimas tentando não escorrer por todos os olhos. De repente, senti uma necessidade de abraçá-lo, então eu fiz. Eu passei meus dois braços ao redor dele e o abracei fortemente. Senti seu corpo enrijecer, mas depois relaxou. Ficamos ali por algum tempo, quando ele se afastou rapidamente.

- Você precisa dormir. Pode ficar com a cama, eu durmo no carro.

- Como você... Como você sabia... Meu nome? - Perguntei confusa assim que recompus.

- Sua carteira de motorista... Estava caindo seu bolso quando você desmaiou.

Não consegui dizer mais nada, e ele saiu pela porta.

Uma bala com o meu nomeOnde histórias criam vida. Descubra agora