Poemas com P de problemáticos

2. Que faço sobre meu ser?

Ninguém fala sobre a pressão de ser você.

Isso mesmo, o que antes era simples, só ser, agora é motivo de crises de choro que duram largas horas.

Sempre aprendendo mais sobre tudo ao meu redor, menos sobre mim.

Que medo sem sentido de se conhecer e logo se decepcionar com o que sou.

Já não há mais certezas nesse quarto, as paredes antes pintadas de uma cor adorada por mim, no momento são nada.

Desconfio de todas as minhas decisões, desconfio de mim, será que sou mesmo assim?

Tão insegura, tão inútil, tão cheia de medos e poréns que jamais se calam.

De um tempo pra cá, ando muda, com anseio de falar e logo me arrepender de ter dito.

E se eu for insuficiente pra tudo, que faço sobre meu ser?

O espelho tem sido meu maior inimigo, quem é essa que carrega meu nome e os mesmos amigos, mas que não é um terço do que eu queria ser?

Tem sido impossível não pensar em mim e no quanto eu sou ruim.

Queria saber porquê minha mente é tão cruel assim.

Talvez eu a tenha criado assim, pra me julgar no primeiro erro, na primeira tentativa falha e dessa forma ela segue fazendo, como eu bem ensinei.

Disse que ia ser mais gentil, mentira dela.

Vai ser gentil com os outros, como a mãe ensinou.

Com ela, vai ser sempre rude e firme.

Por mais que essa firmeza a nada leve, em nada resulte.

Nunca vai mudar.

Sempre vai chorar.

Mas, nunca, nunca vai parar de ser juíza de sua própria vida, abominadora de seus próprios atos, desprezadora de si mesma e claro, gentil demais com quem não deveria ser.