Capitulo 2.

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Sabina (pov):
E agora, oque eu farei? Literalmente, eu tenho uma vida nas mãos. Sem Joalin aqui, Júlia teria que ficar na minha responsabilidade. Tudo bem que eu sei cuidar de uma criança e já fiquei várias vezes com ela sozinha, mas cuidar todos os dias sozinha é mil vezes mais complexo. A única coisa que eu tenho certeza é que eu precisarei fazer isso.

-Sabina, oque faremos?- Dona Jolie alisa meus cabelos.

-Eu vou cuidar da Júlia. Isso é a única coisa que eu sei.- respondo com certeza.

-Minha querida, você tem certeza que pode fazer isso sozinha?- pergunta cuidadosa. -Eu sei que não temos muitas opções, afinal eu não tenho a menor condição de criar a Julinha. Mas preciso que você tenha certeza que pode.

-Eu vou dar o meu jeito, pode deixar! A Joalin, mesmo de brincadeira, sempre me pediu que se qualquer coisa que acontecesse com ela eu não deixasse Júlia longe de mim. - sorrio ao lembrar desses momentos.

-Sabina, eu vou te perguntar algo e preciso que você seja muito sincera comigo. - respira fundo. -Você sabe que a sua amiga nunca foi de me esconder nada, mas se há algo que ela jamais me contou foi quem é o pai da Júlia. Por acaso você sabe quem é?

-Não! Ela sempre falou que o pai dela iria querer a Júlia para ele e não me contou nunca. A única coisa que sei é que há uma caixa no quarto dela com a primeira certidão da Ju, que continha o nome dele. Depois ela modificou e tirou. - respondo.

-Você sabe onde está essa caixa? - assinto. -Agora, mais do que nunca, você precisa de ajuda dele. Por favor, quando for buscar as coisas delas em casa veja isso para mim. Vai ser para o bem do nosso anjinho mais precioso. Ela precisa de nós.

-Tudo bem...- não tenho muita certeza disso. Se Joalin nunca contou, ela tem motivos para isso...
[...]

-Você sabe que eu não quero fazer isso, né?!- desabafo para Joalin, segurando sua mão. Essa era a primeira visita que os médicos deixaram fazer para ela. Já se passavam da oito da noite. Não sei se me acostumarei a ver ela assim, incomunicável. -Eu sei que você tem seus motivos para não contar quem é. Afinal, a Júlia é igualzinha a você, nem tem como advinhar pelos caras que você já ficou.

Deito com delicadeza ao seu lado, dando um beijinho na bochecha rosada dela. Joalin estava muito mais machucada que Júlia.

-Eu te prometi que vou cuidar dela, e é isso que vou fazer. Como? Eu também não sei. Mas vou dar um jeito. Eu prometo que vou. - aninho a mão dela.
- Sabia que eu tinha sonhado noite passada que a gente levava a jujuba para a Disney pela primeira vez? Você precisa acordar pra tornar ele real. Pode descansar um pouquinho, mas não demora. Eu não suportaria a vida sem você.

Percebo que estou chorando e enxugo as lágrimas, não posso chorar na frente dela. Pelo menos, ainda não. Preciso ser forte!

-Na hora que o médico falou que o seu coma poderia ser eterno, eu quase entrei em um também. Você é a minha mãe, minha filha, minha amiga e irmã tudo ao mesmo tempo, sabia? Hoje, vindo para o hospital, me passou um filme na cabeça. Eu ainda não tinha certeza que eram vocês, mas vim pensando em toda a nossa amizade e no quão importante você é para mim. Não vai embora, não me deixa Lin! Eu te amo e amo a Júlia. Vocês são a minha família. Agora eu vou lá me despedir da nossa neném e amanhã eu volto para ver vocês. - dou um beijo na bochecha dela e saio do quarto, com um aperto no coração de ver a mesma assim.
[...]
De volta em casa, dessa vez sozinha. Me parte o coração ver isso tudo tão vazio sem as duas aqui.
Subo direto para o quarto de Julinha, o meu ambiente favorito da casa. Tudo ali tinha o seu cheiro, e no berço estava seu ursinho favorito. O "senhor branquinho", apelido dado por Joalin, foi o meu primeiro presente para ela.

Pego o ursinho e levo para o meu quarto, deitando na cama e me agarrando a ele. Dormir era a minha última opção no momento. Com um pouco, me lembro do pedido de Dona Jolie. Eu teria realmente que fazê-lo? Eu prometi, né?!

Levanto da cama e sigo até o quarto de Joalin, logo avistando a caixa no mesmo lugar de sempre. Era uma caixa normal, de plástico com o nome "Júlia" em cima escrito de caneta permanente para identificar. Sento-me no chão e trago a peça mais para perto, abrindo sem pressa alguma. No fundo dela, estava a primeira certidão da pequena, com o nome do pai.
Meu coração palpita mais forte ao tocar no documento. Leio atentamente tudo escrito ali.... Bailey May? O nosso vizinho galã era o pai da Júlia?
Esse, com certeza, nunca seria um da lista de palpites para ser o pai dela.

Não penso duas vezes antes de descer as escadas, com o documento nas mãos, é claro e ligar para a avó dela. Que também ficou supresa com a informação. Agora sim, eu entendo o porquê da minha amiga não querer contar.
Bailey poderia ser qualquer coisa, menos um homem compromissado. A sua fama era de pegador da cidade. E agora, era o meu dever contar para o mesmo que a criança que morava ao lado da casa dele era sua filha.

Falando nele, agora mesmo ele estava saindo com o seu carro "encanta garota" para provavelmente alguma balada aqui perto. Bailey estudou comigo na escola, oque me faz ter ainda mais preconceito sobre ele. Foram dezessete anos tendo que lidar com seus comentários desagradáveis sobre mim. Mas burra eu nunca fui, então nunca me rebaixei ao nível dele. Para mim, garotos precisam aprender a não nos tratar como mais uma na vida deles!

Saio dos pensamentos ao ver seu carro sair da garagem e levanto para fazer um chá. Amanhã a Julinha vai ter alta e preciso tentar descansar, a partir de amanhã minha vida não será mais a mesma.

While you're gone - sabiley. Onde histórias criam vida. Descubra agora