5. Jaquetas e um par de converses.

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SINA DEINERT.

Paro o carro a alguns quarteirões antes do endereço que Noah havia escrito no papel. Até pensei em chamar Heyoon ou Sabina para me fazer companhia, mas como iria explicá-las de que iríamos a um show da Chump Change, sendo que há alguns dias eu nem sabia quem era Noah?

Dou uma última olhada em meu reflexo pelo retrovisor e peguei a minha bolsa, abrindo a porta do veículo logo depois, saltando para fora. Várias pessoas estavam andando em direção ao local, que me dei conta que era uma boate. Dois seguranças muito altos protegiam as portas de entrada e conferiam os documentos das pessoas antes de liberarem a entrada.

Conforme ia andando, sentia o vento frio bater em minhas costas nuas por conta do decote do vestido. Assim que cheguei perto de um dos seguranças, estendi o passe que Noah tinha me dado e a minha identidade, sendo liberada em pouquíssimos segundos.

— O acesso aos camarins é pela esquerda. — Ele diz e aponta para um corredor meio iluminado.

— Obrigada. — Agradeço e sigo até onde ele havia indicado, respirando fundo antes de continuar a andar.

Eu estava um pouco nervosa e receosa e pensando se essa era realmente uma boa ideia. Nesse momento eu deveria estar me preparando para me deitar em minha cama quente e confortável para ler um livro antes de dormir, mas aqui estou eu andando em direção ao camarim de Noah Urrea.

Respiro fundo ao ver o nome dele grudado em uma das portas do corredor. Já estava prestes a bater quando vi a mesma se abrir e dedos segurarem meus pulsos e me puxarem para dentro. Abafei um gritinho involuntário quando vi os olhos verdes e intensos de Noah me encarando.

— Você quase me matou de susto, sabia?

Olhei ao redor do camarim, que não era nada demais, mas estava bem iluminado e tinha uma arara com algumas jaquetas de couro de cores variadas. Em um canto, a guitarra descansava no apoio e Noah ainda estava me encarando com um sorrisinho de canto.

— Não vai dizer nada? — Indago.

— Você veio mesmo. — Dessa vez ele sorri abertamente, se sentando em um mini-sofá para amarrar os cadarços do all star.

— Você me chamou. — Respondo.

— Sim, mas é que ontem você jurou que não queria me conhecer. — O moreno ainda está sorrindo, e isso está começando a me irritar.

— Eu... é... eu vim por causa do show, não por você! — Me justifico da melhor maneira que pude, mas até eu mesma percebi que a minha resposta não fora convincente.

Noah também percebeu, porém não disse nada e eu agradeci mentalmente por isso. Quando terminou de amarrar os cadarços, se levantou em um pulo e puxou uma jaqueta amarela da arara, vestindo-a logo em seguida.

Quando ele tirou a guitarra do apoio e a pendurou nas costas, lutei para resistir ao impulso de suspirar com a visão em minha frente. Os cabelos estavam penteados para trás e ele ainda tinha aquele cheiro cítrico que inundava o pequeno espaço. Ficamos nos encarando por alguns segundos desconfortáveis antes dele andar em minha direção.

— Nesse passe você também tem direito a uma vaga no camarote. Savannah vai estar lá, então pode ficar com ela.

— E quem é Savannah? — Junto as sobrancelhas, confusa.

— É a prima de Samuel. Enfim, espero que goste do show, e saiba que depois daqui nós vamos sair. — Noah dá uma conferida no espelho e sorri, satisfeito com a própria aparência.

— Tudo bem, então eu já estou indo. — Começo a andar em direção à porta, mas o som de sua voz me interrompe.

— Ah, e antes que você vá. — Noah se aproxima de mim, dessa vez mais do que eu gostaria. — Você está linda, docinho.

SUNNYSIDE × noartOnde histórias criam vida. Descubra agora