Capítulo 13: A Loira

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Gregory estava pensativo.

Será que a pessoa na qual ele mais confiava estava traindo-o daquela forma? Será que, no fundo, sua mãe tinha razão? Amelice Ferreira era incapaz de mudar tanto.

Gregory estava deitado em sua cama, olhando para o teto e a escuridão da noite não  o deixava ver muita coisa. As mãos sustentando a nuca, o peito aberto.

Ele respirava profundamente e procurava controlar seus pensamentos. 

Aos poucos, ele começava a se questionar sobre a pessoa que ele tinha alimentado no seio de sua família e tratado tão bem. Será que ela merecia tudo aquilo? 

O celular começou à vibrar ao lado dele. Ele o apanhou e viu que eram algumas mensagens de texto. Ele conhecia muito bem aquele remetente, era seu caso mais duradouro.

"Precisamos nos ver hoje" dizia a primeira mensagem.

"E eu não aceito um não como resposta, Gregory. Já faz tempo demais!"

Por fim, impunha:

"Te espero no lugar de sempre às 22Hrs, não me decepcione.".

Gregory deu um outro suspiro. Ele sabia que estava falhando com o outro, claro. Mas, como poderia ser diferente?! Amelice estava morta e ele não tinha cabeça para mais nada.

Só que a vida precisava continuar. E, depois de ter tido fortes indícios de atividades ilícitas dela, ele realmente precisava relaxar e, sem dúvidas, aquela era a melhor maneira.


* * * 


A nicotina percorria toda a circulação de Leyla, enquanto ela se punha a pensar sobre tudo o que já estava sabendo sobre Amelice Ferreira. Ter visto aquele carro branco com vidro rachado nas câmeras de segurança e, depois, ter descoberto que esse carro pertencia à igreja de Amelice tinha sido um baque maior do que o que ela julgava que poderia ser.

Carlos Daniel ter entrado para a jogada, decerto, tinha sido algo bom, ela precisava admitir. Embora o ego ferido ainda doesse muito.

Ela estava sozinha sentada ao luar, num banco velho de badeira instalado no quintal de sua casa. Àquela altura, sua avó já tinha se deitado. 

Era somente ela, seus pensamentos e as estrelas.

Ela sentia - pode-se chamar de instinto de Detetive ou sexto-sentido - Que Amelice Ferreira tinha sido morta e, aquele carro pegando-a na avenida era prova de que o que ela pensava era verdade. Infelizmente.

Ela procurava por culpados em sua cabeça, mas, era tudo tão confuso. 

Gregory Aguiar poderia ter matado Amelice, já que ele era gay e ela sabia disso, o que poderia ameaçar toda a vida de aparências que ele estava disposto a viver.

Miguel Maya também poderia ter matado a amante, já que ela tinha destruído a vida dele anos antes.

Gildete, ex-mulher de Miguel, também tinha seus motivos.

Isso sem falar a quantidade de pessoas da Igreja, que, sabendo de alguma coisa, poderia ter motivos também.

Era muita gente.

Amelice era complicada. Aquilo seria difícil.

Mais um trago no cigarro.


* * * 

O lugar de sempre ao qual o remetente da mensagem havia se referido, era um loteamento um tanto quanto deserto na saída oeste de Pedra Dourada - bem próximo á pista de pouso - onde eles dois costumavam se ver metódicamente todas as semanas.

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