Capítulo 1

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— Não vai dizer o que está acontecendo?

Nem mesmo havia percebido que olhava para um ponto da minha mesa por muito tempo até Fabiana me chamar a atenção.

Os primeiros dias de aula são sempre os piores, depois de tanto tempo fora do ambiente escolar fica difícil focar novamente nas coisas que os professores falam e na matéria que temos que aprender em um dia, as vezes.

Mas hoje o dia estava conseguindo ser ainda pior.

— Tudo de errado está acontecendo, Fabi — respondo me virando para o lado na mesa que dividimos nas aulas a olhando como se ela fosse louca por ter feito uma pergunta tão óbvia.

— Eu sei que você odeia os primeiros dias, coisa que eu não entendo por completo, mas nada está acontecendo. Na verdade o dia está ótimo. — As vezes o jeito da Fabi me incomoda, mas ela é minha única amiga e não deixaria ela de lado só por nossas opiniões diferentes.

— Fabi, já reparou quem está na nossa sala? — pergunto o óbvio.

— Amiga, estudamos juntos com todos aqui desde os 11 anos.

— Não com o Anthony.

— Ah! Isso — era nítido que ela não gostava de quando eu reclamava dele, até porque Fabi gosta dele desde o momento que colocou os olhos nele no primeiro dia dele aqui no colégio, já eu, sou o contrário.

Quando você e sua melhor amiga tem uma opinião diferente sobre alguém, suas conversas sobre essa pessoa são bem complicadas.

— Você não cansa dessa coisa de odiar ele nunca? — pergunta com ar de cansada — Todos já nem lembram mais o que aconteceu.

Fiquei quieta, mas era lógico que lembravam. E ela sabia.

Até hoje pessoas riam quando lembravam ou quando a foto que tiraram vinha a tona, foi o momento mais constrangedor da minha vida, mas o pior de tudo foi ver aquele metido insuportável agindo como só eu tivesse culpa da história me fazendo pedir desculpas e contando para quem quisesse ouvir a versão dele.

Tem gente que se nos ver no mesmo ambiente já dá risada. Não quero nem pensar como vai ser estudar com ele na mesma turma até o final do ano e, possivelmente, o ano que vem todo. A minha vida vai ser um inferno maior do que ela já é.

— Talia! — acordo mais uma vez quando a professora chama minha atenção — Presta atenção na chamada, pelo menos nisso você não deveria ser ruim.

— Desculpe. Vou prestar mais atenção.

Era isso que eu odiava: as chamadas que faziam todos rirem de mim, em forma baixa, é claro, não são loucos de rirem alto e correrem o risco de tomarem algum tipo de advertência. Mas o pior foi olhar para o lado e ver um sorrisinho na cara debochada de Anthony, aquele olhar parecia me chamar de burra de tantas formas que o que eu mais queria era quebrar o rosto dele até que ficasse difícil para ele lançar aquele e qualquer outro olhar novamente.

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