capítulo 19

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Daniela narrando

(...)

Algum tempo depois, o doutor voltou a entrar no quarto provavelmente para checar como eu estava e tal, mas como não podia ficar calado, puxou assunto. Ou pelo menos tentou manter uma conversa.

Eu ainda estava ligada ao soro. Acordei depois de ter dormido um pouco já cansada.

O médico me analisa, e depois pergunta sobre o Ricardo.

Médico: o moço que veio consigo é o pai do bebé?

Daniela:  não!- falei sem olhar para ele.

Médico: uau! Ele parecia mesmo muito preocupado! Trouxe até frutas para ti.

Daniela: ah, tá! - falei meio fria, não me apetecia falar. Mas ele se empenhava em puxar assunto.

Notavasse que o médico só tentava ser simpático para que eu não me sentisse tão mal como me sentia. O medo que eu tinha de contar aos meus pais sobre a gravidez foi substituído, por uma dor de ter perdido o meu bebé.

Eu não pensei que fosse doer assim. Logo agora que eu estava a me acostumar com a ideia de ser mãe! Eu só queria gritar, estar sozinha ou até mesmo abraçar o Dioclécio que naltura não estava ao meu lado. Eu sei que ele daria o que fosse para estar comigo, mas eu mal consigo ordenar os meus pensamentos.

Fui interrompida dos meus pensamentos quando o médico finalmente diz que já posso ir para casa.

Ricardo entrou rapidamente no quarto para me ajudar a levantar da cama, e fomos caminhando sem dizer nada até o carro dele.

Estávamos já no carro, enquanto o silêncio se mantinha e eu só conseguia pensar em tudo o que aconteceu.

Finalmente, Ricardo quebra o silêncio.

Ricardo: Daniela sinto muito pelo o que aconteceu. Mas você nem me falou que estava grávida!

Daniela: É! Também já não tem importância visto que o perdi. - falei baixo enquanto apreciava a vista de fora através da janela do carro.

Ele com certeza percebeu que eu não estava no clima.  Mas ainda assim...

Ricardo: Desculpa Daniela! Mas você precisa ser forte, eu sei que és e...

Daniela: eu sei Ricardo! Mas por agora não me apetece falar. Por favor, vamos só para casa.

Ele concordou, e continuamos a viagem até casa.

(...)

Chegamos em casa, Ricardo despediu-se de mim, entregou os vários sacos de frutas e agrados para mim, pediu para que eu me cuidasse, lembrou-me da medicação e foi .

Depois de nos despedirmos, eu fui para o meu quarto e pude finalmente chorar como eu queria. Chorei tanto, que por um instante achei que não fosse ter mais lágrimas, e caí no sono.

(...)

Me levantei a tardinha, e enviei uma mensagem ao Dioclécio a explicar com detalhes o que aconteceu. Quer dizer, pelo menos expliquei o que me lembrava, pois eu não estava com cabeça para pensar.

Tomei um banho rápido, e voltei a me trancar no quarto. Ouvindo música, ele responde a mensagem.

Mensagem on ...

Dioclécio: estou muito triste amor. Eu gostaria de estar ao teu lado nesse momento.

Daniela: eu mais ainda amor. O pior é que não tenho com quem contar. E sinto que a culpa é minha.

Dioclécio: a culpa não é tua amor. - falou tentando me passar tranquilidade.

Daniela: eu não soube cuidar dele. Não conseguia me manter calma quando era preciso...!

Eu estava a me sentir péssima.

Dioclécio: De nada vai adiantar te culpares agora. E que história é essa de que não tens com quem contar agora?

Daniela:  eu estou sozinha nisso. Tu estás distante!

Dioclécio: mesmo distante, eu estou aqui para ti. Quero te ajudar em tudo o que eu puder.

Eu sei que ele está sofrendo tanto quanto eu. E apesar de qualquer coisa, ele estava tão feliz por ter seu primeiro filho! Eu falhei!

Eu senti na forma como ele falava do nosso filho, como ele o queria. Me atrevo a dizer, que mais do que eu mesma quis.

Daniela: eu quero deitar no teu colo, mas isso não vai acontecer.  Estás distante!

A distância aqui era um empecilho enorme. No momento em que mais precisei dele, do seu colo, do seu carinho ele não podia estar. E como se não bastasse, a covid-19 surgiu para atrapalhar ainda mais.

Alguns casais, tiveram a oportunidade de passar a quarentena juntos, namoraram bastante, tiveram a companhia do outro... Mas comigo não foi assim. Os meus pais nunca permitiriam que eu fosse passar a quarentena com ele. Mesmo faltando apenas 2 meses para o meu aniversário de 18 anos, eu ainda vivia sob o teto deles, e portanto devia seguir as regras lá de casa.

A História De Daniela E Dioclécio Onde histórias criam vida. Descubra agora