2. Olhos verdes e sorvetes derretidos.

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SINA DEINERT.

Uma variedade enorme de tecidos e catálogos de modelos de vestido preenchiam a sala de estar da nossa casa. Como a reeleição estava próxima, precisávamos estar preparadas para tudo, e era justamente por esse motivo que nesse momento eu, Sofya e mamãe nos encontrávamos em um dilema difícil de escolher o melhor tecido para nossos vestidos novos.

A estilista — que já trabalhava há um bom tempo para nossa família — mostrou mais algumas amostras de tecidos e apesar de já estar acostumada com toda essa pompa, ainda me surpreendia com quantos tipos poderiam existir e que eu poderia escolher qualquer um para mim. Peças únicas e desenhadas exclusivamente para o meu corpo.

— E então, meninas? Já se decidiram?
— Mamãe perguntou para mim e para Sofya.

— Ainda estou em dúvida entre esses dois. — Minha irmã segurava duas amostras de lindos tecidos com tonalidades de azul diferentes, mas todas nós sabíamos que qualquer cor que a mesma escolhesse ficaria perfeita nela. Sofya tinha essa facilidade de ficar bonita em qualquer coisa que vestisse.

— Eu já escolhi. — Respondi e a estilista lançou um sorriso em minha direção, apenas esperando eu mostrar a minha escolha da vez. — Quero esse.

A amostra de tecido em minhas mãos fez com que minha mãe soltasse um suspiro de aprovação, e eu sorri, satisfeita. O tom iria ressaltar os meus olhos, que eu nunca descobri se eram azuis ou verdes.

— Vai ficar maravilhosa, Si. — Sofya elogiou e bateu palminhas logo em seguida.

— Bom, então vamos criar um modelo de vestido para cada uma. — A estilista falou e começou a rabiscar ideias em seu bloco de desenhos.

Ela fez questão de criar modelos únicos e incríveis, visto que era um evento muito importante. De acordo com as pesquisas feitas com parte da população de Sunnyside, papai iria se reeleger com sucesso, apesar de seu concorrente também ser forte e ter apoio do povo.

Passamos cerca de mais duas horas até concluirmos a reunião do dia e pedi licença, indo em direção ao meu quarto, pois havia marcado com os meus amigos de nos encontrarmos na melhor sorveteria da cidade.

Apesar de muitas vezes Sunnyside ser tranquila, as revelações de corrupção política eram constantes, mas pararam nos últimos quatro anos desde que o meu pai se tornou o prefeito, e talvez esse seja um dos maiores motivos para o povo querer que James Deinert seja prefeito novamente. Ele nunca se meteu em escândalos políticos e todos nos viam como a família perfeita, e talvez nós fôssemos mesmo. Talvez.

Entrei no banheiro do meu quarto e enchi a banheira, jogando alguns sais de banho para que o aroma ficasse agradável antes de entrar e relaxar com a hidromassagem.

Saí cerca de dez minutos depois, puxando o ralo para cima afim de que a banheira esvaziasse, e enquanto isso enrolei uma toalha ao redor do corpo e fui até a minha bancada para secar os cabelos.

Escolhi uma roupa simples que fosse legal para sair com os amigos e fiz uma maquiagem simples, passando um gloss nos lábios para finalizar. Peguei a minha bolsa e as chaves do meu carro, que ficavam na escrivaninha.

Antes de deixar o quarto, olhei pela janela do teto ao chão para a casa de Haley e lembrei-me das vezes que ela ensaiava com os amigos e lembrei dos olhos verdes intensos de um deles e de como ele havia me encarado, mesmo sem nunca ter conversado comigo. Desde aquele dia, seu rosto vai e volta repetidas vezes na minha cabeça, mas decidi não dar muita importância.

Desci as escadas rapidamente e me despedi de Sofya e da minha mãe, que ainda estavam na sala, mas agora folheavam revistas.

Assim que pisei na garagem enorme da mansão, andei em direção ao meu carro e apertei o botão para destravá-lo. Quando sentei no banco do motorista, senti o tecido macio do assento me abraçar e suspirei. A sensação era sempre muito boa.

SUNNYSIDE × noartOnde histórias criam vida. Descubra agora