Depois de ver o amor de sua vida quase morrer em sua frente, Bakugou tenta seguir a vida criando a sua filha enquanto sua esposa não acorda do coma.
Casados, esgotado e desesperado, ele vê a famosa luz n fim do túnel, quando o amor de sua vida acord...
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Encaro a parede vermelha com vários detalhes pretos e verdes do quarto de Mirai, esperando que a pequena terminasse de arrumar seus ursos de pelúcia pra dormir.
Me sinto frustado, cansado, desejo somente me deitar na cama e não acordar por um bom tempo. Eu esperei dias, dias, dias, dias e horas, mais horas e mais horas tudo pra tê-la comigo. Tudo o que eu queria era a Harumi de volta, mas quando ela acordou, não era ela inteira, mas só uma parte dela, a parte quebrada, destruída e fudida.
Conversei várias vezes com ela sobre o passado, mesmo ela não gostando, sempre me dizia coisas sobre sua infância e adolescência. O mais triste era que ela aprendeu a se tornar o que era sozinha, ela aprendeu a ser feliz sozinha. No caminho encontrou pessoas que a fizeram feliz, mas a felicidade verdadeira ela conseguiu sozinha.
Eu queria ao menos poder fazer uma parte dela voltar. Porque ela agora me odeia, ela me odeia com todas as forças. Ela nunca demonstra sentimento, nem tristeza, nem felicidade, no máximo nojo ou uma máscara fingindo desgosto. Queria que o primeiro sentimento que ela demonstrasse fosse ao menos um pouco de felicidade, pensei que pela última noite no hospital, pela inquietação só saber que voltaria pra casa, eu estava no caminho certo. Quase chorei por vê-la completamente confusa e assustada com Mirai chorando em seu colo, tudo o que eu quero é a Harumi de volta. Mas o primeiro sentimento que ela demonstou abertamente foi tristeza e depois ódio.
Ela sumiu já faz três dias, fui atrás dela e a encontrei no cemitério ao lado do túmulo da mãe e irmã. Ela me olhou com ódio e sumiu novamente.
- pronto papai - Mirai se atira no meu pescoço quase me derrubando da mini cadeira cor de rosa a qual estava sentado - boa noite, meu amor - ela ri e sinto meu peito doer, Harumi que me dava esse boa noite
- boa noite, Teddybear - beijo sua bochecha gordinha e a garota me solta se deitando na cama pegando o ursinho preferido dela, o que Harumi ganhou em uma feira da U.A a cerca de cinco anos atrás
- papai - Mirai me chama abraçando o ursinho com mais força. Olho a menina inquieta querendo perguntar alguma coisa - eu te amo, papai, boa noite - se vira indo dormir
Me sinto pesado, me sinto completamente desgastado. Desgastado o suficiente pra não perguntar para a pequena o que ela queria saber. Porque no fundo, lá no fundo eu sabia. Ela iria perguntar novamente sobre Harumi, e o covarde que sou não aguentaria por muito mais tempo hoje, eu precisava me trancar no meu quarto, sozinho.
Eu poderia muito bem estar destruído ou perto de plena loucura, mas desde que ela sumiu depois de saber sobre a morte da família, eu sempre sinto seu olhar. Ela ainda está com medo de voltar, medo de qualquer aproximação que possa a fazer se apegar, por isso acho que posso continuar aguentando mais um pouco.
Saio do quarto de Mirai encostando a porta, passo os olhos pelo quarto vazio de Naomi e vejo que não tinha ninguém. Reviro os olhos descendo as escadas, vou pra segunda sala, a de livros dando de cara com Naomi e Todoroki sentados no sofá, cada um com uma garrafa na mão. Todoroki com um bourbon e Harumi com um vinho.
