SUNNYSIDE × noart

17. Opiniões ditas e colocações arrebatadoras.

NOAH URREA.

Estar novamente em Sunnyside era minimamente estranho. É bizarro pensar em certos momentos do passado em que você conseguia ser e agir como alguém totalmente do que é hoje em dia, e foi exatamente assim que me senti quando desci do avião e voltei à minha cidade natal.

Já diferente de mim, Savannah estava muito animada, muito mesmo, e eu nem sabia o porquê. Ela veio o voo inteiro falando sobre como era bom poder voltar às origens e visitar Sunnyside mais vezes, o que eu discordo muito. Nesse meio tempo, meu vídeo no YouTube conseguiu alcançar mais de cento e cinquenta mil visualizações e eu ganhei mais seguidores no Instagram e inscritos no canal. Bom, pelo menos um motivo verdadeiro para ficar feliz e animado.

Eu e Sav pegamos um táxi para irmos até o restaurante famoso dos Urrea e não vou mentir que eu estava sim com muitas saudades da minha mãe e do meu tio. Sunnyside podia me causar sensações ruins e me fazer lembrar de péssimos momentos, mas minha família fazia tudo valer a pena. Eu não podia ser nada sem eles, não importa o quão longe eu estivesse deles fisicamente.

— O cheirinho continua o mesmo! — Savannah exclamou assim que abrimos as portas de entrada do estabelecimento.

Eu apenas sorri e comecei a caminhar com a minha amiga em direção à cozinha e recebi os cumprimentos de alguns funcionários mais antigos, que possuíam um sorriso sincero nos rostos ao me verem. Sorri de volta para todos eles.

— Aqui é a cozinha da dona Wendy? — Perguntei quando abri a porta da cozinha e vários funcionários levantaram a cabeça e me cumprimentaram, com minha mãe vindo a passos rápidos ao mesmo tempo.

— Meu querido! — Seus olhos já estavam cheios de lágrimas e ela me abraçou forte, expressando toda a saudade que sentiu durante esses anos fora. — Eu senti tantas saudades, Noah.

— Também senti saudades, mamãe. Muitas. — Afaguei seus cabelos loiros e cheirosos, como sempre foram. Me sentia em casa naquele abraço.

Sempre enxerguei em minha mãe um porto seguro em que eu podia confiar de olhos fechados. Não havia mulher mais guerreira e valente que ela, que cuidou de mim praticamente sozinha, se não fosse pelo apoio do tio Will.

E por falar nele, não havia hora melhor para que o mesmo pudesse aparecer. Me separei da minha mãe, que foi conversar um pouco com Savannah enquanto meu tio vinha em minha direção com um sorriso de orelha a orelha.

— Olá, campeão! — Fizemos um cumprimento com as mãos e ele me deu um abraço de urso em seguida, se separando para olhar em meus olhos logo depois. — Senti saudades de você, Noah.

— Também senti saudades, tio. Mas só de vocês dois. — Respondi e ele soltou um riso animado.

— Vocês devem estar com fome. Vamos almoçar! O casamento será no final da tarde, então temos que adiantar essas entregas. — Ele disse e gritou a última parte para os funcionários que trabalhavam incessantemente na cozinha.

— Você vai para o casamento? — Minha mãe me perguntou, seus olhos mantendo alguma esperança.

— Dica de resposta: não. — Falei e ela revirou os olhos, o que me fez sorrir levemente.

— Ele vai sim, tia Wendy. Havia me prometido antes de sairmos de Los Angeles e além disso vou precisar de apoio por causa dos saltos, sabe como é, né? — Savannah respondeu e deu uma piscadela para a minha mãe, que lhe lançou um olhar cúmplice e eu quis matar a minha amiga por um momento longo até o meu tio nos chamar mais uma vez.

Andamos para uma das mesas enormes que haviam por ali e nos sentamos em um canto. Nossos pratos já haviam sido feitos e estavam fulmegantes.

— Comida havaiana! — Soou mais animado do que eu queria, mas havia muito tempo que eu não comia uma de verdade e não pude conter.