À tua espera [TaeGi]

07

O pequeno hospital estava cheio de pessoas feridas. O prédio em que Yoongi trabalhava não foi o único a ser destruído e o número de feridos cresceu a ponto de não ter mais lugar para tratá-los adequadamente. Yoongi caminhou pelos corredores, observando os feridos, o coração pesado pelo que via. Havia pessoas deitadas no chão, sem proteção nenhuma. Muitos machucados eram graves e não tinha médicos o suficiente para atender a todos.

Seu alívio era saber que Jimin estava em um quarto, recuperando-se de seus machucados. Estava ali há horas, ele mesmo tendo sido tratado e medicado. Para a sua sorte, os médicos deixaram-no livre, porque estava consciente e suas feridas não eram tão graves quanto as dos outros.

Caminhou até o fim do corredor, a escada aparecendo em sua visão. Subiu os degraus para o primeiro andar e procurou pela porta do quarto de Jimin, cômodo em que passou as últimas dezesseis horas, atento a cada reação dolorosa do amigo, ainda que ele estivesse sedado.

Ainda estava na ambulância, acompanhando o trabalho dos bombeiros, quando encontraram Jimin. Seu corpo estava cheio de escoriações e queimaduras e Yoongi conseguiu ver que seu braço direito estava em um ângulo estranho. Jimin estava desacordado, assim como muitos outros sobreviventes. Quis correr até ele, pedir que o deixassem ajudá-los, mas só iria atrapalhar. Além do mais, estava sobre o aviso de ser sedado, então tudo que pôde fazer foi se deixar levar pelo desespero de ver seu amigo inconsciente, recebendo os primeiros socorros.

Felizmente, Jimin foi trazido para a ambulância em que estavam. Com cuidado, seu corpo foi colocado na maca que estava no interior da ambulância e Yoongi se encolheu no canto, temeroso de que incomodasse os enfermeiros e fosse expulso dali. A enfermeira que o atendeu permitiu que ele ficasse com Jimin, quando leu em suas expressões que ele o conhecia.

Assim que Yoongi recebeu a permissão para ser levado para o hospital junto com Jimin, relaxou, mesmo sob tantos gritos e tumulto fora do veículo. Pegou a mão do outro e a envolveu, deixando um leve selar sobre ela. Deixou-se chorar, felicidade e tristeza confundindo-o. Jimin estava vivo, mas não saberia dizer se estava bem e isso era o que mais o angustiava. Franziu o cenho quando uma rápida expressão dolorosa passou por seu rosto e o observou atentamente, mas nada mais foi visto no rosto de Jimin. Yoongi ajeitou os cabelos do amigo e intensificou o aperto em sua mão, negando-se a se deixar abalar pelas queimaduras expostas.

Quando a ambulância deixou o local, Yoongi se sentiu mais esperançoso de que seu amigo ficaria bem, mas ao chegar no hospital e ver a confusão em seu interior, temeu. Agora, ali no quarto, vendo Jimin descansar, pensou no quão grave foram os seus machucados ou ele não estaria ali e sim com os outros, nos corredores.

Sentou-se na poltrona e se recostou no estofado macio. Seu corpo doía e Yoongi fechou os olhos por um momento, a dormência por já estar sentindo dor há tantas horas o deixando letárgico. Queria poder ir garantir se o carteiro e sua esposa estavam bem, mas não queria deixar Jimin ali sozinho.

Suspirou desgastado. Em um espaço de três anos, sua vida deixou a rotina pacata com seu noivo para se transformar em uma constante luta pela sobrevivência e dignidade. Teve seu noivo tirado de si, viu pessoas serem mortas e violentadas, ele próprio sendo uma delas. Acompanhou Jimin sucumbindo à tristeza por ter perdido seu namorado. Tudo porque os grandes líderes eram ambiciosos demais e queriam dominar o mundo em que viviam.

Ouviu um gemido e abriu os olhos assustado, Jimin estava se remexendo na cama. Levantou-se e foi até sua cama, segurando a mão dele com cuidado, por causa da queimadura no pulso. A médica deixou claro que ele não poderia fazer nada, apenas controlar o corpo de Jimin, caso ele tivesse alucinações muito fortes por causa da dor. Eles não tinham equipamento suficiente, então a morfina seria ministrada aos poucos. Ela o aconselhou a tentar controlar Jimin, mas se não conseguisse era para gritar por ajuda.