O conto de origem, Mãe Maya

1.8K 360 120
                                    


Quando Mãe Maya desceu dos céus rumo à terra, abusou de todo seu poder, a fim de lhe criar companhias. Assim foi criado as 4 grandes matilhas, cada uma com sua funcionalidade no intuito do mundo prevalecer em harmonia. Assemelhou-se fisicamente a suas criações e por muito tempo presenciou o amor envolta de si, vivendo como eles em seus clãs.

Mas eis que um sentimento obscuro começou a crescer no coração de suas crias, tornando-as egoístas, traidoras e invejosas. Nunca soube a origem desse mal, afinal de si só vinha coisas boas. Tentou lutar contra, mas não era onipotente.

Maya era amor, e desesperada, sacrificou sua forma humana a fim de acabar com as feridas de suas criações.

Mas não foi o suficiente...

E agora Maya, a mãe de todos, encontrava-se como um espírito, em um plano maior, conseguindo assumir sua versão humana apenas uma noite a cada inverno.

Suas crias a apelidaram de Lua de prata, já que o astro refletia esse tom como um alerta que a Deusa estava para surgir junto dos seus.

Mas Maya já não reconhecia todas as matilhas como suas criações, e por consequência ela nunca mais ousou aparecer em nenhuma delas.

Com seu ausentar chegou as pragas, a escassez e a fome; causando mais ódio, rancor, inveja dentre outros sentimentos negativos no coração dos mundanos.

Alguns híbridos, com os corações regados de ódio, culparam os betas por tal ato da Deusa:

Não possuem lobos internos! São amaldiçoados! Mãe Maya os condena!

E assim, foi criada a lei de exílio, onde os betas, ao serem revelados, deveriam ser abandonados para além das muralhas, condenados a uma vida de sofrimento e solidão como mereciam!

Outros clãs, ainda mais rígidos, condenavam-os a uma morte sofrida e humilhante, usando-os em rituais para tentar atrair a Deusa.
Algo que sempre fracassou, pois amor não era sinônimo de sacrifício, dor ou violência, mas os híbridos mundanos já estavam corrompidos de mais para entender.

Mãe Maya se sentia impotente. Ela derramava lágrimas ao ver o ódio semeando a mente e o coração daqueles que deveriam carregar sua marca... O amor.

Mas jamais foi capaz de puni-los.

Amava-os tanto, que nunca seria capaz de os fazer mal, mesmo que eles tivessem se rebelado! Foi quando um sopro de vento, seu amigo de longa data, sussurrou em seu ouvido uma ideia...

Uma profecia cara amiga...

Foi então que Maya teve uma epifania, e usando seu agora limitado poder, fez das palavras de seu amigo uma profecia, e do topo de uma montanha, abençoou a flora e a fauna local, rodeando o espaço com uma vedação transparente, onde apenas os honrosos teriam acesso.

Um refúgio. Um lugar seguro para aqueles de coração puro como suas primeiras criações. Um povo fiel e acima disso, amoroso, que usaria da justiça para vingar vossa mãe.

Hiraeth...

Hiraeth, o conto dos exilados  | JIKOOK | hiatus Onde histórias criam vida. Descubra agora