Nossa verdade.

Capítulo 9

Não é possível que tudo isso esteja acontecendo.

Primeiro sou obrigada a mudar de dupla, depois tenho que lidar com um Anthony que nunca sabe o que quer de verdade, ai dou uma chance para ele achando que ele queria me ajudar, depois ele volta a me tratar igual um bicho e perdi minha única e melhor amiga, por causa do Anthony.

Eu nunca me importei com as perdas de amizade, mas dessa vez está sendo diferente. Não que eu esteja sofrendo pela falta que a Fabiana está fazendo na minha vida, quer dizer, é ruim não ter ninguém do seu lado, mas isso já acostumei, o que me irrita mesmo é ver ela falando com o Lucas, melhor amigo do babaca que faço dupla, e me olhando logo em seguida. Já fomos melhores amigas, se ela tem algo para me dizer, deve dizer na minha cara.

Mas é óbvio que ela não ia fazer isso, Fabiana gosta de chamar atenção, não duvido que tenha dito algo para o Lucas que falou algo para o Anthony. Ela sempre faz isso, se alguém faz algo que não esteja nos planos dela, ela acaba com a vida da pessoa e não duvido que esteja fazendo o mesmo comigo no momento. E esse é o pior de tudo nessa situação. Porque eu sei que não tenho como me defender.

Para tentar esquecer a situação terrível que me meti, e esfriar a cabeça depois das provas de hoje, passei o dia, desde a hora que voltei da escola, pintando.

Tentei evitar, mas foi impossível não pintar a cena que vi aquele dia na trilha, por mais que tudo que veio depois não seja algo que queira lembrar, aquela vista é o oposto.

Aquilo foi a única coisa que me deixou feliz de verdade nos últimos dias. Nem mesmo o fato do meu pai ter voltado de viagem pode me animar de verdade, mas aquela paisagem, eu nem sei explicar como me senti, foi algo magnífico, mais do que isso, eu me senti viva de verdade depois de muito tempo.

Sempre que vou para lugares diferentes presto atenção em algo para pintar quando voltar para casa, mas sempre acabo esquecendo de um detalhe ou outro, só que dessa vez foi diferente. Eu me lembrava de cada detalhe do lugar, nada havia escapado da minha vista e memória. Como algo assim é possível?

— Talia! — Estava tão distraída com meus pensamentos e minha nova pintura que quase cai da cadeira com meu pai na porta do meu quarto me chamando.

— Meu Deus, homem! — digo com a mão no coração e tentando regular minha respiração — Não bate mais na porta não?

— Eu bati, mas você não ouviu. — Ele entra no quarto e vem ver o que estou pintando — O que está pintando?

— Só mais uma paisagem — respondo olhando para a pouca coisa que tinha na tela — Quer alguma coisa?

— Na verdade sim, você não vai acreditar no que eu descobri! — Por isso não me importava em ter amigas ou não, meu pai agia como minha melhor amiga na maior parte do tempo.

— Não vou mesmo. O que é? — pergunto virando a cadeira para a minha cama, onde ele sentou segundos antes.

— A sua nova dupla no colégio, Anthony, é filho do meu parceiro de trabalho. — Acho que ele pensou que eu estava esperando ele continuar falando, já que fiquei muda, mas na minha cabeça, não era isso que se passava — Descobri hoje na empresa quando ele me contou que você estava indo lá para os trabalhos da olimpíada e feira. Isso não é inacreditável?!

— É, é sim.

Era só isso que me faltava, agora meu pai e o pai do Anthony são amigos. E se conheço bem meu pai ele não veio até aqui para falar comigo só para me dar essa informação.

— Pois é, mas enfim, o que vim mesmo falar não era isso. — Não disse? — Marcos nos chamou para irmos lá no sábado, eu e ele vamos fazer um churrasco que já estamos dizendo há tempos que faríamos, mas todo o trabalho e troca de equipes nunca permitiu e você e o Anthony podem fazer os trabalhos.