— Eu posso ir embora andando sabia? — digo para a secretária enquanto espero meu pai aparecer para finalmente ir para casa.
— As ordens são para você não sair daqui sozinho, apenas com um responsável.
Bufo e afundo na cadeira devido a resposta nada satisfatória para mim. Não entendo o porquê de tudo isso, foi só uma pequena discussão, algo que para nós dois é mais comum do gostaria de admitir.
Perdi o final da aula tudo por causa da menina que não pode ouvir uma piadinha que já entra em um estado de surto pior que o outro.
— Desculpe o atraso. — Ouço a voz do meu pai vindo da porta recém aberta atrás de mim — Fiquei preso no trânsito.
— Sem problemas, Carlos, já contei o que aconteceu pelo telefone. — diz o diretor saindo da sala dele e cumprimentando meu pai — Só precisava que viesse buscar o Anthony, políticas da escola.
— Claro, claro, sem problemas. Vamos, filho. — diz a última frase virando para mim e já seguindo para a porta de saída.
Levantei o mais rápido que consegui e segui para saída sem olhar para trás. Como o sinal de saída já havia tocado, todos os alunos estavam no pátio e, enquanto eu passava, olhavam para mim e cochichavam entre eles. Aparentemente as notícias já haviam se espalhado.
Tudo nessa escola é tão parado que a mínima briga, geralmente entre mim e Talia, é motivo o suficiente para ficarem dias falando sobre sem parar.
O caminho até o estacionamento não foi tão longo, mas pessoas me encarando como se eu fosse algum tipo de atração sempre me incomodou. Olhadas normais de adolescentes interessados no aluno novo, tudo bem, mas agora esse outro tipo de olhar, como se eu fosse algum tipo de entretenimento, é horrível, ninguém gosta desse tipo de olhar, mesmo que eu ache que algumas pessoas mereçam.
Chego no carro bem antes do meu pai, mas ele logo me alcança e para na minha frente antes mesmo de abrir o carro.
— Pode me dar um sermão dentro do carro? — pergunto olhando e apontando com a cabeça para as pessoas que estavam dentro no estacionamento e começavam a olhar para nós dois.
Meu pai olha para onde apontei e concorda silenciosamente, logo indo para a porta do motorista enquanto abre o carro e nós dois entramos.
— Você já estava há mais de quatro anos sem se meter em nenhum tipo de confusão. O que mudou? — ele começa já ligando o carro e saindo do estacionamento da escola.
— Não foi algo tão grande, sabe o quanto o diretor exagera quando acontece algo assim.
— Não tente passar a culpa para alguém que estava fazendo o trabalho dele, Anthony.
— Não estou. Só disse que não foi nada demais. Só discuti com uma menina lá da sala.
— E por quê? Qual a necessidade de discutir com alguém da sua sala? Ainda mais no primeiro dia de aula! Teve sorte disso não ter ido para seu histórico. — ele faz uma pausa e respira fundo, o que e faz olhar desconfiado para ele tentando adivinhar suas próximas palavras — Sabe que tudo que vai para o seu histórico chega até ela.
Paro antes de dizer minhas próximas palavras, não gosto de brigar com o meu pai, principalmente por causa desse assunto. Sei que assim como eu, isso ainda é algo que incomoda ele e o machuca na maior parte das vezes.
— Não deveria. Você é meu responsável legal.
— Faz parte do acordo, ela é notificada sobre sua educação até o final do ensino médio. Isso inclui a sua decisão de carreira pós escola.
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Nossa verdade.
RomanceDizem que um segredo nunca é mantido assim por muito tempo. Sempre alguém conta. Por raiva, amor, preocupação ou até maldade pura. Por isso sempre devemos guardar os segredos somente com uma pessoa, nós mesmos. Talia sabia disso mais do que ningu...