Capítulo 4 - As respostas

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Ao passo que Hedonê subia as escadas do grande templo, pessoas entravam e saiam pelas portas extensas do local, um sentimento de estranhamento apontava seu interior, confusa por aquela circulação insolente, porque havia tantas pessoas ali? Ninguém além dos sacerdotes podia entrar nesses lugares sagrados. No entanto ela ignora a multidão para observar a arquitetura vulgar daquele edifício, sua grandeza não omitia o fato de ser completamente diferente do templo no qual Hedonê recordava.

Dezoito colunas jônicas de mármore, distribuídas uma ao lado da outra, seguravam o arco de entrada retangular do templo, mais a frente grandes paredes de concreto exibiam cartazes de esculturas e novas relíquias que haviam chegado ao museu. A fachada acima da entrada ornada em mármore indicava em letras gregas douradas o templo de Apolo, porém uma inquietação na garota pulsava duvidas em relação ao lugar.

Receosa ela olha para trás, abaixo das escadarias a grande praça, por onde atravessara minutos antes, afirmava sua movimentação com vendedores ambulantes e todo tipo de gente, ora caminhando em grupos, casais ou sozinhos. Nos limites do largo, uma rua grande era torneada pelo trafego e além dela mais construções e estabelecimentos eram dispostos.

Seu estranhamento não era em vão, lembrava-se desses lugares sagrados rodeados por árvores frondosas e uma natureza acolhedora, homens reverentes adoravam Apolo em silêncio e mansidão. Por mais que se considerasse irreverente, nunca pensou que a maioria dos humanos pudessem esquecer os costumes sagrados.

Em seguida, ela adentra o lugar correndo os olhos lilases pelo saguão, a circulação de pessoas ali a surpreende e quando Hedonê tenta passar da entrada, acaba cercada por um grupo organizado de pessoas que a direcionam para outro lado do museu. Enquanto alguns olhavam atentos para aqueles objetos pequenos e pretos, outras os miravam para todo o lugar. O grupo compunha cerca de dezesseis pessoas entre adultos, idosos e poucas crianças. Hedonê assistia a eles com grande curiosidade até ser abordada por uma mulher pequena de uniforme azul, sua pele era pálida e os cabelos negros e curtos desciam lisos em um chanel elegante, os olhos puxados sorriam gentilmente e as mãos pequenas seguravam uma caderneta.

– Olá, você é nova por aqui, certo? – sua pergunta atinge em cheio Hedonê, seria uma das sacerdotes do templo? Teria previno sua vinda?

Apreensiva Hedonê apenas balança a cabeça concordando.

– Ok, os novos visitantes devem usar esses crachás – ela pega o objeto e o coloca envolta do pescoço de Hedonê que olhando para os lados percebe que outras pessoas também o usavam. Devia ser uma espécie de amuleto de proteção.

– Obrigada, eu o guardarei com zelo – ela responde fazendo uma reverencia a mulher.

O rosto da instrutora ruboriza e confusa ela repete, sem muito jeito, a reverencia de Hedonê. Não só a voz daquela garota, mas seu cheiro bagunçavam os sentidos da moça e se Hedonê não tivesse se afastado distraída, ela continuaria parada ali admirando essa menina desconhecida.

Depois de um tempo outro homem com o mesmo uniforme azul se aproxima do grupo, esse era mais jovem, seus olhos azuis carregam uma animação refrescante, os cabelos eram castanhos organizados em um topete, a postura confiante passava segurança conforme as pessoas iam se silenciando gradualmente para prestar atenção nele.

– Boa tarde, sejam bem vindos ao museu de Apolo, eu me chamo Tales e serei seu guia hoje. Como dito antes os novos visitantes precisam usar os crachás, não saiam de perto do grupo e não toquem em nada, fotos são permitidas então fiquem a vontade – ele estende os braços amistosos – Antes de desfrutarem da nossa vasta exibição eu serei encarregado de introduzir vocês à Grécia antiga, se preparem para aprender muito!

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