58. Admiradora.

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Sou uma admiradora de coisas reais.

Gosto de ver a chuva que cai do céu em dia de verão.

Gosto de ver o casal que briga por um motivo tão bobo, mas que ainda sim ultilizam palavras tão bruscas um com o outro.

Gosto de ver as árvores balançando e se deixando desfazer pelo céu em um outono meio mórbido e cruel.

Penso na moça que vi chorando hoje mais cedo na rua, seria ela frágil ou insegura?

E o homem com suas olheiras tão profundas, o motivo seriam as longas manhãs de segunda?

De contraste, lembro-me do garoto dando uma flor a menina, que sorri de forma leve e linda.

Dos pais que sorriem ao levantar o pequeno menininho que logo logo cresceria. E então teria vergonha de comentar em voz alta sobre o acontecido, mas em seu íntimo daria falta de como inocente e bobo havia sido.

Das flores que brotam em meio as calçadas, em meio ao caos da cidade tão movimentada.

E então, me encontro frente a frente com a única realidade que ainda não consigo admirar e muito menos gostar.

Em uma galeria de memórias, encontro o meu reflexo.

Pobre eu.

Tão real

e tão não admirada

por mim mesma.

Poemas com P de problemáticosOnde histórias criam vida. Descubra agora