7. Falta de controle e invasão musical.

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SINA DEINERT.

Final de semestre é sempre uma merda. Eu nunca sei no que devo me concentrar e preciso correr contra o tempo para poder entregar todos os trabalhos, ler artigos, livros e leis no prazo, só que dessa vez estava mais difícil do que nunca.

Difícil porque Noah Urrea insistia em invadir meus pensamentos a todo momento, fazendo com que eu não conseguisse me concentrar em meus estudos. Estava insuportável.

Já haviam se passado três dias desde o dia em que almoçamos juntos no restaurante da família dele — que, coincidentemente, é o meu preferido — e que eu disse que queria beijá-lo. Eu ainda não acredito que disse mesmo que queria beijá-lo tão facilmente assim. Deveria não deixar tão na cara, mas quando estou perto dele não possuo controle nem mesmo sobre as minhas próprias ações.

— Vamos lá, Sina. — Respirei fundo e endireitei a postura na minha cadeira de escritório, encarando o notebook à minha frente. — Você consegue. Noah Urrea não pode impedir você de estudar.

Bebi um gole d'água e comecei a ler o artigo do começo novamente. Eu estava conseguindo entender e fazendo algumas anotações, mas pelo visto nada estava ao meu favor hoje.

Os sons dos instrumentos da Chump Change preencheram o silêncio vindos diretamente da garagem da casa vizinha. Eu sabia que eles iriam precisar ensaiar mais vezes do que nunca por causa da feira de Sunnyside, e também sabia que se eles iriam tocar foi porque eu ajudei, mas me arrependi de ter ajudado ao perceber que não iria conseguir terminar de estudar.

Fechei o notebook e levantei da cadeira, frustrada, pronta para descer até a academia afim de espairecer quando ouvi meu celular tocar em cima da cama. Fui em direção à mesma e vi o nome de Josh brilhar na tela.

— Alô? — Falei assim que apertei o botão verde da chamada.

Oi, Si. — A voz do meu amigo estava receosa do outro lado da linha. — Eu queria conversar com você pessoalmente, mas sei que está estudando.

Sim, eu estava realmente tentando, mas não estou com muita sorte. O que você quer conversar?

Bem... Eu meio que estou com alguém. — Seu receio era palpável.

— E por que está receoso?

Eu sei que nosso namoro é de fachada, mas eu não sabia como você iria reagir quando soubesse. — Eu já ia começar a me manifestar, mas ele continuou: — E outra coisa. Decidi contar a verdade às meninas. Estou com medo, Si.

Josh, esse é um passo muito importante e eu sei que você está com medo, mas as meninas te adoram e vão te aceitar do jeitinho que você é, eu tenho certeza. — O consolei. — Mas quem é o cara? Você vai nos apresentar?

Josh soltou uma risada. — Ainda não. Não é nada sério, então não quero assustá-lo fazendo coisas fora do limite ainda. Mas eu gosto dele, Si. Gosto muito.

Fiquei tão feliz com a empolgação dele que acabei contando mais do que deveria, e quando percebi já tinha saído.

— Eu também estou com alguém.

Como assim? — A surpresa ficou evidente na voz do meu amigo. — Quer dizer que você estava me traindo, Sina Deinert?

Não consegui conter a risada e mordi o lábio inferior antes de explicar melhor o que eu havia falado.

— Na verdade eu não estou com alguém, só sei que não paro de pensar nele, Josh. Já está ficando insuportável e eu não sei como parar. — Desabafei. — Nós conversamos algumas vezes e tudo entre nós é louco, mas ele me deixa maluca.

SUNNYSIDE × noartOnde histórias criam vida. Descubra agora