We could be enough - L.S.

Too much to talk

Louis não encontrou o prato que preparou na noite anterior no lugar que tinha deixado, ele imediatamente sorriu e pensou em perguntar se Harry tinha gostado, mas bastou abrir a geladeira para essa sensação morrer. Bom, pelo menos ele tinha tido a decência de colocar lá para não estragar.

Depois de passar o dia no quarto sem saber o que fazer com seu tempo, resolve ler. Ele pega um George Orwell de sua pequena coleção, o único de tal nome, mas desiste nas primeiras cinco páginas e muda para Ranson Riggs. Seus amigos agora diriam que ele, como adulto, deveria ler livros "condizentes", mas só alguém muito sem imaginação para considerar Riggs uma literatura infantil.

Seu quarto estava quente como o inferno, ele não sabia o que estava acontecendo com a primavera londrina, mas o que parecia é que alguém estava girando aleatoriamente o termostato da cidade. Sendo assim, ele decide ler na varanda, nunca tinha usado aquela parte da casa e muito menos via Styles lá... Não que ele o visse muito de qualquer forma.

A leitura vai muito bem, e diferente da primeira escolha, ele consegue avançar bastante. Os alemães estavam prestes a bombardear o céu do orfanato com Jacob desesperado pela situação, quando Louis começou a sentir sono, não pelo livro mas sim pelo fato do ambiente estar agradavelmente climatizado, a brisa que vinha da enorme janela era reconfortante e os sofás naquele canto pareciam dez vezes mais confortáveis. Antes que pudesse perceber, ele estava cochilando.

Louis estava sonhando com ele se transformando em um pássaro quando começou a ouvir seu nome, ele achava que era um chamado para a jornada do herói em seu sonho onde se fazia o protagonista, mas quando ficou mais e mais alto, em tons que não soavam melodiosos como um sonho deveria ser, ele despertou.

Era Harry.

O cacheado estava olhando para ele com aquela cara de quem estava prestes a repreende-lo, Louis está começando a achar que essa era a cara normal dele, ele não tem tempo de lembrar quem ele é ou passar a mão no rosto para melhorar sua aparência, Styles começa a falar.

– Este não é um local apropriado para dormir, não faça isso. – Harry diz com as mãos para trás em sua postura que deveria demonstrar alguma coisa, Louis só não sabe o que é. Ele não tem nem tempo de pensar sobre isso porque assim que processa as palavras do maior, ele quer se enfiar num buraco.

Louis não vai 'fazer isso' de novo, ele decide. Qual o problema de uma soneca na varanda? Harry sequer já tentou isso? Os vizinhos estão usando binóculos e vão reporta-lo por babar ou o que? E o pior de tudo, estava sendo um sonho muito bom. Louis está, sinceramente, furioso. – Você só pode estar brincando comigo, senhor Styles – Louis não admitiria que foi sarcasmo, nunca.

– Eu não brinco. – ele responde, sério. Louis pensa nas possibilidades do rumo da conversa e apenas suspira, ele não tem muitos direitos aqui.

– Quer saber? Está bem, me desculpe. Não vai acontecer de novo.

O menor pede licença porque apesar de tudo ele não quer dar mais motivos, e volta para o seu quarto onde passa o resto do dia.

...

Na manhã seguinte, Tomlinson acorda as duas da tarde. Esse não é o seu melhor dia, mas pode culpar a noite que não conseguiu dormir pensando demais em tudo e nada ao mesmo tempo. Depois de ontem parece que ele está andando em um campo minado. Louis se sente um idiota quando Harry lhe direciona alguma reclamação. Esta não é a sua casa e ele apenas tem que acatar tudo, mas isso não o impede de se sentir um lixo, e tudo só piora porque sabe que é sua culpa. Ele foi demitido por não ser um profissional bom o suficiente, ele se precipitou em mudar de seu apartamento antes de arrumar outro, ele escolheu um lugar sem conhecer o dono antes. Tudo era resultado de suas escolhas e não da mais pra lidar com isso.