Capítulo 13

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Ester reconheceu a voz de seu colega de trabalho, Gregório, mesmo por baixo da roupa de proteção biológica.
- Há dias procuro por você. - disse Gregório com a voz mecanizada que saía de seu traje. - O que houve porque você desapareceu assim?
- É muito complicado Gregório. - respondeu a virologista olhando os outros dois homens que acompanhavam o seu amigo. Ambos usando o mesmo traje.
Gregório notou o desconforto de Ester e tomou a iniciativa de despachar os dois homens para a próxima casa apesar dos argumentos contra.
Após a saída do militar e do técnico de laboratório. Gregório retirou a máscara e desligou o filtro de sua roupa. Uma atitude nunca aconselhada para uma situação de epidemia.
Ele tinha os cabelos castanhos cortados ao estilo militar. Olhos da mesma cor adornados por um rosto triangular.
- Agora você me dirá o que está havendo? - perguntou ele encarando os três homens atrás de Ester.
- Melhor você não saber amigo, mas me diga o que aconteceu e o que a Sporus está fazendo? Gregório começou a contar tudo. Falou da madrugada em que recebera o telefonema do diretor. Do contágio ocorrido no aeroporto e de como a praga matava rápido. Mas somente quando ele falou que a Sporus havia iniciado o Protocolo Domus é que Ester deu se conta da real gravidade da epidemia.
- O que é o Protocolo Domus? - indagou Refain.
- É o conjunto de procedimentos adotados pela Sporus em caso de epidemia. Só havia sido testado em simulações. Consiste em isolar a cidade, ou seja, ninguém entra ninguém sai. Depois os que não tiverem sido infectados são removidos para uma área de segurança no interior da Sporus e de lá são transportados para fora da cidade. Os que estiverem infectados são levados para o subsolo onde testes e cuidados médicos são feitos. - respondeu Gregório que só agora prestava uma melhor atenção nos três homens que estavam em pé atrás de sua amiga de trabalho.
- E quem são vocês? - quis saber Gregório.
- São meus amigos e podem nos ajudar a enfrentar essa crise. - respondeu Ester.
- Ajudar como? - perguntou Gregório sentando em frente à Ester.
- Um conhecido nosso é o responsável pelo o que está acontecendo - falou Miguel - e acredito que suas ciências sejam inúteis.
- Se vocês sabem quem é o responsável devemos ir o quanto antes a polícia. - disse Gregório tentando se lembrar de onde conhecia aquele homem.
- Não é tão simples assim. Mesmo se vocês chamassem as forças armadas não poderiam detê-los. - disse Izacael.
- Então pelo menos vamos ao laboratório. - respondeu o Dr. Gregório olhando para Ester. - Lá poderemos pensar em uma estratégia para impedir que o vírus saía os limites da cidade. E seus amigos podem vim também. Assim poderemos achar uma solução para essa crise.
Ester e os anjos se entre olharam ponderando sobre essa possibilidade.
Refain, Miguel e Izacael seguiram o Dr. Gregório e Ester até um caminhão branco com carroceria de lona. O Dr. Gregório pediu para que eles parassem enquanto falava com um dos soldados de vigília. O soldado olhou para os quatro e acenou para que se aproximassem dando a cada um crachás com chips acoplados neles. Ester conhecia muito bem o procedimento. Os crachás serviam para identificar que eles estavam limpos e que seriam removidos para a Zona Verde no interior da Sporus.
Meia hora depois o caminhão entrava no largo pátio da Sporus, mas ao invés de seguir para a Zona Verde ele seguiu em direção ao quarto prédio.
Um soldado parou o veículo pedindo ao motorista os papeis de autorização. Certificou que tudo estava em ordem e fez sinal para o outro soldado que estava na guarita. Quando a cancela subiu, o caminhão seguiu até um grande elevador de carga.
- Estamos descendo ao Hades. É um laboratório no sub solo para momentos como esse. - disse Ester aos anjos.
Após sair, o caminhão seguiu ainda por uns 200 metros até parar ao lado de outros cinco que estavam estacionado. Izacael pode ver que a garagem era separada do restante do prédio por uma parede de concreto e vidro.
O Hades era uma construção gigantesca de aço e concreto. Em seu interior era possível por cinco campos de futebol incluindo os locais para os espectadores. A cada instante um novo grupo de doentes chegava e eram logo acomodados em quartos.
- Não se preocupem. Estamos seguros essas paredes servem como isolamento, mas teremos que nos descontaminar e usar roupas de proteção biológica. Sigam - me. - disse Gregório caminhando em direção a uma porta de metal que dava a um corredor onde a ala de descontaminação ficava
Ester entrou em uma das salas e os anjos em outra. Gregório fechou a porta da sala onde os anjos estavam e rapidamente enfiou a mão no bolso da calça e tirou uma pedra vermelha junto com um pedaço de papel riscou no chão os símbolos escritos no papel. Está feito. Pensou ele com as mãos tremulas.
- Bom trabalho Dr.
Gregório virou - se e fitou o homem alto e musculoso que se aproximava acompanhado de outro que apesar de menor parecia muito mais perigoso.
- Fiz o que me mandou. Agora cure minha esposa e filha. - suplicou Gregório.
- Devia saber Dr. que demônios não curam ninguém - disse o grandalhão.
- Seu desgraçado mentiroso. - Gregório correu em direção dos dois, mas sentiu o soco no estomago e depois no rosto desferido pelo grandalhão.
A dor fez o Dr. Gregório cair no chão desmaiado.
No interior da sala, Izacael ouviu o som de algo caindo no chão. Ao se aproximar da porta, viu pela pequena janela de vidro ao lado do inerte corpo do Dr. Gregório. Olhando em sua direção com um sorriso no rosto Askalon e Lúcifer.

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⏰ Última atualização: May 23, 2016 ⏰

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