Capítulo 05: Sabrina Silva

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Ela se mudou para Pedra Dourada quando tinha 17 anos. Veio com a mãe que, após se divorciar, resolveu voltar pra terra onde tinha nascido. Até então, Sabrina Silva só conhecia o lugar por conta dos passeios de férias.

Sempre à frente de seu tempo, a mulher logo ganhou fama por seu espírito empreendedor. Em pouco tempo, Sabrina tinha montado o maior bordel da região. O Coup de Foudre atendia à todo tipo de clientela. Iam pra lá dos menos favorecidos financeiramente aos grandes empresários e políticos da região. 

E suas meninas jamais faziam distinção entre um cliente e outro. Esse era o diferencial. Madame Sabrina, como ficou conhecida à época, fazia questão da igualdade ali dentro. Não importa de quem o dinheiro vinha. O valor era igual, portanto, o tratamento também.

Para além de Bordel, os negócios com a marca Coup de Foundre se expandiram: tinha um hotel-fazenda com piscina e tudo o mais, uma casa de massagem e uma sauna. Tudo para todo tipo de gente. 

Mas, em sua vida privada, Madame Sabrina era absurdamente discreta.

Ela sabia que, por mais mente aberta que ela pudesse ser, jamais iria conseguir tirar a má impressão das pessoas daquela cidade com relação a seus negócios. Negócios milionários por conta da própria Pedra Dourada, mas que, nem por isso, menos julgados.

Mas, com o passar do tempo e o avançar da idade, Madame Sabrina sentiu-se carente, necessitada. 

Ela precisava se apegar a algo para acalentar a alma. 

Foi quando surgiu em sua vida Amelice Ferreira. 

A Irmã da igreja evangélica tratou logo de ajudá-la e, de forma sigilosa, levava a palavra de Deus regularmente para a mulher.

Aos 53 anos, Madame Sabrina Silva estava sentindo-se cada vez melhor.


* * * 


Assim que ouvira o nome Sabrina Silva vindo de Gregory, Leyla sentiu-se tremer. 

Ela julgou, mesmo sem querer, Amelice Ferreira. 

Afinal de contas, era meio impossível de não fazer isso, levando em conta todo o passado de Amelice e toda a história de Sabrina.

O que uma estava fazendo com  a outra, afinal?

Isso, mesmo sem ser questionado, Gregory respondeu:

"-Ela pediu ajuda espiritual à Amelice. Não queria vir até a igreja, então, Amelice ia até ela uma vez por semana para conversarem, pra que uma apresentasse a Palavra para a outra.".

Priscila tinha se contentado com a resposta do noivo, mas, Leyla não.

Embora não tivesse compartilhado aquele sentimento com Gregory ou com Priscila, Leyla sentia que, para além dos ensinamentos sagrados, havia algo naquela relação. Talvez ela estivesse julgando mal toda a situação, mas, ela tinha um faro e, de um jeito ou de outro, não poderia desprezar seus instintos. 

- Ela não vai nos dizer muita coisa! - exclamou Priscila, enquanto dirigia o Fiat Mobi branco pelas ruas de Pedra Dourada, indo em direção ao Coup de Foudre - o Bordel - onde ficava também a mansão de Madame Sabrina.

- Eu sei... Mas, não custa tentar, né?!

- Se ela nos disser qualquer coisa, será sobre os ensinamentos sagrados.

- Talvez ela deixe escapar algo.

- Ah, é, Leyla - ironizou Priscila - Eu me esqueci sobre seu dom natural.

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