Angel

Capítulo 1

Meses depois

- Onde está Lucas? - Millie pergunta se jogando ao meu lado.

- Não sei, saiu a algumas horas com uns amigos e uma garota - Resmungo brava.

- Vish, acho que tem alguém com ciúmes - Provoca rindo.

- Não estou com ciúmes - Resmungo. - Só estou chateada, ele disse que ia assistir um filme comigo e me abandonou para sair com garotas.

- Ah Angel, Lucas está conhecendo gente nova, fazendo novas amizades - Ela diz acariciando meus cabelos.

- Que bom, não? Ele faz novos amigos e eu não posso sair com nenhum dos meus - Respondo.

- Porque você é boba, nunca deixaria um homem mandar em mim ou com quem eu converso - Millie diz puxando alguns fios de seu cabelo.

- Eu sei - Digo - Mas só de pensar em vê-lo triste ou magoado comigo prefiro ficar em casa com ele. Eu gosto de ficar perto dele, mas ele tem se afastado de mim, quase não fica em casa e mal fala comigo. Acha que ele parou de gostar de mim? Ou me acha estranha por eu gostar de desenhos e... Bom você sabe.

- Que bobagem Angel! Lucas te ama mais do qualquer pessoa, pode não parecer, mas eu presto atenção nas coisas que acontecem. E acredite quando eu digo, essa distância dói mais nele do que em você - Ela se levanta e beija meus cabelos antes de sair.

- Ei, onde você vai? - Pergunto.

- Vou a biblioteca tenho uns amigos me esperando lá - Diz sorrindo.

- Mentira! Aposto que vai sair com o novato, vi vocês conversando ontem no fim da aula - Digo e ela desvia o olhar corando.

- Tá legal, vou sair com ele, vamos a biblioteca e depois ao cinema - Diz sorrindo.

- Bom passeio para vocês - Murmuro me deitando e cobrindo.

- Se quiser posso cancelar - Propõe.

- Não, tudo bem, vá se divertir. Eu vou ficar bem. - Forço um sorriso.

- Vou trazer um livros e alguns doces para você. - Se despede.

- Obrigada - Sussurro.

***

Me sento na cama tossindo freneticamente, tento me acalmar e fazer o ar entrar em meus pulmões. Meu coração está acelerado e estou ensopada de suor. Grito minha mãe com o último suspiro que consigo dar. Meus olhos se embasam e lágrimas pesadas descem de meus olhos. Soluço alto e sinto como se meus pulmões estivessem sendo esfaqueados, minha mão começa a formigar e meus dedos doem.

Minha mãe entra correndo no quarto e meu pai vem atrás junto a meus irmãos. Ela se assusta e começa a chorar, meu pai me pega no colo me levando para fora. Minha cabeça dói e meus olhos pesam, não vejo mais nada depois disso.

Ouço um apitar constante e vozes abafadas ao meu lado. Abro os olhos e os fecho no mesmo instante, a luz forte e clara arde meus olhos, aperto o pano ao meu lado e sinto uma dor aguda em meu braço. Percebo que estou no hospital.

- Ma... mamãe, papai - Sussurro, mas minha voz sai tão baixa que é impossível alguém ter escutado.

Me esforço e abro meus olhos, aos poucos minha vista se normaliza. Minha mãe está sentada no sofá junto com meu pai. Ouço a porta ser aberta e me viro nessa direção, vejo Lucas entrando no quarto. Meu coração se acelera e minha garganta seca. Sussurro seu nome e o monitor ao meu lado dispara fazendo com que ele olhe para mim.

- Ei, ei, ei - Ele diz baixo se aproximando - Fica calma, respire fundo cerejinha.

Sua voz aquece meu corpo e aos poucos me acalmo sentindo o ar voltar aos meus pulmões, sorri o encarando e me esforço para tocar sua face. Ele é tão bonito, mesmo que não seja filho de sangue de nossos pais, Lucas tem os mesmos olhos que o pai.