Para Bom Entendedor Meia Palavra Basta

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Nota do Autor: Eu achava correntes sexy antes disso.

Os passos finos e sonoros de Anúbis ecoaram naquela imensidão negra, seu barulho repercutiu por todo local a cada passada que dava naquela superfície molhada. Suas roupas haviam mudado, ela usava novamente o macacão preto e a máscara assustadora de doutor do século XVIII. Sua postura estava impecável andando com certa imponência com as mãos para trás.

- Meu lorde! Estou de volta!

Rapidamente o ambiente negro não era mais tão escuro assim, quando um abajur comprido iluminou o pequeno espaço que abrigava uma cadeira de camurça vermelha.

A figura masculina que nela estava sentado, segurava em uma de suas mãos um livro de bonita capa azul com um sol impresso em metálica, e na outra tinha uma pequena taça de conteúdo vermelho, poderia ser sangue, poderia ser suco de acerola, não se sabe. Seus olhos nem levantaram quando Anúbis se aproximou.

- Eu percebi - disse simples - Que tolo não notaria a existência de alguém em seu próprio domínio? - sua última frase saiu ríspida.

- Perdão meu lorde, foi estupidez minha, está correto - falou Anúbis sem se abalar tirando a máscara e se movendo para trás da cadeira passando os braços envolta do pescoço do homem em um abraço desajeitado - Tenho boas novas.

O livro se fechou no mesmo instante que aqueles quatro olhos de cor carmim rolaram para cima, ele se levantou com uma carranca nos lábios, desviando de Anúbis.

- Não precisa me contar, observei seu pequeno encontro pelos olhos do garoto - disse se retirando daquele lugar iluminado, andando de volta ao breu o qual Anúbis seguiu - O primeiro fragmento está pronto?

- Sim, tratei de supervisionar cada detalhe e creio que eles chegaram em pouquíssimo tempo - disse Anúbis com um sorriso orgulhoso - Porém, ainda há algo que me preocupa meu lorde...

- Pare com as curvilíneas e fale de uma vez.

- Sua mãe, tem certeza que ela deixará que faça isso? Digo, ela pode tentar interferir, afinal, os poderes que ela deu a eles, mesmo não estando devidamente aproveitados, são muito poderosos.

Foi então que ele parou, agora em pé era notório como sua altura diferia da de Anúbis, sendo muito mais alto, as roupas coladas deixavam evidente o corpo bem trabalhado e ameaçador, os longos cabelos negros cobriam toda as suas costas, mesmo com uma parte presa em um coque, e se não fosse por aqueles quatro olhos vermelhos, ele até poderia parecer humano, mas com certeza se o comparasse a um, nunca permitiria que visse a luz do sol novamente. O ser se virou, encarando de cima Anúbis, quando a mão agarrou o pescoço fino da mulher, as unhas negras a envolveram e ela sentiu seu ar se esvair. Ele aproximou o rosto do ouvido dela.

- Cite sobre minha mãe novamente, e eu farei uma melhora nos seus lábios os costurando para que tudo o que possa dizer sejam gemidos abafados! - disse com os olhos carmim em puro veneno.

- Desculpe meu lorde! - implorou Anúbis desesperadamente sentindo um gosto amargo na garganta e um sentimento de pavor que a soterrava.

- Ótimo, use isto como um lembrete de nunca falar sobre ela novamente - disse o ser soltando o pescoço dela.

Anúbis afirmou rapidamente com a cabeça e suspirou aliviada quando os olhos mesquinhos saíram de seu rosto voltando a andar.

Chegaram até outro ponto iluminado, duas tochas postas alinhadas ao lado do corpo daquela mulher acendiam o pequeno espaço em uma coloração amarelada do fogo. Correntes pesadas amarravam o pulso magro e pálido dela, que se encontrava de joelhos e cabeça abaixada, os cabelos comprido e ruivos estavam mais do que bagunçados e suas vestes, que se tratava de um longo casaco estilo pirata estava totalmente gasto, havia um hematoma profundo em sua costela e estava aberto, fazendo que o sangue escorresse por ele, e pelo sangue que a banhava inteira, o corte não estava se fechando por alguma razão. A mulher escutou os passos, e logo, deu um meio sorriso.

Os Heróis Que O Mundo EsqueceuOnde histórias criam vida. Descubra agora