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Tia Irene se sentou de frente para Chaeyoung na mesa de chá.

- Bem, minha querida. Preciso dizer que esta foi uma tarde das mais
surpreendentes.

Chaeyoung não podia negar isso. Ela mergulhou a colher no elixir e ficou desenhando, o número oito na bebida fermentada. O encontro com a Capitã Kim Jisoo a tinha deixado com vertigem.

Eu vim para me casar com você,
a Capitã disse. E, como resposta, o que ela disse? Ela a recusou com seu sarcasmo mordaz? Esfrangalhou o sorriso irônico da Capitã com sua
sagacidade? Mandou-o de volta para o pôr do sol jurando nunca mais incomodar uma inglesa/neozelandesa incauta em sua casa? Rá. Não, é claro que não. Ela só ficou parada ali, imóvel como uma pedra e duas vezes mais estúpida, até que sua tia voltou trazendo o elixir.

Eu vi para casar com você.

Chaeyoung pôs a culpa na educação
que recebeu. Toda filha de cavalheiro era criada para acreditar que essas palavras quando faladas por uma cavalheira ou cavalheiro razoavelmente atraente
e bem-intencionado eram sua chave para a felicidade. Casamento, ela aprendeu ao longo de centenas de chás com outras jovens e mulheres, deveria ser seu desejo, seu objetivo... a verdadeira razão de sua existência.

Essa lição estava tão arraigada que Chaeyoung chegou mesmo a sentir um arrepio imbecil de felicidade quando Jisoo declarou sua intenção absurda. Uma vozinha dentro dela ficava pulando e tentando animá-la. Você conseguiu! Enfim, alguém quer se
casar com você. Sente-se, ela disse à vozinha. E fique quieta.
Ela se recusava a definir seu valor como pessoa com base em um pedido de casamento. Muito menos aquele, que não era um pedido, mas uma ameaça feita por uma mulher que não era uma cavalheira, não estava bem-intencionada e era atraente em uma escala muito mais que razoável.

- Eu nunca sonhei que isso fosse possível. - Chaeyoung desenhava, sem parar, círculos com sua colher na tigela. De novo e de novo.

- Não posso imaginar como foi
que aconteceu.

— Eu também estou aturdida, é claro. Essa coisa de voltar dos mortos é um choque e tanto, sem dúvida. Mais que isso, até... - A tia apoiou o queixo no dorso da mão e olhou pela janela para o pátio.

- Dê uma olhada nessa mulher

Chaeyoung seguiu o olhar da tia.
A Capitã Kim Jisoo estava no centro do gramado dando ordens para o pequeno grupo de soldados sob seu comando.
Os homens tinham trazido seus cavalos para dentro dos muros do castelo para receberem comida, água e abrigo durante a noite. Eles manifestaram a intenção de acampar ali depois de cuidar dos animais. Estavam praticamente fixando residência.
Bom Deus. Como foi que aquilo tinha acontecido? Do mesmo modo que sempre aconteceu com tudo, Chaeyoung disse para si mesma...
Por culpa dela. Park tinha cometido um erro anos atrás, do mesmo modo que uma criança faz uma bola de neve. Começou com uma coisa pequena, controlável, parecendo inocente.
Cabia na palma de sua mão. Então, a bola de neve rolou para longe dela e caiu na encosta de uma montanha.
Dali em diante, tudo fugiu ao seu controle. As mentiras ganharam corpo e velocidade, ficando cada vez maiores. E não importava o quanto ela
tenha corrido atrás da bola, Chaeyoung nunca conseguiu alcançá-la.

— E pensar que minha pequena Park, com apenas 16 aninhos, agarrou aquela espécime gloriosa. E eu aqui pensando que você só pegava conchas do mar. - Tia Irene brincava com seu bracelete.

— Eu sei que você nos contou muita coisa do sua capitã, mas pensei que estivesse exagerando as qualidades dela. Agora me parece que você foi humilde, na verdade. Se fosse trinta anos mais nova, eu iria...

— Tia Irene, por favor!

—  Agora eu entendo por que você não quis se casar com mais ninguém esse tempo todo. Uma mulher como essa estraga todas as outras para um homem. Eu sei muito bem como é. Foi o mesmo caso entre mim e o Conde de Montclair. Ah, reviver a primavera
em Versalhes.  — Ela olhou de novo para Chaeyoung.

A Noiva da Capitã | ChaesooOnde histórias criam vida. Descubra agora