A rotina ficou mais fácil com o tempo, tudo que tinha de ser feito no dia já havia sido decorado por Louis, que passou a apreciar sua mãe e seu padrasto dez vezes mais do que antes. Ele estava cansado e esperando por notícias enquanto colocava as roupas no varal.
Era estranho que, ao mesmo tempo em que estavam passando por uma situação difícil, tudo que ele poderia e deveria fazer no momento era manter a normalidade. Ele deveria manter as tarefas domésticas em dia e ajudar as crianças na escola, enquanto esperava algo mudar... Se Louis fechar bem os olhos, por um segundo, ele pode fingir que na verdade o casal foi para uma segunda lua de mel enquanto ele se ofereceu para cuidar das crianças com Sarah.
O telefone toca na cozinha e o de olhos azuis dispara ao seu encontro, o nome no visor estava em caixa alta porque ele achou que de alguma forma isso o alertaria mais... Como se ele não estivesse em constante estado de alerta.
Seu padrasto estava aflito ao telefone, e Louis soube que não era hora de viva voz ou conversas altas, então ele vai para o quintal tentando evitar que fosse ouvido pelas outras pessoas da casa, já com suas mãos tremendo.
- Apenas diga de uma vez, quão ruim é? - Ele pronuncia assim que bate a porta para o lado externo da casa.
- Estão colocando ela na UTI, eu não posso mais ficar, por causa do covid eles não deixam pessoas lá... Ela vai ficar sozinha Louis, eu não sei o que fazer... - O mais velho diz com a voz chorosa ao telefone. Louis sempre teve um pouco de medo dele, desde que sua mãe se casou novamente ele sempre esteve com ou um pé atrás ou com ciúmes, agora ouvindo a sua voz, ele vê o quão parecido os dois estão no momento.
As palavras demoram de ser captadas, ele também não sabe o que fazer... Anna teria a resposta, em todas as vezes, todas situações de hospital, ela era quem estava no comando. Eles não funcionavam sem ela.
- Apenas me escute ok?- Ele começa, sem ter certeza de como continuar - Você deveria ficar por ai, digo... Um hotel talvez? Só no caso de- Ele suspira, não planeja falar aquelas palavras. - Algo mudar, no caso de algo mudar...
- As crianças-
- Elas estão bem, digo, na medida do possível...
Eles passam a próxima meia hora dando detalhes sobre suas respectivas situações, Louis descobre que Anna teve um breve momento de melhora antes de seguir para um estado pior. Ele também não sabe como a falta da mãe pode afetar os gêmeos naquela idade, mas está começando a ter uma ideia já que descobriu que eles não costumam chorar tanto a noite como anda acontecendo na última semana.
Quando desliga, a exaustão lhe acerta em cheio. Mesmo entrando num ritmo, essas atualizações nada positivas acabam com ele. Ainda assim, não há tempo para sentar e chorar de novo, ele tem que cozinhar.
...
Harry estava começando a achar que se acostumou com a presença de Louis, era estranho fazer mais comida do que o necessário para uma pessoa. Isso sem contar as vezes que ele se chateou por bater na porta do mais velho e não obter resposta, se lembrando mais tarde de que ele não estava lá.
Eles tem trocado mensagens esporádicas para saber se está tudo bem, Harry tem um embrulho no estômago sempre que lê as palavras "sem melhora".
Seu trabalho tem estado mais acumulado, desde que ele não consegue se concentrar por muito tempo. E se ele tem ligado mais vezes para sua mãe esse mês, não admitiria.
Acontece que, por mais egoísta que possa ser no momento, ele tem pensado muito em sua própria realidade. Harry sabe agora, ele não tinha notado o quão solitário ele era até Louis invadir seu espaço e sua vida.
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We could be enough - L.S.
FanfictionQuarentena AU É Fevereiro de 2020 e Louis está deixando seu apartamento, seu contrato acabou e ele nem de longe quer renovar para continuar naquela espelunca, então entrega as chaves e vai morar com seus amigos até encontrar um lugar. E aí o mundo v...