Capitulo 7.

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Sabina (pov):
-Tão bom te ver, minha querida!- minha avó materna, Cecília, me abraça.

-Bom ver você também, vovó! Estava com saudades- sorrio para ela. Minha avó, diferente da minha mãe, é uma pessoa maravilhosa.

-Sua enteada é uma gracinha, mas o seu namorado também é!- vovó aponta para os dois, que brincavam na piscina.

-Vovó, eu não aguento ter que mentir para você. - respiro fundo. -A júlia não é minha enteada, ela é a filha da minha melhor amiga. Estou cuidando dela junto com o pai dela, pois ela está em coma agora.

-Meu deus, Sabina! Que coragem- vovó se surpreende e senta-se no sofá. -Quem me dera ter uma amiga como você, minha linda. Tenho certeza que assim que sua amiga acordar, vai te agradecer muito.

-Não estou fazendo isso com intenções, vovó! Eu amo a Júlia e amo a Joalin também. - sento-me ao seu lado. -Elas são a minha família.

-Você tem certeza que não ama o pai da Júlia também, meu amor?- pergunta.

-Amor é uma palavra muito forte, vó! Acho que a gente está assim porque só temos um ao outro agora.

-Seus olhos não dizem isso. Deixe que o tempo sabe exatamente oque fazer, ele nunca falhou.- levanta-se e bate nos meus ombros.

-Mami- Júlia me vê e chama-me com a mão.
Levanto do sofá e sigo até a piscina, tirando o short que me cobria e entrando na água.

-Onde estava?- Bailey questiona, entregando-me a pequena.

-Conversando com a minha avó- aponto para Cecília.

-Suas primas não tiram os olhos de mim, devo me preocupar?- ele ri.

-Elas não atacam, principalmente se ficar ao meu lado o tempo todo- respondo, brincando de bater na água com Júlia.

-Você sabe que para o teatrinho funcionar a gente precisa se beijar, né?- ri malicioso.

-Porque não? Já estamos fazendo isso de vez em quando....- sorrio e beijo rapidamente o mesmo.

-Sabina! Quanto tempo, não é?- Kenzie, uma das minhas primas aparece acompanhada de sua irmã, Sarah.
As duas têm quase a mesma idade que eu, por isso fomos criadas quase grudadas. Kenzie é um ano mais velha e Sarah só tem dois meses de diferença de mim.
Entre as duas, sem dúvidas, a que mais é unida comigo é Sarah.

-Oi, meninas! - sorrio para as mesmas.

-Aí que lindinha! Posso vê-la?- Sarah aponta para Júlia e eu a entrego para ela.

-De zero a dez o quanto sua mãe infartou com a bebê?- Kenzie me entrega uma bebida e toma um gole da dela.

-Obrigada, mas não quero. Tenho uma neném para cuidar- estendo a garrafa de volta para ela.

-Ah, cadê minha Sabina e oque você fez com ela? Vamos lá, é apenas uma garrafa- empurra de volta para mim.

-Deixa que eu tomo, amor- Bailey pega a garrafa de mim, finalmente.
AMOR?
Estou simplesmente paralisada.

-Saby?- escuto a voz de Sarah. -Acho que ela está chamando você, ficou repetindo "mami".

-Vem cá, amorzinho! Obrigada Sarah- sorrio para a mesma.

-Ela é linda, parabéns aos dois- sorri de volta.

-Ela é minha enteada na verdade- beijo a bochecha de Julinha.

-Mesmo assim, continua linda- ri.

-Acho que vou levar ela para tomar um banho lá em cima, você vem comigo Bay?- sento na borda com a neném.

-Claro- Bailey nos acompanha.
[...]

-Sabina, você tem noção que acabou de colocar toda a nossa história em um penhasco?- mamãe quase grita.

Ela havia me chamado para conversar mais cedo, não que eu estivesse surpresa com essa conversa. Mas ela não consegue entender que eu já estou grandinha e sei oque fazer da minha vida.

-Você acha que eu não pensei antes de tomar a decisão de fazer gastronomia, mãe?- respondo no mesmo tom.

-Não acho, Sabina! Não acho. Você sabe direitinho como acabar com a sua vida de vez e sabe que tudo que eu queria para o seu futuro era o melhor- chega mais perto em um tom agressivo.

-Você tem noção que eu não tive escolha, caramba? - grito. -Eu precisei cuidar da Júlia, mãe! Eu não tive escolha.

-Claro que tem! Volte para casa e deixe a menina com o pai, ele vai saber cuidar dela.- alisa meu ombro, mudando drasticamente seu modo de falar.

-Qual parte do eu amo a Júlia que você ainda não entendeu? Elas são a minha única família, eles são. Eu não tenho a maldade que você tem no coração, mãe! - toco no coração dela com força.

-Pois foi essa "maldade no coração" que te deu comida na mesa por dezoito anos, te colocou na melhor escola do estado e te deu tudo do bom e do melhor, Sabina! Eu só queria que pelo menos uma vez na vida você fosse a filha que eu tentei te transformar- me olha com desprezo.

-Quando você vai entender que eu não ligo para o luxo? Tenha certeza de que se aquela criança largada com uma babá tivesse uma mãe presente e amorosa ela seria dez vezes mais a filha dos seus sonhos- não consigo conter as lágrimas. -Pode acreditar, mãe, o amor existe. E ele é incrível. Mas você nunca será capaz de sentir isso, porque aí dentro não existe.

-Não fale assim...- limpa as lágrimas dela.

-Por dezoito anos eu desejei uma só coisa no meu aniversário, uma mãe presente. Uma mãe que me amasse tanto quanto ela ama o dinheiro. E isso nunca aconteceu...

-Filha, eu dei o meu melhor. Você não foi planejada por nós, chegou de surpresa. Eu tinha planejado conquistar tudo primeiro e depois engravidar para dar atenção ao meu filho, mas não deu. Desculpa se eu te frustei. Mas você também magoa, Sabina!

-Eu magoo porque a verdade magoa, mãe! E se depender de mim, aquela criança lá fora vai ter uma mãe. Enquanto a dela não estiver aqui, eu mesma vou me encarregar de ser a mãe que ela seria. Nem que para isso eu tenha que abrir mão de tudo isso daqui

-Você sabe que precisa escolher. Se escolher eles, não volte mais. - tenta não olhar para mim.

-Eu já escolhi eles há muito tempo- saio do quarto desesperada.

-Sabina? Querida venha cá- minha avó me puxa até o sofá. -Oque aconteceu para você estar nesse estado, minha filha?

-Minha mãe, vó!- encosto no ombro dela.

-Sempre a Ale, sempre! Até quando, meu deus?- respira fundo.

-Saby? Porque você está chorando assim?- Sarah senta do meu outro lado.

-Ale- vovó responde, já fazendo Sarah entender tudo.

-Acabei de ver seu namorado e a Julinha no jardim, eles estavam brincando e me pediu para te chamar. Quando estiver bem, é claro- conclui.

-Preciso ir vê-los. Eles são a minha força, é lá que eu preciso estar- levanto e enxugo as lágrimas. -Obrigada por tudo, eu amo vocês duas. Saibam que independente de tudo, vocês serão muito bem-vindas na minha casa sempre.

No jardim a cena era de um filme, Bailey corria atrás de Julinha, que bambeava por não saber andar tão bem ainda.

-Vou pegar você, moranguinho- ele gritava para a pequena, que ria correndo.

-Eu vou pegar primeiro - corro até ela e a seguro, fazendo a mesma gargalhar.

-Ei, você estava chorando?- Bailey me olha preocupado.

-Já passou, mas podemos ir para casa agora? Só preciso falar com meu pai, pode me esperar no carro. As meninas estão arrumando as coisas para nós.

-Claro. Vem cá, bonitinha- pega Julinha de mim e a leva para se despedir da minha avó.

Não vai ser fácil, mas nada na vida é....

While you're gone - sabiley. Onde histórias criam vida. Descubra agora