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S/n:

Me acordei com o canto dos passarinhos. Fui até janela e os vi cantarolando felizes em uma árvore.

Deve ser bom ser um pássaro. Voam, cantam como ninguém e são lindos. Finalmente vi seres fofinhos.

Me arrumei para mais um desastroso dia de trabalho e fui para o quarto de Edmundo.

Dessa vez a porta estava totalmente fechada, não consegui ver absolutamente nada do que estava acontecendo lá dentro, então tratei de bater logo na porta.

— Entra. — ele respondeu.

Abri a porta devagarinho e o encontrei ainda deitado na sua cama.

— Precisamos conversar. — falei e parei no pé da cama.

— Não tenho nada o que conversar com você, agora vá trazer meu café da manhã. Deve estar na cozinha, sei lá. — ele disse e se virou para o outro lado da cama.

— Hoje você vai me ouvir.

— Eu não quero te ouvir.

— Eu quero me desculpar, mas precisa entender que agi por impulso, como você.

— E agir por impulso foi a pior decisão que fiz. Traga o meu café da manhã, estou com fome.

Saí daquele quarto e fui pegar essa comida. Aproveitei para comer alguma coisa na cozinha.

Depois voltei para o quarto dele.

— Por que demorou tanto? — ele perguntou, ainda deitado.

— Não devo nenhuma satisfação. — falei e coloquei a bandeja na cama.

— Deve sim, eu sou o rei e todos me devem uma satisfação. — ele disse e finalmente se levantou.

— Demorei pois aproveitei que fui até a cozinha e peguei uma pêra para comer. Satisfeito, majestade?

— Uhum. — disse e pegou a bandeja de comida.

Parecia estar tudo muito bom. Não posso mentir, os cozinheiros daqui são ótimos, melhores do que os do meu antigo castelo, pena que quase tenho comido.

— Você ainda precisa de mim para alguma coisa? — perguntei enquanto ele se deliciava com um bolinho de queijo.

— Não. — disse e virou o rosto.

— Vai mesmo me tratar assim o tempo todo?

— Assim como?

— De forma tão seca. Eu deveria ter raiva de você, não o contrário.

— Achei que você gostasse desse tipo de tratamento, sempre foi seca e rude comigo.

— Eu tenho motivos, você não.

— Eu não tenho? Você apontou uma arma para mim.

— Você matou os meus pais.

— Se você pudesse, me mataria também.

— Não. Eu jamais faria isso. Apesar de estar magoada, eu seria incapaz de tirar a sua vida ou de qualquer um outro.

— E o que te impediria de me matar?

— A culpa.

— Por que se sentiria culpada se foi eu quem matei seus pais e estraguei a sua vida?

— Porque eu não sou uma assassina. Não busco por vingança.

— E se você fosse assassina, o que te impediria?

— Aonde você quer chegar com essas perguntas?

— Responda minha pergunta.

— Eu não vou responder esse absurdo. Não sou e nunca serei uma assassina.

— Nunca diga "nunca".

— Nesse caso eu posso dizer "nunca".

— Será?

— Sim, com toda certeza.

— Veremos até quando. Bom, eu vou me arrumar. Pode levar essa bandeja para a cozinha, já estou satisfeito.

— Tá bom.

Peguei aquilo e voltei para a cozinha. Deixei em cima de uma das mesas e voltei para o quarto.

Como Edmundo estava trancado no banheiro, fui mexer nas coisas dele, começando por uma mesinha de anotações cheia de gavetas.

Não tinha absolutamente nada demais. Papéis em branco, contas matemáticas, papiros e tratos. Coisas bem chatas.

Demorei muito mexendo naquelas coisas, não deu tempo de olhar as estantes pequenas que ficavam ao lado da cama.

Peguei dois envelopes e escondi na minha roupa. No meu quarto eu leria o que estava escrito.

Guardei tudo o mais rápido que consegui quando escutei o som dos seus sapatos sendo calçados.

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só faz merda essa menina

𝑆ℎ𝑒 𝑤𝑖𝑙𝑙 𝑏𝑒 𝑞𝑢𝑒𝑒𝑛 | 𝐸𝑑𝑚𝑢𝑛𝑑𝑜 𝑃𝑒𝑣𝑒𝑛𝑠𝑖𝑒Onde histórias criam vida. Descubra agora