Capítulo 3

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Aquela noite não consegui pregar o olho, fiquei sentada no sofá velando o sono de Jennie e degustando uma garrafa de conhaque apurada.

Tirei meu terninho e a camisa que usava, fiquei apenas com a calça desabotoada e sutiã de renda.

Eu tinha o olhar fixo em um canto qualquer, minha mente estava levemente bagunçada.

Por mais que eu diga que não, não suporto a idéia de ter alguém interessada em me pegar, em me prender, até mesmo em me matar. Eu quero fazer da vida dessa policial um inferno, até ela cansar e pedir demissão. Irei te assombrar todos os dias, me tornarei sua sombra Lalisa.

— Onde você foi? – Ouvi a voz sonolenta de Jennie.

— Só fui dar uma volta. – Respondi seco, com a voz arrastada pelo álcool no organismo.

Ela sentou no sofá, ajeitou o cabelo e fez um rabo de cavalo.

— Você aprontou o que?

— Nada Jen, você não confia em mim?

— Isso é pergunta que se faça Chaeyoung? Óbvio que não!

Enchi mais um copo com conhaque, o dia estava amanhecendo e a garrafa estava secando.

— Para de beber feito uma alcoólatra! – Ela levantou do sofá, tomou o copo da minha mão e virou na boca dela.

Que abusada!

— Vem levanta, vou te dar um banho, está horrível!

Tentei levantar do sofá, mas acabei caindo para trás novamente.

— Francamente Roseanne!

Jennie segurou minha mão e me ajudou a levantar do sofá, eu estava realmente bêbada, estava aos tropeços.

Por que diabos eu bebi tanto?

Jennie passou a cabeça por baixo do meu braço, eu estava literalmente sendo carregada por ela, se ela saísse do meu lado eu iria cair com a cara no chão.

Chegamos no quarto, Jennie desabotoou meu sutiã e retirou, depois ajoelhou tirou meu sapato, meias e baixou minha calça.

Por mais intimidade que eu e Jennie tenhamos nunca rolou nada entre nós. Ela cuida de mim, eu cuido dela, ela tem a mim e eu tenho a ela, sem nenhum interesse sexual, somos uma irmandade.

Fui com ajuda dela para o banheiro usando apenas uma calcinha preta de um tecido quase transparente. Meu corpo parece ter tomado um susto com a água gelada caindo no meu corpo, balancei minha cabeça seguidas vezes acordando do efeito do álcool.

— Não vai mesmo me falar para onde foi? – Insistiu a garota a minha frente.

Meu queixo tremia pelo frio.

— Fui até a casa da policial.

Ela levantou uma sobrancelha para mim.

— Que policial?

— A Manoban...

Jennie jogou shampoo no meu cabelo e ela mesmo esfregou, a espuma acabou caindo um pouco no meu olho. A delicadeza dela é encantadora.

— O que inferno você foi fazer lá sua desajuizada? – Ela esfregava minha cabeça com uma força desnecessária.

— Levei um presentinho para ela. Faz isso mais devagar Jennie, isso é uma cabeça.

— Rosé você está mexendo ainda mais no que já está bagunçando! Você sabe a grande bola de neve que está enfiada, e quanto mais você está atolada até os cabelos, mais você quer entrar!

— Eu não vou parar Jennie!

— Deveria parar enquanto pode, sabe que a polícia está no seu rastro, mais cedo ou mais tarde vão acabar sabendo sua identidade.

— Vou fazer de tudo para que isso não aconteça, vou continuar sendo uma cidadã Coreana comum.

Jennie levantou meu rosto fez com quem nossos olhares se encontrasse, ela tirou alguns fios do meu cabelo molhado, que estava colado no meu rosto.

— Você é tudo que eu tenho Rosé, eu te amo e quero o seu bem. Temos que tentar driblar nossa escuridão, e encontrar alguém que nos mostre uma luz. – Baixei minha cabeça, mas logo a garota levantou novamente. — Vamos recomeçar nossas vidas? Você tem toda a herança dos seus pais, vamos embora, viver em um outro país, esquecer essa vida de merda que levamos. Nunca vamos descobrir o que aconteceu com seus pais, precisamos nos reencontrar. – Concluiu Jennie.

— Vamos apenas concluir a nossa última investigação, se o senhora Kang não for responsável pela morte deles, eu prometo que vamos embora.

Jennie balançou a cabeça em afirmação.

— E vai ficar longe dessa policial!– Fiquei em silêncio. — Rosé prometa que vai ficar longe dela! – Continuei em silêncio. — Por que Roseanne Park?

— Eu não vou mata-la, apenas assusta-la...

Respondi quase inaudível.

— Nunca pegou no pé de nenhum policial e você sabe que tem milhares deles atrás de você.

Jennie colocou sabonete líquido na minha mão, eu passei por todo meu corpo.

— Só achei interessante Jennie, quero conhecê-la pessoalmente.

— É o efeito do álcool no seu corpo, não é possível, vá dormir um pouco.

Terminei de me enxaguar, estava me sentindo menos tonta, fui com um pouco de dificuldade até a pia para escovar os dentes. Jennie fechou a porta do box do banheiro e foi tomar banho também.

— Rosé onde você passa esse barbeador?  – Jennie gritou de lá um tempo depois.

— Não vai se depilar com meu barbeador Jennie!

— Vou sim, minha axila tá horrível!

— Jennie! Eu passo no cu, tem certeza que vai passar na axila?

Mentira, eu só faço a axila com ele, minha depilação íntima é a laser. 

— Eca Roseanne! Como tu depila o cu com barbeador? Não se corta?

Eu comecei a rir com a boca cheia de creme dental.

Ouvi Jennie bater o barbeador na parede. Sério mesmo que ela tá usando meu barbeador, essa vadia safada?

— Jennie sua vaca!

— Deixe de surto Rosé, é só uns pelinhos.

Revirei meus olhos para ela. Folgada.

Tirei a calcinha molhada e já coloquei na máquina para lavar, junto de outras roupas que estavam sujas, inclusive as de Jennie que ela tinha jogado para o lado de fora do box.

Fui para meu quarto, vesti uma roupa confortável, peguei uma para Jennie também e deixei em cima do balcão da pia.

Deitei na minha cama e já fui fechando os olhos.

O álcool realmente me pegou dessa vez, já estou até esperando acordar com uma bela ressaca.

(.) (.)

The angel of Death Onde histórias criam vida. Descubra agora