Just a look

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Lauren Jauregui contemplava o mar da janela que ocupava uma parede quase inteira do escritório antes usado por seu irmão, Chris, quando dirigia a empresa da filial de Nova Jersey. O Atlântico refletia o cinza do céu e o vento que arremessava as ondas com força contra as pedras.

Lauren suspirou profunda e silenciosamente.

Fazia três semanas.

Três longas e tensas semanas que ela precisara vir à Costa Leste para assumir o lugar do irmão que era o superintendente da cadeia de hotéis de propriedade da família. No que dizia respeito a Lauren, porém, Chris era e sempre seria o número um na escala de importância na empresa, embora a mãe reclamasse para si o título de presidente.

Um telefonema dera uma guinada em sua vida.

Ela estava em seu apartamento, em Atlanta, em companhia de uma mulher, com uma garrafa de champanhe nas mãos quando foi interrompida.

Ela se lembrava de cada momento, de cada palavra que ouvira. Ela se lembrava, inclusive, do modo como examinara o corpo curvilíneo da jovem loira conforme ela se levantou do sofá de couro preto e caminhou pelo carpete espesso e aveludado para atender. E do modo como o ar lhe faltou ao adivinhar que algo de grave havia acontecido ao vê-la crispar os lábios.

― Acho que é sua mãe, querida. Ela se identificou como Sra. Jauregui. Lauren havia chegado àquela tarde de uma viagem de um mês ao Novo México para finalizar os detalhes para a construção de uma nova filial. Estava cansada. Sabia que a mãe fazia questão de ser informada sobre tudo que dizia respeito aos negócios e ela procurava cumprir com seu papel, mas para tudo havia um limite e o mínimo que esperava era um pouco de paciência da parte dela até que ela descansasse e ligasse pela manhã.

― Olá, general! ― Lauren saudou-a como de praxe. Não podia imaginar que em vez do costumeiro risinho, a voz iria soar triste e angustiada.

― Chris sofreu um acidente, Laur. Ele foi levado para um hospital em Boston. Impossibilitada de responder devido ao choque, Lauren continuou ouvindo.― Lana me ligou há menos de dez minutos.― A voz soou ainda mais dramática. ―Ela não soube explicar como foi, mas disseram que seu irmão está muito mal.A necessidade de ação foi o que salvou Lauren de se entregar ao pânico.

― Irei para lá imediatamente, mãe.

― Encontrarei você no hospital. Michael e eu estamos de partida. Se tudo correr bem,chegaremos lá em duas horas.

― Eu também.

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O rosto de sua mãe, Clara, a impressionou.

Mortalmente pálido, revelava, pela primeira vez, cada marca dos sessenta e cinco anos vividos. A expressão de Michael não traduzia menos dor.

Nenhum dos dois se conformava com o que acontecera a Chris, mais velho de quatro irmãos.

Um folhear de papéis arrancou Lauren de seus devaneios.

Devagar, ela se virou.

Distraíra-se a tal ponto que chegara a esquecer que a assistente de Chris estava ali, sentada à escrivaninha, trabalhando. Seus cabelos longos e castanhos não impediam que Lauren lhe visse o rosto, com olhos castanhos luminosos, lábios volumosos que escondiam naquele momento um sorriso amplo de dentes alvos, ao que podia ver e já sabia , ela tinha um corpo naturalmente definido e tinha altura mediana . Poucas vezes, vira uma mulher tão linda.

Lauren tivera o cuidado de verificar a ficha da eficiente funcionária antes de viajar para o escritório de Nova York.

Camila Cabello, vinte e oito anos, solteira, formada em Administração de Empresas com pós-graduação em Hotelaria. Inicialmente ela ocupou o cargo de subgerente e depois o de gerente da filial de Pittsburg, Pensilvânia.

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