1. Áurea angelical e momento descoberta.

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NOAH URREA.

— Não. Definitivamente não. — Já tinha perdido a conta de quantas vezes Collin repetiu a mesma sequência de palavras em menos de uma hora.

Tirei a fita de apoio da guitarra dos meus ombros e coloquei o instrumento cuidadosamente em pé no apoio enquanto revirava os olhos, impaciente.

— Nada nunca está bom pra você. — Haley suspirou e deixou o microfone de lado, jogando-se no antigo sofá de couro da garagem. — Acho que precisamos de um tempo pra espairecer. — Ela sugeriu e todos nós concordamos, guardando os instrumentos em seus devidos lugares.

— Nos vemos amanhã? — Ryan perguntou e os outros três concordaram. Eu me mantive imóvel. — Noah? — Virei em sua direção ao ouvir meu nome ser pronunciado.

— Sim. — Respondi, simplesmente.

— Combinado, então. Traga uma de suas composições pra fazermos um teste, talvez isso possa agradar o Collin. — Samuel disse, o que fez com que todos os rostos se voltassem em minha direção, ansiosos.

— Não. — Falei, enrolando a tira da guitarra na mão direita. — Eu ainda não tenho nenhuma composição pronta e, mesmo se tivesse, não iria querer que vocês vissem.

Haley bufou e se levantou do sofá, dando alguns passos até estar próxima o suficiente do meu rosto pra que eu pudesse perceber a impaciência em seus olhos.

— Ainda nessa, Noah? Você escreve há anos e nunca deixou com que nenhum de nós visse suas composições. Se continuar assim, teremos que procurar outro guitarrista. — Quando ela terminou de falar, levantei as sobrancelhas em surpresa, mas logo voltei à minha expressão natural de descaso.

— Faça o que quiser, então. — Respondi e era verdade.

Apesar da Chump Change ser o primeiro passo para o meu sonho, eu sempre quis mais. Claro que os meus amigos eram importantes, mas ultimamente os planos na minha cabeça não eram continuar em Sunnyside por muito tempo.

— O quê? Isso é loucura, Haley. O Noah não pode e nem vai sair da banda. — Samuel interviu ao meu favor e eu sorri por dentro. — Vocês não podem esquecer que foi o tio dele que deu o dinheiro pra que a gente pudesse comprar os nossos primeiros instrumentos, ok? — O moreno lançou um olhar para mim e logo depois se voltou para a Haley. — Pega leve.

— Me desculpa, Noah. — Ela disse e lançou um olhar arrependido para mim. — Eu disse sem pensar e você sabe como eu sou, sempre impulsiva e falando o que der na telha. Não foi a minha intenção, eu não quero que você saia da banda. Tudo bem se não quiser mostrar as suas composições também.

— Está tudo bem, Haley. — Peguei a capa da minha guitarra e a prendi nas costas, já andando para fora da garagem da casa da minha amiga.

Os outros vieram logo depois e Samuel decidiu vir comigo. Pegamos nossas bicicletas ao lado do jardim cercado da casa do prefeito e seguimos o caminho para as nossas casas.

Isso mesmo, eu não tenho uma moto. Talvez seja a primeira vez que você se depara com uma história em que o cara que é considerado o badboy não tenha uma moto, mas isso é o que me faz mais único.

Eu gosto de andar de bicicleta e ela atende às minhas necessidades, e o melhor é que não polue o planeta, apesar de eu ser um tanto quanto hipócrita nessa questão, porque enquanto eu me importo em não poluir o planeta de gás carbônico, poluo o meu próprio pulmão com tabaco.

Fumar me desestressa, assim como a cerveja. Nessa parte eu atendo perfeitamente os requisitos mínimos de um badboy, mas é que enquanto a maioria das pessoas acha que a minha bebida favorita é ruim, ela é o meu próprio refúgio de toda a merda da minha vida.

SUNNYSIDE × noartOnde histórias criam vida. Descubra agora