Capítulo 6

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A semana se passou normalmente, sem muitas surpresas ou ligações indesejadas. Claro que ir a escola não está sendo a melhor coisa do mundo, mas não tive nenhum outro tipo de estresse.

Minha mãe não deu mais nenhum sinal de vida até o final de semana, o que facilitou para estar de bom humor, ou o mais próximo disso, para encontrar a Talia hoje.

Não que eu esteja feliz em encontrar ela, mas não tenho o que fazer além de aturar ela até o final do ano.

— Pai! Tô saindo! — grito enquanto desço as escadas.

Acabamos por decidir fazer o trabalho na casa dela, ela disse que viria aqui, mas eu ir até lá me dá a chance de correr e esfriara a cabeça, assim, talvez, a gente não brigue. Só talvez.

— Quer que eu te leve, filho? — ele pergunta do sofá assim que passo pela sala. Depois da conversa que ouvi entre ele e minha mãe, sentamos, conversamos e resolvemos tudo.

— Não precisa — respondo calçando o tênis. — Vou andando um pedaço e o outro pego uma das bicicletas da cidade.

— Tudo bem, mas se for voltar muito tarde, me liga que vou te buscar.

— Certo. Tchau, pai — digo abrindo a porta e já saindo.

— Tchau, filho. — Já estava do lado de fora, mas consegui ouvir bem ele gritando para falar comigo.

O caminho foi normal para um dia no Rio de Janeiro, a brisa da praia e barulho do trânsito, que estava com um fluxo normal. Tudo bem propício para me acalmar.

Talvez eu esteja exagerando, mas com a Talia todo cuidado é pouco. Ela sempre começa uma briga por motivos bobos que poderiam ser resolvidos de forma pacífica, foi assim que começamos com os nossos problemas, ela sempre fala que eu fiz algo ou falei algo ou, talvez ela só precisasse de alguém que fazer se saco de pancadas, então fiz o mesmo com ela.



Ela realmente me odeia.

Já estava há uns dez minutos esperando ela liberar a minha entrada no condomínio, mas parecia que ela não me queria por perto mesmo.

Quando estava prestes a ir embora e mandar uma mensagem dizendo que poderíamos dividir as tarefas e não nos encontrarmos, o porteiro abre o portão para mim.

— Pode entrar, Anthony. A casa dos Aveiro é de número 548, do lado direito e depois do salão de festas.

— Obrigado.

Agradeço e entro o mais rápido que podia de cabeça baixa, um costume de quando era criança. Levava tão a sério o fato de que não poderiam me reconhecer, que me acostumei a entrar em lugares novos de cabeça baixa, por medo. Tentei perder esse medo há anos, mas nunca consegui, é como se tivesse virado um costume.

Um péssimo costume.

Demoro um pouco para chegar até a casa da Talia, mas assim que chego, para minha surpresa, fui atendido rápido, mas não por ela.

— Oi, querido! Você deve ser o Anthony?! — Uma senhora, com uma aparência de uns 60 anos, abre a porta, que acredito ser a avó dela.

Não sabia que ela morava com a avó.

— Oi, sou sim. A Talia está? — Vai que ela tinha me enganado só para me irritar? Isso é muito a cara da Talia.

— Claro, claro. Entre — ela diz dando espaço para que eu pudesse entrar.

Peço licença e entro na casa. Talvez eu tivesse imaginado a casa da Talia com ossos espalhados, poções em todo o canto, algumas vassouras, mas a casa dela é bem bonita. Acredito que a avó tenha decorado, mas não sei porque consigo sentir um toque da Talia em todo lugar.

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