Capitulo 12.

79 9 0
                                    

Sabina (pov):
-Vamos, Ju! Vamos acabar atrasando assim- chamo Julia pela quarta vez para irmos ver Joalin. Depois daquela conversa com Johanna, decidimos que agora eu, o Bailey e a Júlia teríamos alguns horários para vê-la e o resto Johanna ficaria lá.
Achei melhor assim para evitar mais discussões, igualmente a Dona Jolie.

-A gente tem que ir mesmo?- pergunta manhosa.

-Claro que sim, meu amor! Precisamos ver a sua mãe. Ela sente a nossa falta- explico.

-Sente nada! Ela nem sabe que a gente ta lá, ué- faz bico.

-Júlia, porque isso agora? Você sempre gostou de ir lá ver sua mãe- sento-me na cama dela, tentando entender a cena.

-Só não tô afim hoje, mamãe!- bufa.

-E se a gente for e depois tomar um sorvete lá na lanchonete do hospital?- pergunto animada.

-Pode ser então- assente mais animada. -O Andrew vai tá lá, né?- assinto e ela sai comigo, finalmente.
[...]
-Você sabia que agora a Júlia já faz prova na escola, mamãe?- falo para Joalin. -Fala pra ela, Ju! Conta suas novidades.

-Não tem nenhuma não, pode conversar com ela que eu vou desenhar ali no canto- desce da cama e vai para a mesa do quarto de Lin.

-Ela tá assim hoje, mas deve ser birra. Ela sempre gostou de vir te ver- pego na mão dela. -Acredita que iremos fazer a comida da festa de um famoso? Pois é, Lin. Estamos chiques!- rio.
-E ontem eu comprei um presente pra você, um pijaminha lindo! A sua cara! Vou mandar a enfermeira colocar depois, tá bom?

-Mamãe, a gente pode ir agora?- Júlia pergunta entediada.

-Vou levar ela, depois voltamos. Te amo, fica bem!- beijo a cabeça dela devagar.
Julia deixa um beijo em sua bochecha e me acompanha até a saída do quarto.

-Ah, vocês ainda estão aqui- Johanna faz cara de abuso.

-Já estamos indo- respondo sem dar muita atenção.

-Não vai falar com a sua avó, Júlia?- pergunta para a pequena. Ótimo dia, Johanna!

-Não- responde.

-Júlia...- repreendo.

-Impressionante! Olha o tamanho da lavagem cerebral dessa pobre menina. Meu Deus!- respira fundo.

-Com licença, Johanna mas nós precisamos ir- pego na mão de Júlia.

-Vão e nunca mais voltem. Quero minha filha longe de pessoas assim!- anda até o quarto de Joalin e me recomponho para seguir com Júlia.
[...]
"E adivinha, logo hoje, encontramos a sua mãe na saída do hospital. Como esperado, veio me julgar, falar que estou te traindo e roubei tudo que era seu... O Andrew estava de plantão, viu a cena e foi até lá conversar comigo, enquanto a Júlia tomava o seu sorvete, eu sempre soube que o Andrew era muito especial mas ele tem sido tão incrível, que as vezes chego a pensar porque não nos aproximamos logo no começo.
Eu não vejo a hora de poder te contar tudo isso pessoalmente, te amo tanto."

-Sabia que você estaria aqui- Bailey sai do quarto de Júlia e me vê escrevendo no escritório.

-Onde mais eu estaria?- rio.

-Pela sua carinha, tá com mais saudade dela do que nunca. Acertei?- pergunta se aproximando e cheirando a curva do meu pescoço.

-Em cheio. Não sei até quando vou aguentar, Bay! É um vazio muito estranho- deixo lágrimas caírem.

-Ei! Eu prometi que iria cuidar de você, não foi?- assinto leve. -Eu sei que é difícil, princesa. Mas a eu estou aqui, nós estamos aqui.

-Eu sei, eu sei. - enxugo as lágrimas. -Mas é diferente...

-Vem cá- me puxa e me abraça apertado, aquele abraço era um lugar seguro para mim.

-E se ela nunca mais acordar, Bay?- pergunto chorosa.

-Sabina, você nunca disse isso. O Andrew te disse alguma cosia?- pergunta assustado.

-Não- soluço. -É que já passaram seis anos. Eu tenho medo de ficar esperando tanto e ela nunca acordar!

-Não fale isso, meu amor! - me envolve mais ainda no abraço. -Ela vai sair dessa e vocês vão voltar a ser as melhores amigas mais grudadas que eu conheço.

-Tomara Bailey, tomara. Porque eu te juro que não aguento mais esse mar de incertezas- enxugo as lágrimas novamente. -É a pior sensação de solidão do mundo.

-Eu vou cuidar de você, eu te prometo- beija o tipo da minha cabeça.

-Você já vem fazendo isso há seis anos, May!- tento sorrir para ele.

-E farei isso a vida toda se for preciso. Vocês duas são, literalmente, tudo oque eu tenho- alisa minha bochecha, me fazendo fechar os olhos de leve pelo seu toque.

O nosso relacionamento era assim, basicamente o cuidado. Ele foi baseado nisso, na verdade. Foi pelo cuidado e amor com a Júlia que construímos juntos uma amizade sincera, que virou amor depois de muito tempo. Temos uma relação madura, sem ciúmes bobo ou algo do tipo.
[...]
-Voltei aqui hoje, mas sem a Júlia para poder conversar com você sozinha- deito na cama ao lado de Joalin.
-Ontem eu percebi que na minha fantasia, você acordara amanhã. E isso está me fazendo sofrer, Lin! Eu crio ilusões sobre tudo e depois me cai a ficha que já faz seis anos. - encosto nossas cabeças de lado.

-Não que eu tenha perdido as esperanças, você é a pessoa mais forte que eu conheço. Com certeza, você vai superar todas as expectativas desses médicos que não acreditam mais. Sabe oque eu percebi também?
Que eu criei muuuuitas amigas depois do acidente, mas nenhuma foi como você. Nós somos mais que amigas. Somos irmãs.

Beijo o topo de sua cabeça.

-Vou te contar sobre algumas. Tem a Sina, minha parceira do buffet que você já sabe. Ela é incrível! É muito linda também, você precisava ver. O sonho da vida dela é ter um filho, mas o marido dela, Noah, que a Ju tanto ama sente que não é a hora ainda, acredita?! Ah, também tem a Savannah. Essa daí eu conheci através da Sina, elas são irmãs, ela também é um amor. Mas tem vinte anos ainda, oque não diz nada, porque ela é a pessoa mais inteligente que eu conheço.- seguro a mão dela - Será que você, nem que seja de longe, me escuta?

Fico intrigada com isso, e mesmo sabendo que pode me tirar expectativas, decido fazer oque quero há um tempo.

-Lin, se você estiver me ouvindo agora, aperta minha mão - sinto um leve apertão e tomo um susto. -Aperta de novo, loirinha- e assim ela faz, novamente.

Levanto da cama correndo e chamo Andrew, que anotava algo em sua prancheta no corredor do hospital.

-Andrew, você não vai acreditar! Ela apertou minha mão, apertou duas vezes quando eu pedi - falo eufórica para ele.

-Sabina, sem querer tirar sua felicidade, mas podem ser espasmos. Lembra que ela já apertou de leve sua mão algumas vezes?- sobe o olho da prancheta para mim.

-Dessa vez foi diferente, juro! Eu pedi e ela apertou, depois pedi de novo e ela apertou de novo. Ela está me ouvindo- chamo ele para ver e o mesmo me segue. -Lin, aperta minha mão. Só uma vez

Nada...

-Lin? A mão, aperta ela. Você consegue- repito.

Nada...

-Espasmos confundem mesmo! Preciso realmente ir agora, depois volto aqui para vê-la- Andrew se despede.
Eu não estou louca! Ela apertou e eu tenho certeza.

While you're gone - sabiley. Onde histórias criam vida. Descubra agora